terça-feira, 23 de abril de 2019

NÃO É FÁCIL!

Antonio Nunes de Souza*

Saber que nada é fácil não é difícil para ninguém!
Essa é uma realidade comum entre todos, pois, pelas circunstâncias que vivemos, somos atropelados, diariamente, por problemas dos mais comuns aos mais complicados. Logicamente, com o passar do tempo vamos nos acostumando aos acidentes cotidianos e, muitas vezes, quando a sorte aparece, tiramos de letra todas as consumições!
E foi o que aconteceu comigo! Lembro-me que no ano passado eu estava na maior miséria possível: desempregado, aluguel atrasado, água cortada, prestações de umas bobagens essenciais vencidas, enfim, numa pior e no maior baixo astral.
Imagine vocês que, na semana santa, na sexta-feira, para seguir o regime alimentar dentro da religião comendo peixe, tive que comprar uma lata de sardinha, pois o preço do robalo era só para os ricos.
Mas, como Deus existe e tem pena de seus filhos, saí um dia meio cabisbaixo e, passando por uma lotérica, aproveitei umas merrecas de moedas que tinha no bolso e fiz um único jogo na mega sena. E para encurtar, não é que a merda deu certinha e eu, um fracassado e pobre, de uma hora para outra, tornei-me um homem rico, uma vez que o prêmio dava mais de vinte milhões de reais!
Claro que fiquei totalmente descontrolado, sem saber o que fazer com tanta grana, já que quando pegava em dinheiro, nunca passava de mil reais.
Não pude guardar segredo do prêmio, pois, numa cidade pequena tudo se descobre, como também eu, pela alegria, também falava para todo mundo.
Aí começo a minha agonia para administrar a grana, sendo um homem inexperiente, sem profissão definida, poucas letras e sem nenhum parente próximo que pudesse me auxiliar. Eu sou de Minas Gerais e estava na Bahia aventurando a vida completamente sem ninguém. Abri uma conta no banco, o gerente muito solícito (o cretino nunca falou comigo), mas, mediante a minha nova situação, me serviu cafezinho, levou-me para uma sala particular e começou a fazer aquelas mesuras de puxa saco, para que eu não fosse para o outro banco, pois só tínhamos dois na cidade!

O fato é que começaram a surgir novidades em minha vida. Só de DNA apareceram cinco que tive que fazer para não ser explorado. Mas, um deles deu positivo e tive que registrar o moleque, filho da empregada do bar. Embora não houvesse nenhum amor, tirei ela do emprego e levei para minha nova casa, para cuidar de mim e do meu garoto que chama-se Maurício.
As casas pias e abrigos apareciam aos montes, além de doentes pedindo auxílios. Nunca deixei de ajudar, pois, quem conhece a miséria, se comove muito mais que os ricos.
Comprei uma fazenda de gado, mesmo sem entender do ramo, mas, mandei buscar dois irmãos em minas e eles que eram vaqueiros, passaram a cuidar da grande propriedade, cheia de bezerros holandeses e nelores.

Já esse ano, na semana santa, não me fiz de rogado, comprei uma tonelada de peixe e distribuí na cidade para os pobres, comprei uns bonitos e bons peixes, camarões lagostas, etc., fazendo uma comemoração bem nababesca em minha casa, inclusive com bastante convidados. Claro que não faltaram bons vinhos de ótimas safras, para brindar a festança religiosa e profana ao mesmo tempo!
Parece uma história de novela, mas, algumas vezes acontecem coisas inexplicáveis que mudam completamente as nossas vidas. Ao contrário do que me ocorreu, acontece muito mais, pois, muitas pessoas ganham ou herdam e, loucamente, jogam tudo fora, sem pensar no futuro.
Nada de ficar desesperado porque as oportunidades estão demorando. Tudo tem o seu dia certo, basta que você batalhe, seja valente, corajoso, tenha atitude e, principalmente, muita fé. Em Deus e em você mesmo!
Nessa vida nada é fácil!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

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