domingo, 5 de julho de 2020

MARIA CRISTINA!

Antonio Nunes de Souza*

Maria Cristina, moça bonita, charmosa, corpo sarado por natureza, sensual como toda baiana e, para completar esse currículo, era bem safadinha e adorava aventuras amorosas de tal forma, que terminou sendo apelidada de “celular”, que é uma coisa boa que todo mundo tem a hora que deseja e vive em todas as mãos!
Ela de tão pecaminosa, não dava. Se oferecia! Na sua comunidade, bairro de classe média, só quem não tinha comido Cris, como era tratada, foi um cara chamado Pedro, mas, somente porque ele era gay!
Pensa que ela era infeliz? Coisa nenhuma meu amigo. Ela adorava essa vida, não fazia segredos, apenas para sua mãe, dona Valdete uma exímia costureira, que era viúva!
Havia na turma do bairro uma rapaz chamado Túlio, filho do dono de uma boa oficina que, por ser bonito e atlético, como também grande “transador”, sempre pegava escondido um dos veículos que estavam para conserto, e prontamente colocava Cris ao seu lado indo para lugares desertos, afim de não pagarem motel e, sem dó nem piedade, no banco de trás faziam suas maiores diabruras sexuais, já que ela era uma exímia professora nessa arte!

Mas, como tudo que se faz fora dos padrões normais e éticos, termina um dia acontecendo a “casa cair”, como dizem os policiais. Túlio uma noite, pegou um carro último modelo, para fazer pose para Cris, foi busca-la para seu já conhecido passeio/bordel, saindo já bastante excitado como de costume, porém, mais excitado por estar dirigindo um veículo especial.
Foram para o lugar de costume, se acomodaram na parte de trás e, como sempre, o coro comeu em todas as variedades e orifícios possíveis. Cris Celular não se fazia de rogada. Se retorcia toda de dar e receber prazeres!

Na volta, abraçados e trocando carícias, por infelicidade, um caminhão caçamba carregado de pedras capotou na pista indo de encontro ao carro de Túlio e, para desespero geral, ele faleceu na hora entre as ferragens e ela, lamentavelmente, foi levada para um hospital gravemente ferida!

Resultado: Cris Celular ficou paraplégica, o pai de Túlio com prejuízos grandes, dona Valdete triste e amargurada!

Passados vários anos, fui fazer uma visita ao meu antigo bairro e me encontrei com um dos meus amigos e perguntei: Por onde anda aquela moça, Cris Celular, do acidente com Túlio?
Ele me puxou pelo braço e me apontou na esquina. Ela estava numa cadeira de roda com uma banquinha de jogo de bicho em sua frente e vendendo chips para telefones. Sinceramente, fiquei com a maior pena, mas, meu amigo me disse: Rapaz ela, mesmo do jeito que está ainda é o melhor boquete da comunidade. Tecla nos ovos com as mãos e fala para ninguém botar defeito. Ela disse que “jamais estará fora de área”!
Dei uma boa risada, voltei para meu carro e me dirigi para o centro, imaginando as coisas dessa VIDA LOUCA que vivemos!

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com


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