*Antonio Nunes de Souza
-Lucinha,
não lhe conto!
-Vá logo
contando e deixe de suspense Sheila. Estou morrendo de curiosidade! Depois que
você saiu não consegui nem dormir direito, imaginando como seria sua noite.
-Ah! Ah! Ah! Ah! Você não
vai acreditar! Foi a coisa mais incrível que poderia acontecer, minha filha!
-Então bota
tudo pra fora e não omita nadinha, nadinha. Quero saber todas as minúcias, minha
filha, pois, quando aconteceu comigo eu não escondi de você nem um suspiro.
-Tá certo!
Você é minha melhor amiga e não posso lhe esconder essa minha mais nova emoção,
que protelei ao máximo, prometendo a mim mesma que só faria quando fosse a hora
e a pessoa certa.
Assim que
entrei no carro ele virou-se para mim e disse:
-Posso ir
para um lugar que estou pensando?
-Claro! Você
conhece os lugares interessantes da cidade e tenho certeza que também gostarei.
Ele me deu
um beijinho, alisou o meu queixo e segui dirigindo sem dar uma palavra. Quando
eu percebi que estávamos indo em direção ao S. Caetano, fiquei pensando que
restaurante legal existia por lá para ele me levar para jantar. Mas, quando
chegou ao antigo Hiper messias, ele dobrou a direita e continuou seguindo,
passou pelo Colégio Estadual, Espora de Ouro, Jaçanã, e aí comecei a suar as
mãos, pois, embora jamais tivesse ido, sabia que naquele trecho ficava o Motel
Carinhoso. E, como imaginei, ele olhou para mim, deu um sorriso, puxou o meu
rosto e deu um beijo e um cheiro em meu pescoço, como se tivesse pedindo meu
assentimento para parar e entrar. Dei um sorriso amarelo e calada fiquei. No
seu entendimento, aquela minha reação era sinal de que eu estava gostando da
surpresa.
Na verdade
eu estava excitadíssima com o que estava começando a acontecer. Não uma
excitação sexual, mas um misto de tensão nervosa, tesão, medo, curiosidade,
insegurança, desejo, dúvida e mais uma infinidade de coisas que passava pela
cabeça. Mas, mesmo com esse coquetel de coisas no juízo, minha vontade de ir
para cama pela primeira vez com um homem, estava definida que seria naquela
noite. Apenas, a surpresa do imediatismo dele, quase me colocou em pânico.
Imaginei que iríamos, jantar, depois dançar um pouco em algum lugar e, no fim
da noite, já animados, partiríamos para a verdade, fosse em que lugar fosse.
-Menina,
você não ficou com medo não?
-Fiquei a
porra toda que você imaginar, mas, o que mais fiquei foi com vontade de dar! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Na hora que o carro entrou e ele recebeu a chave e o
porteiro falou: Apartamento 27, eu ri por dentro e disse pra mim mesma: Vai dar
vermelho 27 na cabeça! E comecei a rir com meu pensamento besta.
-Alguma
coisa meu bem?
-Nada Lúcio.
É que me lembrei de uma coisa engraçada, mas não tem nenhuma relação conosco,
foi um fato que aconteceu na escola.
Ele dirigia
naquele labirinto desconhecido para mim, mas parecia ser um Fernando Alonso nas
curvas fechadas, como se fosse um profundo conhecedor do circuito. Enfiou o
carro no Box e imaginei logo que quem iria receber a mangueira e sair
abastecida era eu e não o carro.
Ele saltou,
abriu a porta para mim, eu saltei super tremula, mas sem dar bandeira, querendo
demonstrar segurança, embora ele soubesse que aquela era minha primeira
experiência.
O
apartamento estava todo arrumado, relativamente espaçoso e havia uma pequena
piscina. Apenas dava para sentir no ar um cheiro desagradável de mofo misturado
com desodorante ambiental, que tirava um pouco o romantismo. Eu permanecia
passiva sem saber realmente o que fazer, ficando a espera de suas reações para
seguir os meus e os seus instintos.
Ele ligou o
ar condicionado, a música ambiente, me pegou pela cintura e começamos a dançar
bem agarradinhos a meia luz. Entre esfregações e beijos, sem que nada disséssemos
um ao outro ele parou, pegou o telefone e solicitou que mandassem um Champanhe.
Eu fiquei logo assustada imaginando o garçom entrar e me ver. Mas, depois
percebi que tem uma janelinha onde são colocadas as coisas, sem perturbar a
privacidade.
