Antonio Nunes de Souza*
Acordar num dia de sábado, ouvindo Caetano
Veloso cantando em italiano é algo que só pode dar alegria e satisfação, uma
vez que, sem sombras de dúvidas, o dia começou bem e provavelmente, será
maravilhoso. Mas, por incrível que pareça, esse início foi deslumbrante, porém,
para talvez amenizar o restante que viria pela frente.
Levantei-me, e depois do habitual asseio pessoal, preparei o
meu café da manhã e voltei para cama para relaxar um pouco mais. Como a cama
estava quentinha, terminei dormindo mais uma hora, levantando-me novamente as
08:20 horas. Molhei o rosto para despertar totalmente, e comecei a vestir-me
para ir para o escritório, mesmo não sendo dia de expediente, pois,
infelizmente, nada tinha em mente que pudesse fazer, que fosse mais agradável
(óbvio que tem, mas, não está ao meu alcance pessoal). Abri a garagem, peguei o
carro e, dando uma volta pela rua principal, terminei estacionando em frente ao
edifício que trabalho.
Subi ao primeiro andar, abri a sala, liguei o meu computador,
e entrei logo na Internet que é a minha companheira de todos os dias. Por
ironia do destino, haviam apenas uma série daquelas chatas mensagens de ofertas
e nem uma mensagem de algum amigo ou amiga solitária como eu. Essa foi a
primeira ducha fria que recebi, pois quando encontro mensagens de meus amigos
virtuais, além de ficar feliz, ainda contenta-me mais porque passo a ter a
ocupação de responde-las, preenchendo minutos ou horas da minha angustiante e desagradável
solidão. Decepcionado por nada ter encontrado, para não sentir-me mais só
ainda, ridiculamente entrei em uma sala de bate papo (por idade 20/30 anos) e,
infelizmente, só tinha idiotas e tolos querendo matar o tempo com futilidades.
Como já passava das 09:30 horas e eu já estava sacaneado com meu início de
manhã (que tinha começado tão bem e promissor), resolvi apelar e entrar em uma
sala de sexo com imagens explícitas. Aí foi bem pior, pois, comecei a ver
transas e mulheres gostosas, dando-me uma água na boca, aflorando mais ainda a
sensação ridícula de como minha vida está uma merda em termos de companhias do
sexo oposto. Dormi ontem sozinho, acordei sozinho, estou no escritório sozinho
num dia sem expediente, e para completar, sem perspectivas alguma de ter alguém
para sair hoje, para curtir o sábado. Pode uma coisa dessa?
Diretor de uma empresa, um lindo carro, algum dinheiro, boa
aparência (sou cinquentão, mas, bastante enxuto e charmoso), solteiro e não
consigo um rol de gatinhas para sair nos fins de semana?
Com certeza absoluta, existe algo de errado comigo, que
preciso corrigir imediatamente. Um dos fortes fatores inibidores de
relacionamentos, que tenho certeza que existe é a minha exigência. Pois, embora
tenha 52 anos, só gosto de relacionar-me com meninas entre 19 a 30 anos. Acima
disso não despertam-me maiores interesses. E, assim sendo, essa faixa de
garotas, geralmente pelo vigor e entusiasmo da juventude, preferem sair com os
gatos sarados, e não dão muita bola para os “tios” da vida. Lógico que você
pode encontrar algumas, que curtam imitar o antigo caso especial da Globo “A
presença de Anita”, e chegue junto para um bom programa. Entretanto, na maioria
das vezes, são verdadeiras porras-loucas ou interessadas em ganhar presente e
explorá-lo financeiramente. E eu, idiotamente, gosto de companhias que gostem e
sintam-se bem ao meu lado, sem que haja interesses financeiros acentuados
rolando na área. Gosto de gastar com mulheres, dar presentes, levar para
jantar, dar flores, mas, jamais bancar o coronel ou otário, sentindo que estou
sendo apenas usado. É importante que exista algum afeto, simpatia ou admiração
no envolvimento, para que contente-me e possa rolar algo. E sendo desta forma,
sou o melhor das companhias, e capaz de revirar o mundo para agradar e fazer a
pessoa que está comigo feliz.
Quando olhei para o relógio, vi que já passava do meio dia, aí
resolvi sair em direção a um restaurante, para almoçar solitariamente!
Eu imaginei e escrevi sobre um solitário que tem tudo para ser
feliz, e viver arrodeado de ótimas companhias, e nada disso acontece com ele.
Mas, se ele fizer reflexões bem imparciais, talvez encontre a razão de tal
fato. Pois, para quem sabe administrar a solidão ela é agradável e nos faz até
bem. Eu, particularmente, faço isso com maestria!
*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros
fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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