Antonio Nunes de Souza*
Senti
hoje, bem fortemente no peito, uma saudade incomensurável de tudo que passei na
vida. Não só dos momentos felizes e brilhantes, como também aqueles terríveis e
assombrosos, que me ensinaram os caminhos certos, através de linhas tortas!
Esse
sentimento, que doe e magoa o corpo e a alma, mas, em muitos e muitos momentos,
nos faz sorrir de felicidade, revivendo cenas e comportamentos dos mais alegres
e felizes que passamos, vivenciamos e se fixaram essa nossa memória,
tornando–se inesquecíveis!
Saudade
de nossa infância sadia, alegre e cheia de encantos, uma juventude cheia de
sonhos e teimosias, a loucura para chegar a puberdade e avançar o tempo para
tornar-se adulto. Nas nossas cabeças, quando chegássemos a idade adulta, tudo
seria diferente, ganharíamos a liberdade de ir e vir, não ter que dar
satisfações, casar, ter filhos e viver com liberdade!
Aí,
quando você alcança o patamar de adulto, começa a perceber que as coisas são
diferentes, pois, tem que trabalhar, providenciar sua subsistência, família é
coisa séria e tem despesas esperadas e inesperadas, filhos são lindos e
maravilhosos, porém, dão muitas despesas e trabalhos, e que percebemos tudo que
pensávamos erroneamente no passado, tomamos um grande banho de água fria, dando
a maior saudade e uma vontade enorme de voltar a ser criança!
Mas...infelizmente
não é mais possível, temos mesmo é que encarar uma realidade cheia de
decepções, aborrecimentos, sacrifícios e lutas desiguais. Aprender e se adaptar
a um mundo bem diferente daquele que vivenciamos com tantos dengos, chamegos,
carinhos e liberdades, que já começa solicitando que matemos um leão por dia
para malmente sobrevivermos, e se infelizmente não tivermos estudado para
adquirir uma formação, a caçada passa a ser de um leão por hora, numa selva
perigosa e cheia de armadilhas!
Com
essas minhas saudosas queridas recordações (até certo ponto), me fez,
inteligentemente, chegar à conclusão que nossa vida tem apenas e exatamente
nove meses, que é o período da gestação, onde vivemos, aconchegados e bem
protegidos e alimentados nos deliciosos ventres maternos. Pois, a parti da hora
que colocamos a cabeça para fora no parto, começamos a morrer e não viver como
todos pensam!
Uma
vez que, com sofrimentos, doenças, acidentes de percursos, dificuldades em
muitas coisas básicas, debilitações corpóreas, aborrecimentos, traições e total
insegurança, obviamente chegamos ao fim da morte com todas características das
crianças que fomos no dia do nosso enganado “nascimento”, que, sinceramente,
deveria chamar-se “morremento”
Não
sei se me fiz entender bem, mas, relendo e raciocinando, verá que tem bastante
sentido, alguém dizer com segurança e muito orgulho, que viveu os mais
maravilhosos nove meses de vida, e que, por muita sorte passei cem anos
morrendo, e sempre driblando ela, consegui ter muitos momentos de alegrias e
felicidades!
Partindo
desse prisma, que tem bastante lógica, creio que o nosso período de morte,
poderia tranquilamente alcançar muitíssimos mais anos, se nossos
comportamentais fossem mais sensatos e corretos, uma vez que, comemos bastante
com gulodice em vez de apenas nos alimentarmos, fumamos e bebemos em demasia, perdemos
noites de sono, só vamos ao médico quando sentimos dores, quando deveríamos
fazer exames periódicos, além de outros descuidos que, se fossem seguidos à
risca, juro que nossa morte teria que ficar uns duzentos anos nos esperando.
Mas infelizmente, quem tem dinheiro que pode fazer as coisas certas, são os que
mais se desgastam em suas nababescas festas e farras, e os pobres, coitados,
dão graças a Deus terem condições mínimas de “sobremorrerem” com suas sessenta
a setenta anos, graças os desprezos públicos dispensados à eles!!
Seja
qual for a forma que você encare essa analogia, tenho certeza que, assim como
eu, sempre é pegado distraidamente por uma grande e “saudosa” saudade!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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