Começamos a
beber e, aos poucos, ele foi tirando minha roupa e eu, seguindo os seus passos
fui fazendo a mesma coisa, até que ficamos completamente nus e continuamos
dançando numa esfregação bem gostosa que eu estava vendo a hora de gozar ali
mesmo em pé.
A essa
altura eu já estava praticamente dominando o ambiente, parecendo que nada
daquilo era novidade para mim. Mesmo dançando, fui levando ele para junto da
cama e, com um leve empurrão, o joguei no colchão que estava forrado com um
edredom e começamos a rolar de um lado para o outro, por cima, por baixo e em
todas as posições que a cama permitia. Aí, comecei a sentir que ele estava
suando muito e um tanto nervoso. Coloquei minha coxa entre suas pernas e
percebi nitidamente qual era a razão do seu desespero: Seu pinto estava mais
mole do que coração de mãe! Fiquei me esfregando com todo carinho para ver se
conseguiria alguma reação, mas o danado parecia morto, porém, sem a rigidez
cadavérica.
-Algum
problema, Lú?
-Pô Sheila!
Pensei tanto nessa noite e agora me acontece isso. Juro que é a primeira vez
que isso me acontece. Acho que é a emoção de estar aqui com você! Venho
desejando há tanto tempo e agora passo essa vergonha e lhe decepciono.
-Não se preocupe
meu bem. Tenho ouvido falar e já li a respeito que isso pode acontecer com
qualquer pessoa, pois é uma questão emocional.
-Vamos pedir
um jantar pra nós, pelo menos para compensar esse desastre.
-Tá legal!
Peça alguma coisa e eu vou tomar um banho enquanto chega, você descanse a
cabeça um pouco e, quem sabe, não muda tudo e pode ser que seu caso seja fome.
Falei sorrindo, querendo quebrar a tensão que seu olhar transmitia.
Entrei no
banheiro, fechei a porta e, sinceramente, fui logo me masturbar, pois estava
com um tesão incrível, toda molhadinha e não iria sair com aquele zero a zero
filho da puta. Gozei gostoso embaixo do chuveiro bem quentinho, satisfazendo
pelo menos em parte, o que tinha programado fazer naquela noite.
Quando saí,
enrolada na toalha, pois aquela altura não havia mais vergonhas nem pudores, a
comida já havia chegado, nos sentamos em uma pequena mesa e começamos a comer.
Ele evitava olhar-me nos olhos, deixando claro que estava morrendo de vergonha.
Eu, para deixá-lo mais à vontade, puxei várias outras conversas e também pouco
o olhava de frente.
Acabamos de
jantar, esperei um pouco para ver qual seria a reação dele, com relação a
novamente deitarmos e tentarmos alguma coisa, mas, infelizmente, o que ele
disse foi: Meu bem vista a roupa e vamos embora. Quero sair daqui para esquecer
essa noite de decepção. Mas, você sabe que foi uma casualidade, pois quando nos
beijamos sempre, você percebe a minha reação.
-Claro!
Deixe de ser bobo que, embora com 16 anos, eu sei perfeitamente que essa
situação independe de idade. E não é por você ter 35 anos, que já não
corresponde sua masculinidade. E, para completar, disse sorrindo: Isso acontece
até com a nobreza inglesa, como dizem no popular.
Saímos,
entramos no carro, trocamos poucas palavras e, na saída, ele olhou pra mim com
aquela cara de cão sem dono e implorou com a maior meiguice: Oh, meu bem, por
favor, não conte isso pra ninguém não, senão eu vou morrer de vergonha. Você
promete?
-Com
certeza! Fique tranqüilo, pois para mim nada existiu de excepcional. Foi apenas
um acidente de percurso.
Nos beijamos
e eu saltei do carro, dirigindo-me para dentro de casa, carregando entre as
pernas o meu sortudo cabaço, que ainda terá alguns dias de sobrevivência.
-Meu Deus!
Eu nem acredito Sheila! Aquele homão todo brochar na hora H?
-Pois é
minha filha. Mas, da próxima vez se ele falhar, será deletado da minha vida
para sempre sem dó nem piedade.
-Olhe
Lucinha, que esse segredo fique entre nós. Combinado?
-Fique
tranqüila, minha amiga. Somente eu vou ter cuidado, para na hora que me
encontrar com ele não cair na risada.
*Escritor (blog
antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)