segunda-feira, 1 de abril de 2019

VIDA DE IRMÃ AMÉLIA!

Antonio Nunes de Souza*

Havia em nossa cidade um convento onde podia-se encontrar e contar, com mais ou menos vinte irmãs de caridade!
Elas estavam sempre atentas as necessidades da comunidade, tinham uma escola bem administrada para os cursos primários e secundários, sendo a escola mais preparada e eficiente da cidade, lugar que era disputado nas horas das matriculas!
Nesse convento morava a Irmã Amélia, pessoa das mais distintas, servidora em todas as ocasiões, cuidava dos doentes, idosos, crianças com problemas, enfim, era uma pessoa totalmente envolvida nas grandes e pequenas necessidades da nossa bonita e querida cidade!
Por incrível que pareça ela também se envolvia nas áreas comerciais e das pequenas indústrias, comércio informal e, algumas vezes, até nas politicagens locais!

Era, sem a menor dúvida, uma mulher santificada, meiga, carinhosa, solidária a toda prova que, algumas vezes, o povo desejou que ela entrasse na política e fosse candidata a prefeita, prometendo inclusive que trabalhariam para que houvesse apenas uma chapa única em seu benefício! Mas, mais que depressa, ela rejeitou e agradeceu aos paroquianos que estavam na frente da futura eleição.
Essa era a grande imagem da quase “santa” Irmã Amélia, pessoa que dava a cobertura celestial através das suas ações, sem olhar cores, sexos, riquezas ou pobrezas. Para ela todos eram iguais na lei de Deus!
Esse ritual de ajudas, era religiosamente das sete até as dezessete horas impreterivelmente. Jamais passava desse horário, pois alegava que iria rezar o terço para o Senhor!
Como todos já sabiam do seu horário determinado, muito raramente alguém ousava pedir algo, fora do estipulado, mas, com jeito e paciência, ela fazia com que a pessoa deixasse para o dia seguinte. A não ser, em casos de doenças terminais!
Feliz a cidade abençoada por Deus que encontra uma Irmã de caridade como nossa sagrada Irmã Amélia!

PS: Com o passar dos anos, quando Irmã Amélia já havia morrido, não sei como, ou quem descobriu e contou para todos o que ela, na verdade, fazia depois das dezessete horas. Falou-se que ela era amante do Frei Nicolau e, que depois que rezava a missa, se encontrava com Madre Amélia, os dois iam para a torre do convento e, sem nenhuma cerimônia transavam até as dezoito horas, horário que ele voltava para o mosteiro na cidade vizinha!
Pode parecer um absurdo, mas, Deus criou os pecados não foi apenas para os hereges, os santificados também erram e caem na tentação. Não sei até onde vai essa versão pecaminosa de Irmã Amélia, porém, pelo que ela fazia por todos, durante dezenas de anos, creio que foi perdoada e agraciada por Deus!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

Nenhum comentário: