Antonio
Nunes de Souza*
Havia
em nossa cidade um convento onde podia-se encontrar e contar, com mais ou menos
vinte irmãs de caridade!
Elas
estavam sempre atentas as necessidades da comunidade, tinham uma escola bem
administrada para os cursos primários e secundários, sendo a escola mais
preparada e eficiente da cidade, lugar que era disputado nas horas das
matriculas!
Nesse
convento morava a Irmã Amélia, pessoa das mais distintas, servidora em todas as
ocasiões, cuidava dos doentes, idosos, crianças com problemas, enfim, era uma
pessoa totalmente envolvida nas grandes e pequenas necessidades da nossa bonita
e querida cidade!
Por
incrível que pareça ela também se envolvia nas áreas comerciais e das pequenas
indústrias, comércio informal e, algumas vezes, até nas politicagens locais!
Era,
sem a menor dúvida, uma mulher santificada, meiga, carinhosa, solidária a toda
prova que, algumas vezes, o povo desejou que ela entrasse na política e fosse
candidata a prefeita, prometendo inclusive que trabalhariam para que houvesse
apenas uma chapa única em seu benefício! Mas, mais que depressa, ela rejeitou e
agradeceu aos paroquianos que estavam na frente da futura eleição.
Essa
era a grande imagem da quase “santa” Irmã Amélia, pessoa que dava a cobertura
celestial através das suas ações, sem olhar cores, sexos, riquezas ou pobrezas.
Para ela todos eram iguais na lei de Deus!
Esse
ritual de ajudas, era religiosamente das sete até as dezessete horas
impreterivelmente. Jamais passava desse horário, pois alegava que iria rezar o
terço para o Senhor!
Como
todos já sabiam do seu horário determinado, muito raramente alguém ousava pedir
algo, fora do estipulado, mas, com jeito e paciência, ela fazia com que a
pessoa deixasse para o dia seguinte. A não ser, em casos de doenças terminais!
Feliz
a cidade abençoada por Deus que encontra uma Irmã de caridade como nossa
sagrada Irmã Amélia!
PS:
Com o passar dos anos, quando Irmã Amélia já havia morrido, não sei como, ou
quem descobriu e contou para todos o que ela, na verdade, fazia depois das
dezessete horas. Falou-se que ela era amante do Frei Nicolau e, que depois que
rezava a missa, se encontrava com Madre Amélia, os dois iam para a torre do
convento e, sem nenhuma cerimônia transavam até as dezoito horas, horário que
ele voltava para o mosteiro na cidade vizinha!
Pode
parecer um absurdo, mas, Deus criou os pecados não foi apenas para os hereges,
os santificados também erram e caem na tentação. Não sei até onde vai essa
versão pecaminosa de Irmã Amélia, porém, pelo que ela fazia por todos, durante
dezenas de anos, creio que foi perdoada e agraciada por Deus!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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