Antonio Nunes de Souza*
Embora pareça uma pergunta tola, ela é tão complexa quanto um teorema
de Pitágoras ou uma equação onde só existem letras e todos os números estão
passivos de descobertas.
Eu não acho nada disso!
Essa é a expressão que será dita imediatamente, por todos aqueles que
têm e seguem uma diretriz simplista, onde a rotulação carimbada na maioria das
mentes é que a vida é algo maravilhoso, uma dádiva divina, a essência do
universo, o amor pelas pessoas, etc., etc, qualificando-a como a maior das
coisas que o Criador nos abençoou.
Sabe que poderia ser tudo isso?
Ou talvez seja realmente tudo isso, recheada de nuances subreptícias
que vamos descobrindo ao longo do tempo, nos deixando surpresos e nos
provocando reações das mais diversas, possíveis e impossíveis como: Alegrias,
tristezas, desilusões, saudades, felicidades, sofrimentos, amarguras e,
principalmente, decepções totalmente inesperadas, que nos fragilizam tanto,
fazendo com que queiramos até acabar com ela, na ilusão que é a única solução
sensata ou a que restou. Aliás, muitos recorrem a esse trágico e tolo
expediente que, infelizmente, não dá oportunidade de arrependimentos.
Se formos analisados por utópicos sonhadores e poetas infantis, parece
que estamos expondo uma conceituação altamente pessimista com algo sagrado e
irretocável que Deus nos deu. Porém, se formos mais realistas e nos apoiarmos
nas experiências que já vivemos, sem que coloquemos no meio do nosso raciocínio
somente o lado bom das coisas, podemos perceber claramente que, com o livre
arbítrio que também nos foi dado para utilizá-la, juntamente com a diversidade
de raciocínios de cada pessoa para utilizar suas emoções nas diversas ocasiões,
veremos que essa individualidade que é utilizada no dia-a-dia, complica
grotescamente o desfrutar da bendita vida, já que temos que vivê-la em comunidade. E uma
comunidade heterogênea, onde o egoísmo se sobressai mais que outra coisa, transforma
a maneira de viver de qualquer um, já que todos os nossos passos são
programados por nós para seguirmos um caminho, mas, em função de outros, temos
que diversificar nossas direções, nos levando muitas ocasiões a estradas
esburacadas, lamacentas e até a beira de abismos. E, curiosamente, em todas
essas ocasiões, sempre começamos vendo uma linda estrada asfaltada em nossa
frente.
Por essas razões expostas resumidamente, que acreditamos ser a vida
nada mais nada menos que um teste experimental, para que cada um cumpra sua
etapa da melhor forma possível, tendo seus cuidados especiais, sonhando pouco
com o abstrato e valorizando muito mais o concreto.
Hoje, depois que percebemos com clareza que realmente somos os animais
racionais mais irracionais da face da terra, passamos a nos temer uns aos
outros e procuramos conviver mais com os bichos como companhia, chegando ao
ponto bizarro de termos como animais de estimação cobras e cães Pitibulls. Isso
por acharmos que são mais dóceis e também nos protegerem dos próprios humanos.
Portanto, nada melhor que deixarmos de sermos sonhadores ou poéticos,
sempre dizendo que a vida é somente maravilhosa. Ela é uma coletânea de
armadilhas como aqueles joguinhos eletrônicos que, se você souber operar bem os
controles, passará por ela somente com alguns arranhões e nenhuma seqüela.
Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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