sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

MEIA MARATONA DA BARRA!


Antonio Nunes de Souza*

 -Dá-lhe Rodrigo! Dá-lhe Rodrigo!  Gritava Pedro dando pulos que parecia um alce, segurando nas mãos uma grande flâmula cor de rosa, onde se podia ler em letras grandes e douradas por purpurina a frase: “Rô é o favorito”.
Do outro lado da rua, eu observava com espanto aquele torcedor desesperado, que com os olhos brilhantes e faiscantes acompanhava o maratonista que vestia a camisa número 6924.

Achei interessante o grande interesse do pequeno torcedor que, mesmo sozinho, não parava de gritar e sacudir a bandeira, mesmo quando seu herói desaparecia no horizonte, correndo como uma gazela assustada, querendo provar ao seu torcedor, que tinha méritos para se destacar entre os participantes.

Alguns minutos depois, pelos gritos histéricos daquele que se derretia de contentamento ao sol, estimulado pelo magistral desempenho do seu atleta, foi chamada atenção que o tal do Rô estava despontando no Farol, com passadas firmes e muita fibra, querendo dar aquela vitória para o seu amigo fiel de todas as horas, que naquele momento, com lágrimas de alegria escorrendo pela face, gritava com os plenos pulmões: Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos Ventos!

O interessante é que, além dos gritos e as sacudidas da flâmula, ele fazia trejeitos corporais como se fosse uma coreografia daquelas que as meninas fazem nos estádios para estimular seus times. Ele, sozinho, sem precisar de ajudas de terceiros, revolucionava o ambiente, numa demonstração de carinho e afeto por aquele esforçado atleta, que mesmo cansado já nas últimas voltas, ainda passava olhando para ele com docilidade e soltava um grande sorriso de cumplicidade.

Nessas horas ele enlouquecia e, já meio rouco, ainda bradava com todas as forças que podia: “Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos Ventos! Rô é o Rei dos Ventos!
Sorrindo mediante a cena cheia de afetividade que presenciava, olhei para o lado e tive a oportunidade de ouvir de uma senhora que estava logo atrás, o seguinte comentário:
“Se esse tal do Rô é o Rei dos Ventos, aquele ali deve ser o Príncipe da Frescura”.

Dei uma boa risada e segui meu caminho sem saber quem foi o vencedor da maratona. Tomara que tenha sido o tal do Rô!
 
*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com


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