Antonio Nunes de Souza*
-Dá-lhe
Rodrigo! Dá-lhe Rodrigo! Gritava Pedro
dando pulos que parecia um alce, segurando nas mãos uma grande flâmula cor de
rosa, onde se podia ler em letras grandes e douradas por purpurina a frase: “Rô
é o favorito”.
Do outro
lado da rua, eu observava com espanto aquele torcedor desesperado, que com os
olhos brilhantes e faiscantes acompanhava o maratonista que vestia a camisa
número 6924.
Achei
interessante o grande interesse do pequeno torcedor que, mesmo sozinho, não
parava de gritar e sacudir a bandeira, mesmo quando seu herói desaparecia no
horizonte, correndo como uma gazela assustada, querendo provar ao seu torcedor,
que tinha méritos para se destacar entre os participantes.
Alguns
minutos depois, pelos gritos histéricos daquele que se derretia de
contentamento ao sol, estimulado pelo magistral desempenho do seu atleta, foi
chamada atenção que o tal do Rô estava despontando no Farol, com passadas
firmes e muita fibra, querendo dar aquela vitória para o seu amigo fiel de
todas as horas, que naquele momento, com lágrimas de alegria escorrendo pela
face, gritava com os plenos pulmões: Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos
Ventos!
O
interessante é que, além dos gritos e as sacudidas da flâmula, ele fazia
trejeitos corporais como se fosse uma coreografia daquelas que as meninas fazem
nos estádios para estimular seus times. Ele, sozinho, sem precisar de ajudas de
terceiros, revolucionava o ambiente, numa demonstração de carinho e afeto por
aquele esforçado atleta, que mesmo cansado já nas últimas voltas, ainda passava
olhando para ele com docilidade e soltava um grande sorriso de cumplicidade.
Nessas horas
ele enlouquecia e, já meio rouco, ainda bradava com todas as forças que podia:
“Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos Ventos!
Sorrindo
mediante a cena cheia de afetividade que presenciava, olhei para o lado e tive
a oportunidade de ouvir de uma senhora que estava logo atrás, o seguinte
comentário:
“Se esse tal
do Rô é o Rei dos Ventos, aquele ali deve ser o Príncipe da Frescura”.
Dei uma boa
risada e segui meu caminho sem saber quem foi o vencedor da maratona. Tomara
que tenha sido o tal do Rô!
*Escritor-Membro da Academia
Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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