segunda-feira, 15 de março de 2021

É PRECISO SABER VIVER!

 

Antonio Nunes de Souza*

Conviver com uma série de problemas, mesmo numa cidade pequena, ou porte médio é, relativamente, normal. Mas, quando esses problemas extrapolam chegando ao absurdo, passamos a enfrentar as situações num verdadeiro estado de pânico e terror, nos causando sensações físicas e psíquicas muitas vezes irreparáveis!

Mesmo com as restrições da endemia, fiscalizações, solicitações, etc., continuamos passivos das desgastantes situações, que passarei a explicitar em seguida!

Dentre os problemas enfrentados, podemos destacar, sem que seja pela ordem de importância (pois todos são importantíssimos), a poluição sonora com centenas de carros desfilando pelas ruas disputando suas capacidades de decibéis anunciando comerciais e eventos artísticos. Visualmente somos massacrados com cartazes, faixas, outdoor, pichações, placas, etc., colocados em todos os lugares vagos e até usando os monumentos públicos como apoio. Os ataques de rapazes e moças em todas as ruas, avenidas e esquinas nos entregando quase a pulso seus panfletos e folders sugerindo visita, ao ponto de você andando apenas um quarteirão, chegar ao destino com vários quilos de papel, inclusive andar num mar de papel amassado, ou picado, provocado por aqueles que recebem e, logo em seguida, rasgam e jogam nas calçadas como se fosse um ato normalíssimo.

Enfrentar o trânsito, tanto na condição de transeunte como motorista, os riscos são, infelizmente, iguais. No primeiro caso o perigo é assustador, pois, além de você ter que ficar super atento com os carros, que parecem que ficam nas esquinas esperando a gente colocar o pé na faixa, para correr e nos atropelar. Ainda temos os famigerados e irresponsáveis motoqueiros, ou motociclistas como eles gostam que chamem que, sem a mínima cerimônia, invadem os sinais, saem fazendo zig-zags no meio dos carros, muitas vezes quebrando os espelhos retrovisores, seguindo sem dar a menor satisfação. No segundo caso, geralmente o trânsito está lento, ruas esburacadas, semáforos com defeito, motoristas grosseiros buzinando e xingando, pedintes invadindo pelas janelas, flanelinha lavando com uma água imunda seu para-brisa, meninos vendendo bombons, ou chicletes, deixando você tenso e assustado, mesmo fechados os vidros a imagem de fora é assustadora. E, ao chegar ao seu destino, se foi andando chega como mais um sobrevivente, pois, conseguiu cruzar com tudo isso e chegar inteiro e consciente. Mas, se você caiu na bobagem, ou necessidade de ir de carro e nada lhe aconteceu, prepare-se para enfrentar a falta de vagas para estacionar, ter que lidar com um mal encarado homem que se acha o dono da rua, que, além de cobrar uma barbaridade pelo seu serviço (?), coloca seu carro em locais proibidos, alegando que não haverá problemas. Isso depois de você dar algumas voltas nos quarteirões até surgir uma dessas grotescas vagas!

Já se sentindo bastante aliviado por ter chegado ao banco, tenta entrar três vezes e é travado pela porta automática (uma por causa de celular, outra por uma penca de chaves e a terceira pela fivela do cinto). Lógico que isso lhe deixa P da vida e lhe tira o humor, se é que você ainda cultiva algum!

Com a cabeça girando como uma maçaneta e o coração palpitando mais do que uma pipoqueira, você entra numa grande fila do caixa, rezando para não se contaminar, ou que não apareça uma quadrilha atirando e pegue seu dinheiro antes de você receber seu comprovante de depósito, pois, somente assim você não será prejudicado. Isso se tiver a sorte grande de não ser atingido por uma bala perdida, ou o ladrão não querer apenas testar o revólver novo dando uns tiros em seu corpo. Geralmente eles preferem nas cabeças. Entretanto, se você foi sacar alguma quantia, sua tranqüilidade nem de longe começou, pois, estará passivo de uma “saidinha bancária”, daquelas que hoje eles nem titubeiam em lhe arrancar qualquer quantia, não importando quanto e, para não lhe deixar zangado e triste, preferem matá-lo com uma carga de balas como se tivessem lhe fazendo um favor!

Aí, depois de duas horas e atravessar todos esses problemas sem que nada tenha lhe acontecido, volta e encontra seu veículo com uma multa presa no limpador e ninguém tomando conta. Não se zangue não meu filho, agradeça a Deus o carro não ter sido roubado. Então, começa a volta para casa, enfrentando os mesmos problemas da vinda, encontrando nesse retorno alguns malabaristas nos sinais também querendo alguma grana. Chega ao seu edifício, abre o portão automático, entra, pára em sua vaga e sobe o elevador com cautela, pois, mesmo com o silêncio existente, quem sabe se não está havendo um arrastão nos andares?

Com essa situação precária e horrível, precisamos, novamente, aprender a viver, respeitando uns aos outros e dando atenções aos valores antigos, conquistados através do tempo. Precisamos entender que esses comportamentos não são benéficos para ninguém e, literalmente, todos sofremos com as consequências!

Lógico, claro e evidente, vale salientar que, com todas essas dramáticas situações, ainda temos que usar máscara, álcool em gel e distanciamento para evitar uma fatídica contaminação da coronavírus!

Presumo que, uma rigorosa e eficaz aplicação na educação, seja a solução para que tenhamos uma melhor qualidade de vida!

Sem sombras de dúvidas: É PRECISO SABER VIVER!

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL- antoniomanteiga.blogspot.com–antoniodaagral26@hotmail.com

 

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