Antonio Nunes de Souza*
-Meu Deus! Essa notícia me
pegou de surpresa!
-Pois é meu
amor, você vai ser pai, exclamou Sheila, olhando toda orgulhosa para a barriga
que em nada se pronunciava, a não ser os pneuzinhos normais de sempre!
Com lágrimas nos olhos de
tanta emoção, pensei como aquilo estava acontecendo, pois, segundo os médicos,
por uma questão genética, eu jamais poderia ser pai a não ser se fosse por
adoção. Agora, com essa notícia de supetão, para mim que nunca tinha confessado
esse problema congênito para minha mulher, não pude deixar de imaginar duas
coisas: Ou aconteceu um milagre divino, ou eu sou um grandessíssimo corno!
Não pude esconder no rosto
minha reação, em razão do estranho pensamento que me veio à mente. Uma vez que,
como não sou muito religioso e minhas crenças são limitadas, a segunda hipótese
poderia ser a mais provável!
-Que foi, Mário? Que cara
esquisita é essa?
-Nada amor! É pura
felicidade. Respondi. Mas, dentro de mim, existia um grande conflito, com
relação a dura verdade sobre minha improvável paternidade. Enquanto ela sorria
com o resultado do exame nas mãos e telefonava para as amigas, eu não sabia se
contava meu drama, e complicaria tudo sobre minhas dúvidas, e ainda tomava uma
bronca por ter guardado esse segredo, ou ficava calado e iria no dia seguinte
fazer sorrateiramente um espermograma, tirando assim todos os grilos da minha
cabeça, correndo o perigo de substituir estes pequenos espermatozoides por um
lindo e grande par de chifres!
Dei uma desculpa que precisava
sair a negócios, mas, Sheila nem prestou muito atenção a minha desculpa, pois,
estava transmitindo a notícia para sua amiga Jamile, noiva do meu primo Rafael!
Peguei o carro e fui
direto para casa do meu amigo Dr. Adalmir Farias, laboratorista de primeira
grandeza, para dividir o meu segredo, e pedir uma opinião de como proceder.
Chegando lá, fui logo abrindo o jogo e contando detalhadamente minha odisséia!
-Calma, Mário! Às vezes
acontece esses problemas se corrigirem inesperadamente, e sem explicações
científicas. Vá batendo uma, enquanto eu preparo o microscópio para fazer uma
rápida pesquisa, e verificarei se seus espermatozóides saem vivos e sadios na
ejaculação!
-Você acha que vou ter
tesão pra isso do jeito que estou?
-Porra, cara! “Se você quer
que a rola endureça, pegue no meio e sacuda a cabeça”. Essa teoria popular
nunca falha!
Peguei o bruto todo
encolhido e cabisbaixo, talvez por estar entendendo a situação, e comecei a
sacudir, até que ficou meio pururuca, e, com a mão esquerda para parecer que
era outra pessoa que estava batendo (poucas pessoas conseguem dar o ritmo
certo), e depois de algum sacrifício, algumas gotinha espirraram no recipiente
que ele havia me dado!
Corri para a outra sala
onde Adalmir estava e entreguei aquele material, não tirando os olhos de cima,
para ver se, mesmo a olho nu, via algum sacana se mexendo na lamina. Não
detectei porra nenhuma. Aliás, só a própria porra!
Depois de um rápido e
cuidadoso exame, ele olhou pra mim com um olhar incógnito, balançou a cabeça e
disse: Estão vivos, cacete! Você não tem mais nada e pode ter um batalhão de
crianças!
Não pude me conter e dei o
maior beijo no rosto de Adalmir, e saí picado voltando pra casa, pois, o meu
desejo era encher Sheila de beijos e curtir o nosso futuro baby!
-Alô! É Sheila? É Adalmir querida amiga. Consegui contornar a
sua situação como você me pediu. Fiz o exame, dei um veredicto falso e ele saiu
daqui feliz da vida. Agora é com você e o pai da criança. Nunca mais me peça um
favor desse. Para que você tenha uma posição correta do estado genético dele,
digo-lhe que seus espermatozoides são todos tetraplégicos, e não conseguiriam
atingir um ovário, nem tomando uma carona com o Hamilton ou Vettel pilotos da
fórmula Um!
Agora reze para que ele
queira apenas esse filho único, porque, se aparecer um irmãozinho, eu estou
fora!
*Escritor, Historiador, Cronista,
Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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