Antonio Nunes de Souza*
Se
você me disser que já viu uma mulher super deslumbrante e maravilhosa, me
desculpe, mas, vou dizer que é mentira!
A
não ser que você tenha conhecido Maria Pia Sakowisk Rodrigues, tratada
carinhosamente de Mariinha. E é como vou trata-la daqui para frente, abreviando
seu vasto nome, digno de uma verdadeira princesa!
Nossa
majestosa personagem foi fruto de uma relação de uma turista irlandesa, em um
carnaval de Salvador, com um bonito negro pertencente ao grupo Olodum. Se
conheceram durante os festejos momescos, brincaram, sorriram, sem saber as
línguas um do outro, mas, conheciam bem a linguagem sexual que, adoravelmente,
era “falada” todas as noites em um hotel cinco estrelas que hospedava Mary
Sakowisk, rica mulher das plagas irlandesas!
Mary,
solteira, milionária herdeira de indústrias em seu país, vinte e um anos, estimulada
pela mídia, veio ao Brasil conhecer o dito maior carnaval do mundo, que é o de
salvador, inegavelmente. Aqui se “desbundou” completamente com tudo,
principalmente com a beleza de Hiltinho, rapaz sarado com a tal barriga de
tanquinho, lindos dentes, um metro e oitenta de altura, olhos castanhos um
pouco esverdeados, tipo olhos de cobra, sem barba e cabeça raspada. Um perfeito
manequim e protótipo da beleza afro-baiana!
Um
bonito contraste de casal, que chamava a atenção de todos, não só pela alegria,
como bela beleza harmoniosa da dupla Black/White!
Terminada
a festa momescas, Mary quis levar Hiltinho, mas, ele recusou ir em função da sua
família, como também não tinha atinado, que ela tinha uma fortuna incalculável
a sua espera e a disposição em seu país. As poucas palavras trocadas não foram
suficientes para esses detalhes, como também, ela por discrição, nada falou a
respeito, para que ele não fosse somente em função das suas finanças!
Quando
ela chegou de volta, percebeu algumas reações corpóreas diferentes e, logo descobriu
que estava grávida. Não se preocupou, pois, como sua posição econômica
permitia, era filha única e sua mãe também havia falecido, dava-lhe uma
independência tranquila, de ter o seu filho sem que ninguém achasse ruim!
E
foi o que fez, pois, nove meses depois, nasce sua linda criancinha, batizada e
registrada com o nome de MARIA PIA SAKOWISK RODRIGUES. Com o sobrenome da mãe
e, orgulhosamente, colocou o sobrenome do pai (Hilton Rodrigues)!
Maria
Pia, lindíssima, e como uma figura singular no seu país, tinha todas as
características e perfeição da beleza nórdica e, sua cor, era deslumbrantemente
negra, com uma pele que parecia uma nêspera. Saiu em várias capas de revistas,
não só pela maravilhosa beleza diferente, como também pela penetração social de
sua rica e tradicional família!
Foi
criada nos melhores colégios, e quando soube da sua origem, quis aprender português,
pensando um dia conhecer o seu pai, uma vez que Mary perdeu o contato com Hilton,
que nem pode relatar o nascimento da filha, fruto de um mês de verdadeiro e
inesquecível amor e carinho!
Passados
vinte e um anos, semana antecessora do carnaval, chega a Salvador Mary
acompanhada de sua filha, ambas ávidas para reencontrar Hiltinho. E não foi
difícil, pois, chegando no Pelourinho, fazendo perguntas, e na sede do Olodum,
todos informaram onde ficava o Bar do Hilton, o rei do saboroso suco de Açai!
Mesmo
com o passar dos anos, assim como Hilton, Mary ainda era uma mulher bonita e
com as feições pouco mudadas e, vendo aquela moça deslumbrante parecendo uma
miragem, os três se abraçaram aos beijos e lágrimas, não sendo nem preciso
dizer a Hilton, que se tratava de sua filha, concebida durante os festejos carnavalescos!
Os
fregueses bateram palmas, assim que perceberam o que estava acontecendo, e ele
mandou descer suco de Açai para todos, para comemorar esse reencontro com Mary,
que foi divino, e o encontro com sua filha que foi maravilhoso!
Maria
Pia falando português com o sotaque de Portugal, que fez seu pai sorrir e
deixar escorrer lágrimas de felicidade!
Simplificando,
eu era um dos clientes do bar na hora desse encontro, fui testemunha e, até
hoje, não sei se Mary e Maria Pia realmente existiram, ou foi uma miragem que
apareceu em minha frente. Ou quem sabe, se eu não estava cheio de Açairoscas
nesse dia?
Não
é preciso dizer que depois de brincarem novamente o carnaval, Hilton vendeu o
bar e foi com Mary e a filha morar na Irlanda, indo trabalhar nas empresas de sua
amada!
Nunca
mais soube notícias dos três, mas, tenho certeza que estão felizes e curtindo
uma vida maravilhosa, e uma hora dessa eles estarão em salvador para rever a
delícia dos requebrados e a sensualidade da belíssima negritude baiana, e
passar uns dias em Arembepe com a vovó Dayse!
*Escritor,
Historiador, cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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