Antonio Nunes de Souza*
A
denominação dada as “periguetes”, desde muitos e muitos anos era, se não um
tanto pejorativa, talvez com uma conotação de ave, sendo a preferencial e muito
usada era a de “galinha”. Em princípio, pela minha pouca idade, não entendia
essa ligação avícola a uma moça safadinha, mas, com o tempo, velho professor e
esclarecedor das dúvidas, vim a saber que como as galinhas soltas em seus
terreiros, qualquer galo, sem precisar raças ou belezas, bastava correr atrás,
montar, dar uma rapidinha e boa transada e pronto. A galinha se arrepiava toda,
batia as asas, fazia cocô e saía cocoricando morrendo de alegria, sempre
disposta a receber outra bimbada, sem nem pestanejar. Percebi que a comparação
tinha um sentido profundo e estudado, e foi muito bem empregada!
A
nossa querida colega de colégio Dolores, era o protótipo de uma galinha arisca.
Moça bonita, corpo sedutor esbanjando sexy e charme, carinha de vagaba, olhar
dos mais sacanas possíveis, que, com esse conjunto de predicados, tornava-se um
convite imediato de leva-la para a cama. E pensa que ela não ia? Pois sim! Não
dispensava uma sacanagem em qualquer hora que as oportunidades surgissem. Dizia
cinicamente para as amigas: “não sei quanto tempo vou viver, portanto eu quero
mais é foder”. E isso ela seguia ao pé da letra. No seu último ano do segundo
grau, ainda com 17 anos, olhava para a turma de formandos e dizia
orgulhosamente: Já trazei com todo mundo da classe, menos com Robertinho que é
gay, mas, mesmo assim, um dia fiz um boquete nele que adorou!
Por
ser uma mulher de origem mestiça, era uma mulata amarronzada e, como
complemento do seu apelido, era denominada de “galinha de molho pardo”. Não só
pela sua cor, como também ser uma iguaria deliciosa e gostosa!
Mas,
como tudo tem seus limites com finais felizes ou tristes, o de Dolores,
lamentavelmente, foi dos mais tristes. Nas suas soltas e tiradas aventuras
terminou se contaminando com HIV, quando deu por fé seu estado já estava muito
adiantado e, “penosamente”, faleceu com vinte anos apenas, ontem, e hoje, por
ser amigo dos seus familiares, estou aqui no Jardim da Saudade, dando-lhe meu
último adeus.
Dei
uma olhada lentamente para todos os lados, podendo ver o número expressivo de
rapazes amigos ex colegas, que, provavelmente, tinham tido relações com ela e,
com justa razão, cochichavam preocupados, que imaginei que estavam combinando
para fazer exames urgentes para ver suas condições clínicas!
Assim
sendo, tenham cuidados com as periguetes, galinhas de molho pardo, vagabas,
funkeiras, influencer, vendedoras de nudez, expostas nas redes da NET, que se
transformaram em verdadeiros “aviários” de segunda e terceira classe, sendo o
de primeira, com poleiros de luxo, os das artistas e socialites que se exibem
cotidianamente, com milionários e jogadores de bola bem sucedidos mundialmente!
Sejam
mais qualitativos e cuidadosos. E, quando desejarem comer uma galinha, escolham
uma “galinha caipira”, pois, sendo da roça, as possibilidades de doenças são
bem mais remotas!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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