sexta-feira, 12 de abril de 2019

PARAÍBA MULHER MACHO!

Antonio Nunes de Souza*

Desde menina sempre tive um “jeitão” meio esquisito, um porte forte e mais masculino que feminino, minhas brincadeiras eram, normalmente, as dos meus amiguinhos. Deixando sempre as minhas bonecas de lado, estando diariamente, ligada ao jogo de futebol e basquete.
A turma, como normalmente acontece, apelidou-me de Paraíba, baseando-se na música ‘Paraíba masculina mulher macho sim senhor”, que tanto sucesso fez na minha infância e juventude. Sinceramente que não me incomodava e estava tranquila com meus hábitos, achando apenas que o meio dos meninos era mais agitado e as brincadeiras tinham mais ações!

Fui crescendo, estudando e concluindo meu curso secundário, sempre fazendo Judô e outras artes marciais que, tranquilamente, me deram um corpo lindo e bem malhado. Tornei-me uma moça belíssima, mesmo com meus tipos de esportes praticados, não deixavam transparecer nenhuma masculinidade! Quando ao meu apelido, por não ligar e aceitar na brincadeira, acabaram me chamando de Vera Lúcia, que é o meu nome real.
Fiz meu vestibular para Educação Física, já que era o que gostava e, logicamente, passei entre os primeiros lugares, pois nunca deixei de ser uma boa estudante. Minha família fez uma festança como é costume quando um filho vence o vestibular e, coincidentemente, um amigo de meu irmão, veio como convidado e fomos apresentados. Ele era, curiosamente, um dos responsáveis pelo concurso de miss do Rio de Janeiro e, mais que depressa, me elogiou bastante e me convidou para concorrer a miss que representaria o Estado do Rio, para o concurso de Miss Brasil.
Lógico que fiquei surpresa, uma vez que jamais tinha passado por minha cabeça a ideia de ser miss, ainda mais representando um Estado. Mas, sou sincera, pois fiquei entusiasmada e, sem delongas, aceitei o seu convite e marcamos para que eu fosse a sua agência combinar detalhes e ver as reais possibilidades para uma moça com apenas dezenove anos!

Resultado é que fui, analisei os estatutos e contratos, vislumbrei o meu sucesso na mídia, sendo que tudo isso me encantou profundamente, já sentindo-me uma estrela. Fui a escolhida na triagem feita, desfilei entre vinte e uma outras candidatas e fui aplaudida de pé pelo público e quase por unanimidade, pelos jurados.
Depois do concurso oficial, ocasião que consegui ser a Miss Rio de Janeiro, preparamos nossos vestuários, equipe de cuidados corporais, maquiagens, cabelos, etc., fomos para Brasília onde seria a escolha de Miss Brasil.
Não precisa dizer que ganhei entre as cinco finalistas e, posteriormente, fui a vencedora do título com louvor!
Hoje estou aqui em Nova Yorque, onde foi realizado o concurso final e, incrivelmente, fui a vencedora, conquistando o título invejável de Miss Universo! Além de uma série de prêmios, inclusive um lindo carro Mercedes Benz!

Esse meu relato é para esclarecer que essa questão Bullying (ou apelidos) não são traumatizante entre jovens, parecendo mais que são as preocupações das mães, que não aceitam brincadeiras de crianças e colocam dramas nas mentes dos jovens. Tudo leva a crer que não passa de um “modismo” esse combate assustador contra tolos apelidos. Sobre o comportamento meio masculino ou feminino, não determina em nenhuma hipótese se esses se tornarão lésbicas ou gays no futuro. O importante é não escandalizar, criar problemas que, fatalmente, traumatizam as crianças!
Não queiram que sejam apelidadas de “MÃES CORUJAS”!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

Nenhum comentário: