Antonio Nunes de Souza*
Como todas as
pessoas, também tenho minhas opiniões a respeito da vida e da morte, mesmo
sabendo que sempre estaremos entrando em choque com alguém, pois, ninguém é
dono da verdade absoluta. Somente os idiotas não mudam de opinião com o passar
do tempo, depois de absorver novas informações e vivenciar fatos que nos provam
que a realidade é outra. Ser mutante é sinal de inteligência!
Tempos atrás fiz
um poema onde expressei que a vida é curta, começa na penetração do
espermatozóide e tem a duração de apenas nove meses, que é o período da
gestação e está se criando no ventre um ser vivo, uma nova pessoa, um abençoado
que conta com a proteção envolvente de um corpo materno que, com amor,
acompanha e zela toda sua trajetória de
vida.
Passado esse
período, quando colocamos a cabeça no mundo exterior, seguramente, começamos a
morrer num processo lento, com durações diversas. Pois, simplesmente, cada dia
que passa na vida (?), nós na verdade, estamos morrendo. Lógico que,
paradoxalmente, estamos vivendo a nossa morte, uma vez que a passagem dos dias nos
aproxima dela gradativamente, até que se apodere totalmente e encerre nosso
ciclo.
Se você fizer
uma analogia simplista e romântica, achará que minha teoria é louca e
simplória, porém, refletindo com a frieza necessária e lógica, verá que tem um
sentido não só justo como profundo, pois, acredito piamente que devemos viver
essa trajetória da morte com muitas alegrias, satisfações, prazeres e,
principalmente, administrando tudo isso com sabedoria, pois a morte não tem
período de validade, como a vida que, lamentavelmente, são apenas nove meses.
Se formos espertos e cuidadosos poderemos ampliá-la por muito mais tempo, já
que a preocupação dela é nos debilitar progressivamente. Somente ainda não
conseguimos eterniza-la, mas, os cientistas estão trabalhando para ampliar cada
vez mais sua duração. Ver mortes centenárias hoje não é mais uma grande novidade!
Tinha prometido
a mim mesmo que não voltaria a esse assunto por ser muito polêmico, pouco
entendida e choca completamente com tudo que aprendemos no passado sobre o que é
a vida e o que é a morte. Contudo, vendo o filme “O estranho caso de Benjamin
Button”, que achei genial a visão fantástica do criador do texto, deu-me
vontade de retornar ao assunto, apenas para enfatizar uma realidade clara e
objetiva.
Imagine como
seria genial se nascêssemos velhos, já com todas as nossas debilidades
inerentes a terceira idade, fossemos cuidados carinhosamente para irmos
suplantando todas as complicações salutares, nos restabelecendo e
rejuvenescendo tranquilamente, começando a desfrutar da vida e nos tornando
cada dia mais capazes e fortes, vivendo primeiro essa fase triste e
desagradável de doenças, discriminações e rejeições e, a cada dia, desfrutar de
momentos novos e maravilhosos, com a certeza que amanhã estaremos mais jovens,
bonitos, sadios e amados.
Essa regressão
fantástica e, infelizmente, ainda inviável, nos faria bem mais felizes, pois,
nossa dita morte chegaria quando estivéssemos num colo com todo aconchego, sem
a consciência de nada que ocorreu ou ocorrerá e sem as dores e saudades que
hoje sentimos quando estamos velhos e percebemos que chegou a nossa hora de
partir.
Pense como seria
maravilhoso alguém morrer cheio de saúde, robusto, querido e ter vivido e
atravessado em torno de um século?
Tudo isso parece
uma loucura que bate de frente com todos os padrões científicos e religiosos,
mas, com a ciência todos os dias fazendo novas pesquisas (clones, DNAs,
espermatozóides genéricos, inseminações artificiais, etc.), nada é impossível
de acontecer nessa Vida Louca!
Minha esperança
é que se esse processo for acontecer que seja logo para que eu pegue essa bendita
regressão, reviver ou remorrer (não sei como dizer ao certo), curtindo
tranquilamente uma nova oportunidade e morrer mamando nos braços de uma mulher!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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