Antonio Nunes
de Souza*
Nada é mais tolo que o
amor! Digo isso porque não existe sentimento que deixe as pessoas mais
idiotizadas do que ele. Você já percebeu como, a partir da hora que imaginamos
estar amando, transformamos completamente nosso comportamento e nosso modo de
vida?
Não
acredita? Então vejamos: Quando nos
idiotizamos pelo feitiço chamado amor, logo achamos que a pessoa amada é a mais
linda do mundo, seus olhinhos vesgos são tentadores, suas perninhas finas e
cambotas são lindamente sensuais, sua falta de educação é espontânea e sua
barriguinha é sexy e charmosa. Sem falar no seu andarzinho
de orangotango que, para os apaixonados, é de uma elegância maravilhosa,
somente vista nas passarelas da vida. E, quem ousar dizer ao contrário, claro
que é por despeito ou dor de cotovelo. Pois, com certeza, meu gato ou gata é a
coisa mais linda e maravilhosa das criaturas.
E nem tudo
foi citado, pois se considerarmos aquele hálito de bebida ou cigarro (ou ambos)
já pela manhã, ao bafo de chulé quando ele ou ela acorda, podemos até perdoar a
sua “cheirosinha” catinga debaixo dos braços.
E as
grosserias constantes que o nosso amorzinho faz? Claro que somos nós que o provocamos.
Idiotamente, sempre nos sentimos culpados de tudo de desagradável que acontece.
Nossa “paixão” está sempre com a razão.
Também não é
tão ruim assim, puxa vida! Na cama, ah! Na cama ele (a) é maravilhoso. Um
verdadeiro tesão! Esse negócio de gozar logo e me deixar na mão, lógico que a
culpa é minha. Quem mandou eu mexer e ser gostoso (a)? Eu devia ter mais cautela e saber controlar a
situação. Também não acho nada demais, quando ele (a) goza e vira para o lado
para dormir, e eu sair na pontinha dos pés, ir ao banheiro me masturbar.
Coitadinho (a), o pobrezinho (a) está cansado e não devo abusar do bichinho (a).
Preciso é deixar de ser assanhado (a) e ter mais cautela. Quem não sabe que na
esfregação preliminar pode-se gozar logo? E também não tem nada demais ter
ejaculação ou orgasmo precoce! Dá até certo charme ele (a) gozar logo e me
deixar na mão. O fato é que eu não sei fazer a coisa direito. Isso me dá um
ódio mortal, pois, na maioria das vezes, eu termino com um prazer descompassado
que não é o ideal, mas, agradei o meu amor. E não é que esse ritual sempre
acontece? Meu castigo é ficar tateando com a mão lá embaixo para recolocar as
coisas nos lugares, que ficam escorregadios em função da meleira.
Esse negócio
dele (a) preferir estar com os amigos ou amigas eventualmente, não é nada
demais! O que é que tem? Também sou muito exigente, o bichinho (a) precisa ter
sua liberdade. Ficar parecendo um policial, querendo seguir todos os seus
passos, assim não dá.
E, se nessa
liberdade ele (a) sair com alguém, puxa! Claro que foi porque deram em cima
dele (a). Jamais procuraria aventuras. Meu amor é honestíssimo! Me ama
loucamente! As pessoas é que são vagabundas e atrevidas ou então a realidade é
que eu não estou dando conta do recado (acho que preciso melhorar e ser mais
subserviente).
Assim é que
pensa e procede uma pessoa apaixonada. Sempre se anulando, caindo numa ridícula
rotina e, um belo dia quando passa o entusiasmo, percebe a cagada que deu e
continua dando, vendo claramente a merda que tem ao seu lado (e as vezes nem
tem), e quanto tempo perdeu por causa da cegueira do idiota do tal amor (?).
Sendo pior quando passa por todas essas situações citadas e outras mais
ridículas, com seu amor ou paixão repartido (conscientemente) com outros e sua
amada diz, individualmente, aos tolos envolvidos que eles são as pessoas
importantes da sua vida. Aí está criada a situação mais inusitada e ridícula
que possa existir: Você passa a ser o enganador (a) e o enganado (a) ao mesmo
tempo. Que no popular seria: Dando e recebendo corno!
Os
inteligentes pulam fora demonstrando ter o mínimo de amor próprio e partem pra
outra, já com mais experiência pra não cometer as mesmas bobagens, convicção
que os interesses e esforços têm que ser os mesmos de ambos os lados. E os deveres
e direitos iguais em todas as situações.
Se esse tal
amor (?) existe tem que ser usado para posições de respeito, considerações,
afetividade. Por que se esconder numa redoma que somente um é beneficiado? Uma
prova cabal de egoísmo e esperteza para enganar e manipular duas pessoas ao
mesmo tempo, deixando ambas conformadas, lastreando seus sofrimentos de
esperanças numa lama de mentiras e oportunismo. É como alguém que tem dois
carros, sendo um embrutecido para estradas rurais e outro mais confortável e
melhor equipado para passeios gostosos eventuais. A pessoa usa ambos, mas, para
cada um tem sua hora de desejo. O importante é ter ambos a disposição,
prontinhos para lhe dar prazer!
Lógico que
reconheço a existência de relacionamentos sem os defeitos acima citados, porém
existem outros até bem piores, que a cegueira nos faz enxergar da maneira que
nos dá maiores prazeres e nos convém, principalmente naqueles momentos de
ilusões e euforias. O fato é que o amor (?), além de abstrato, jamais será
perfeito. O que devemos é ser bastante frios com esse terrível e dominador
sentimento abstrato, para termos a clareza mental de não nos entregar de corpo
e alma a alguém, até que tenhamos pelo menos um pouco de certeza sobre até que
ponto estamos sendo usados para sermos descartados, ou realmente o nosso
parceiro ou parceira merece a nossa especial atenção. Olhe-se no espelho e veja
quanto você está sendo um fraco colocando-se na posição de “step”, servindo de
eventuais socorros para seu parceiro (a) e de bobo para seus amigos e a
sociedade em que vive!
Para provar
que o amor idiotiza completamente o ser humano, lembro-me daquela célebre frase
por demais conhecida: “O amor é a coisa mais linda do mundo!” Seguramente, quem
falou isso pela primeira vez deve ter sido um grande idiota totalmente
apaixonado, que hoje deve estar arrependidíssimo da bobagem que disse e, com
certeza, influenciou muita gente a proceder desta estranha e tola forma de
vida.
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário