Antonio Nunes de Souza*
Geralmente,
quando temos uma decepção, principalmente amorosa, e estamos entre vinte cinco
a trinta anos, achamos que o mundo totalmente desabou em nossa cabeça, e com
certeza, acabou-se nossa alegria para o resto da vida. Essa é, verdadeiramente,
a sensação que sentimos de imediato, e muitas vezes, chega a ser prolongada,
causando uma verdadeira merda a nossa vontade de viver. Ou seja: ficamos
completamente sem esperanças, como se jamais pudéssemos voltar a ser feliz!
A
minha explanação acima não tem nada de exagero, pois, seguramente, todos nós já
tivemos essa sensação, sendo uns com mais intensidade e outros menos, sendo
que, com o sexo feminino é muito mais acentuada!
E
foi o que aconteceu comigo. Sou professora e estou beirando os trinta, e era
noiva há cinco anos (entre namoro e noivado), já tendo todas as intimidades como
um casal, inclusive muitas experiências sexuais, faltando apenas morarmos
juntos, para nos considerarmos casados. Aí, Mendonça meu noivo, conheceu uma
moça que foi trabalhar em sua empresa e, rapidamente, se apaixonou por ela e,
com menos de um mês de romance às escondidas, terminou comigo, ainda dizendo,
cinicamente, que estava amando outra pessoa!
Isso
para mim foi uma tragédia, não só porque o amava, como também, achei uma puta
traição pelos carinhos e prazeres que eu lhe proporcionei por vários anos!
Na
maior tristeza, com o astral nas pequenininhas, imaginei que minha vida tinha
acabado sentimentalmente e, como minha família é muito católica, resolvi ir
para um convento e ser freira, Como eu era independente, minha família
concordou e eu fui para uma Congregação de Irmãs Sacramentinas, e como já era
formada em pedagogia, seria mais fácil para mim enfrentar as rigorosas lições
de liturgias e religiosidades!
Com
um ano já foi credenciada de noviça para minha ordenação, minha família veio
para a celebração, todos felizes, porém, em parte eu ainda estava meio
ressentida e sempre me lembrava das boas e agradáveis relações sexuais do
passado!
Como
dizem que o diabo sempre provoca tentações em nossas vidas, desta feita ele me
escolheu. Aconteceu que chegou um novo Frade Capuchinho, pois, o velhinho do
convento havia morrido, e ele era bonito, forte, simpático, bom pregador que,
logo me bateu algo, passando a olha-lo mais longamente e, que Deus me perdoe,
comecei a dar sorrisos, puxar conversas, dando uma bandeira sem limites, porém,
eu sentia que ele estava gostando da coisa!
Não
demorou dois meses desse flerte, religiosamente escondido, uma noite Frei
Fernando, de pontinha de pés foi para meu quarto, deitou-se em minha cama e,
sem dó nem piedade, fez comigo o que o povo diz: “Uma putaria Franciscana!” Eu
sedenta e já conhecia os prazeres nas experiências passadas, e ele demonstrou
que não era somente bom na religião, era também muito bom de cama. Eu gozava e
ao mesmo tempo pedia perdão a Deus. Ele dizia amém e mexa mais irmã. E eu não
contava conversa e mandava ver!
O
resultado é que hoje, 25 anos depois, sou a Madre Superiora da Congregação,
Frei Fernando continua no convento, somos amantes tranquilos, pois, se as Irmãs
sabem, fingem não saber, e eu e Nando somos bastante felizes. Imagino até que,
se tivesse me casado com meu antigo noivo, não seria tão feliz como agora.
Somente as vezes sinto falta de um filho, mas, tem a escola que leciono no
convento que tem centenas de crianças, que me dão alegria bastante!
Perdi
um amor profano e ganhei um santificado. Muitas vezes encontramos a nossa
felicidade em lugares e ocasiões totalmente inesperadas. Procure a sua que pode
estar em sua frente e você cega, perdendo a oportunidade de ser feliz!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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