Antonio Nunes de Souza*
Acordar, sentar-se em frente ao computador, abrir a tela para escrever algo sem que nada tenha na mente é um maravilhoso desafio para um escritor que, honrosamente, tenho me batido e me saído relativamente bem. Ou, pelo menos, fazendo algo que dá para o gasto!
Ao chegar ao fim desse preâmbulo desafiador, já surgiu a ideia de falar sobre o feriado de 2 de julho (Vou logo colocar o título), Independência da Bahia que, de conformidade das conveniências das leis e administradores, foi comemorado ontem, sem festejos, apenas para oferecer um fim de semana, já conhecido como feriadão que, literalmente, só atende aos abastados e ricos que tem suas casas nas cidades praianas, seus carrões e podem se deslocar da quarentena urbana, usufruindo, três ou quatro dias de liberdade. Pois, o coitado do povo, com feriado ou feriadão, tem que ficar dentro de suas casas e barracos, cantando a música de Raul Seixas: “...esperando a morte chegar!”
Lamento muito essa absurda situação, principalmente como ex morador de 20 anos em meu querido Santo Amaro da Purificação, conhecedor profundo das litorâneas cidades do recôncavo (Saubara, Itapema, Cabussú, Bom Jesus dos pobres, Acupe, etc.), saía acompanhando centenas de baianas, grupos de samba de roda com seus afiados músicos. Indo todos para Cachoeira e São Felix, onde a festa tem suas raízes e, magistralmente, depois dos desgastados discursos, foguetórios e a missa solene, o couro comia solto, com a tranquilidade já convencionada em nossa cultura de festas, por mais religiosas que sejam, as partes profanas tem seu grande espaço, que dá um lindo colorido de alegria aos turistas e aos nativos!
Já sambei muito deslizando sorrateiramente os meus pés, dei meus remelexos no corpo, além jogar capoeira nas rodas de berimbau, demonstrando minhas habilidades aprendidas com o grandioso Mestre Bimba!
Grupos de índios, verdadeiros e falsos, fazem parte do evento, uma vez que, essa etnia, ajudou na nossa independência.
Depois que fui para faculdade e fiz licenciatura em História, para ampliar mais meus conhecimentos, pois, me ajudariam com a literatura, pude aprender mais amiúde sobre esse evento de grande significação não só para a Bahia, como para o Brasil!
Amanhã domingo e, consequentemente, os privilegiados SÓ VOLTARÃO AS SUAS QUARENTENAS NA SEGUNDA FEIRA! E os pobres ficaram, ou ficarão em suas malocas, sofrendo apavorados e comendo o pão que o diabo amassou!
Infelizmente, mesmo com essa independência, nosso povo ainda vive sob uma nublada escravidão e uma brilhante discriminação, juntamente com uma bruta falta de solidariedade!
Apesar disso tudo, temos que gritar: SALVE DOIS DE JULHO!
*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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