domingo, 26 de outubro de 2025

POBRE POVO SEM MEMÓRIA! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Entristece-me profundamente, cada dia comprovar como nosso povo não tem nenhuma memória, não sabe escrever ou falar com detalhes suas histórias e, infelizmente, fatos dos mais importantes e marcantes do nosso país, passam despercebidos e sem registros oficiais de como as coisas sempre funcionaram no passado, continuam no presente e, certamente, continuarão no futuro!

Pelas enxurradas de filmes americanos, desde os anos 40/50, qualquer brasileiro aprendeu, através dos grandes filmes de Cowboys, todos os processos de desenvolvimento dos Estados Unidos da America, com detalhes dos mais ínfimos, até a invasão e crescimento demográfico, a divisão territorial, nascimento do presidencialismo, guerra civil, domínio dos índios, assassinatos de presidentes, a máfia de Capone, chegando a ser a maior potência mundial, que até hoje, mesmo depois de quebrar com a bolsa de valores nos anos vinte, continua sendo o respeitável Tio Sam. Com tudo isso que falei, o mundo inteiro conhece mais a história americana do que ao dos seus países!

Já com a nossa história, se perguntarmos a um jovem o que foi o golpe militar de 1964, certamente ele terá a maior dificuldade de dizer mais de uma frase a respeito, parecendo que foi um acontecimento sem maiores significações para o país e o povo brasileiro, apenas uma diversão das forças armadas, fazendo um treinamento de implantação de ditadura, aproveitando-se de um povo ordeiro, alegre e obediente. Quando na verdade, foram mais de duas décadas de repressão, crimes, corrupções, torturas e assassinatos brutais!

Com a lembrança desse fato, que é um dos maiores marcos podres da nossa história, estou trazendo à tona como um exemplo, já que tivemos no passado o julgamento do processo denominado de “mensalão”, que foi, ou é nada mais, nada menos, que uma implosão de uma instituição criada há milhares de anos que, vergonhosamente, já fazia e faz parte integrante nas negociações que os homens participam, quer sejam comerciais, financeiras, industriais e, principalmente políticas.

Qualquer criança sabe que quem manda é o poder e o dinheiro e esses compram, ou fazem abrir as portas mais seguras para as passagens dos seus interessados (vide Trump agora, que está na berlinda comandando o mundo). Até nossos filhos nos chantageiam colocando com a maior tranquilidade, que se passar de ano vai querer uma bicicleta!

Pela ignorância histórica e política, muitos que nem eram nascidos, ou estavam engatinhando no período do golpe militar e ditadura, são hoje adoradores e apoiadores de Jair Bolsonaro, um canalha fascista, vindo do esgoto do Exército, que veio enganando o povo por 30 anos, até chegar a presidente da república. Mas, pela sua incompetência comprovada, não conseguiu manter-se no poder, perdendo para um adversário que veio da prisão e foi chamado de ladrão por seis anos seguidos em toda mídia nacional.

 Como se fosse hoje, lembro-me que, em 1964, trabalhava na Petrobrás (Refinaria Landupho Alves – Mataripe) e, como bom operário, fazia parte do sindicato (SINDIPETRO), que com muita luta e trabalho, conseguiu eleger o companheiro Mário Soares Lima como deputado federal, sendo que, um dos fatos mais absurdos e grotescos que vi em um dos seus discursos em praça pública, foi a apresentação de um fac-símile de um cheque (tipo esses que vemos na TV nos programas do Faustão, Mion e outros) e ele gritou alto e bom tom, que as propostas e projetos já iam para a câmara com os cheques dentro para que os deputados dessem suas assinaturas e aprovações. Assim sendo, tenho que acreditar que esse rótulo de “mensalão”, dado ao PT como o grande criador é uma verdadeira armação e farsa, pois, naquela época o Partido dos Trabalhadores nem pensava em existir e não tinha poderio para tais comportamentos. Simplesmente a coisa era feita com mais critério e técnica, passando despercebido, já que atendia a todos os interessados e participantes, apoiadores do golpe militar criminoso e perverso. Vale dizer que Mário Lima foi preso e perdeu o mandato, por denunciar os desmandos dos canalhas da época!

Como trabalhei na Petrobras de 62 até 67, posso dar mais um exemplo absurdo que ocorria, exatamente, na minha área: A refinaria enviava para Madre Deus combustíveis diferentes (gasolina, gás, diesel, nafta e outros) para carregar os navios da Fronape (Frota Nacional de Petróleo) para que fossem distribuídos nos estados para abastecimento dos órgãos governamentais. E, grotescamente, em cada navio existia um representante da Esso, Shell, ou Texaco, que ficava com a nota de venda da Petrobras como compradores e, em cada lugar que descarregavam, tiravam notas das suas empresas vendendo o nosso produto para nós mesmos com grandes lucros. Espero que entendam esse repasse absurdo e, como os diretores nacionais permitiam porque ganhavam suas parcelas, pois, era uma operação completamente aberta, que ninguém me contou. EU VIVENCIEI esses fatos, ocorridos durante a grande revolução golpista ditatorial de 1964 até 1996!

Devemos agradecer a incompetência de alguns petistas e outros gananciosos de outros 23 partidos, para que toda essa vergonha tenha vindo à tona, fazendo com que o povo reflita mais ao votar e, de forma alguma, não dar oportunidades novamente aos corruptos fichas sujas, fascistas e golpistas, que fazem dos eleitores uma grande massa de manobras para alcançar seus intentos. E nem tão pouco aos aparecidos galãs com pinta de salvadores, mitos ou heróis!

É preferível votar em uma chapa honesta, ilibada e limpa, mesmo que não lhe pareça a que será vitoriosa, mas, pelo menos seja a correta e cheia de boas intenções!

E vamos aguardar que algum governo, de qualquer partido, faça com que sejam obrigatórias as lições de história política do nosso Brasil, com todas as nuances e detalhes, no sentido de dar lições de história para esses desmemoriados e mal informados!

Digo com orgulho que eu não conto história, eu faço parte da história!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

Nenhum comentário: