Antonio
Nunes de Souza*
Existe
grande dúvida com relação aos nossos destinos, se eles já são traçados por Deus
logo que nascemos, ou, quem sabe, se não somos nós que em função dos nossos
esforços e comportamentos, conseguimos vencer os absurdos da vida, fazendo
“bonitinho” um destino brilhante?
Creio
que essa grande dúvida perdurará eternamente, pois, como somos teimosos e
polêmicos, uma parte deseja uma forma e a outra parte contrária, somente para criar
dúvidas!
Vejam
vocês o que ocorreu com meu destino: Sou filho de espanhóis (mãe e pai)
autênticos e legítimos com fervorosos sangue de Sevilha, local onde as touradas
são sagradas e poderosas, seguindo a tradição milenar das arenas.
Mesmo
depois de ter feito a faculdade de Educação física, resolvi ir para a Espanha,
morar com uns tios que, concidentemente, mexiam com touros e torneios de
touradas, tendo inclusive uma escola de adestramento para jovens toureiros! Aí
caiu a sopa no mel, pois eu, pela minha descendência, adoraria um dia ser um toureador
de linha, dando essa satisfação a minha família. Sem demora, comecei a fazer as
aulas iniciais, com muito esforço fui me aprimorando, já fazendo corridas com
bezerros, até que, depois de dois anos, eu já estava preparado para entrar numa
arena, como toureiro auxiliar.
Daí
pra frente comecei a fazer da profissão minha fonte de renda e como era
natural, arranjei uma espanhola linda e charmosa e casei-me, com a satisfação
de toda família, já que a noiva Maria Del Carmem era ligada aos amigos dos meus
tios.
Passados
mais dois anos, chegou a verdadeira hora que eu deveria enfrentar com galhardia
o meu primeiro touro!
Meus
pais vieram para Sevilha, foi a maior entrada triunfal. Mas, como nosso destino
parece que já vem traçado, facilitei, talvez possuído pela euforia e, sem
esperar, o touro me pegou e, antes que os auxiliares encostarem, me deu umas
cinco chifradas, deixando-me desmaiado e todo ensanguentado. Fui para o
hospital, felizmente não fui atingido em lugares mortais e, aos poucos fui me
recuperando das chifradas recebidas!
Então,
para selar meu trágico destino, fiquei sabendo que, durante a minha recuperação
de três meses, Maria Del Carmem andou transando com outros toureiros, velhos e
novatos, dando-me uma saraivada de chifres novamente, pensando que eu ia morrer.
Revoltado com a comprovação, me separei e resolvi voltar para o Brasil e
recomeçar minha vida!
Então,
para não sair do ramo de touros, montei um açougue e comecei a negociar com
bois, porém sem os chifres, simplesmente a carne. Mas, não é que quem tem o
destino traçado não escapa?
Casei
outra vez com uma brasileira e, a desgraçada, com menos de um ano, já estava me
chifrando com o dono do açougue da frente! Com dor no coração, abandonei a
desgraçada, não quis mais saber de casamentos, nem açougues, fui exercer a
profissão que me formei, antes desta triste história!
Creiam
que a culpa de tudo isso não é e nem nunca foi minha, pois sou muito macho,
excelente marido, bom nas ações sexuais, etc. Simplesmente a culpa é do meu
ingrato destino que já veio “mal traçado!”
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário