domingo, 17 de novembro de 2024

A VIDA E SEUS ACIDENTES DE PERCURSOS! (Clique e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Voltando de uma reunião, noite chuvosa desse inverno que inicia friorento, as ruas desertas e mal iluminadas e, bem de repente, vislumbrou um vulto em minha frente, tão inesperado que não deu tempo para que eu freasse totalmente o carro, evitando assim o atropelo. Senti a forte batida, desci rapidamente do carro, deparando com uma mulher e sua sombrinha arrebentada ao seu lado. Ela gemia de dores, mas, aparentemente, não vi sinais de sangue. Comecei a levanta-la com o máximo cuidado, enquanto ela me dizia que colocou a sombrinha na frente por causa do vento e, dessa forma, se desorientou, terminando indo parar no meio da pista, que na verdade eu não tinha nenhuma culpa pelo ocorrido. Mas, com culpa ou não, peguei-a com cuidado, colocando-a no carro e segui para uma Clínica que sabia ser perto de onde estávamos. Ela relutou um pouco, achando que poderia ir para casa, mas, insisti que fôssemos ver clinicamente, se havia ocorri algo de anormal. Ela assentiu, e assim fomos!

Ao chegar, dirigi-me ao balcão de atendimento, felizmente não havia maiores movimentações, e imediatamente a recepcionista fez a ficha, nos mandou entrar numa sala, onde estava uma médica, que deveria ser a plantonista, que daria a assistência devida. Ela colocou a mulher numa cama de exames, solicitou a minha saída, no sentido de proceder os exames mais meticulosamente possível.

Passados uns trinta minutos, as duas saíram da sala, a mulher já com outro semblante, mesmo pouco desarrumada e preocupada em chegar em casa. Não ligamos avisando do fato, porque ela preferiu para não os preocupassem, já que não aconteceu nada de grave, apenas a pancada, que deixou um lado das suas costas arroxeado. Sobre a médica, tive duas curiosidades, mediante sua beleza: olhei seu nome no jaleco (Dra. Juliana) e vi também suas mãos, que não tinha nenhuma aliança. Nos despedimos, pegamos a receita das medicações passadas, paguei o atendimento, e a médica falou que qualquer coisa, podíamos ir lá procura-la!

Fui levar a Carolina em casa (vi seu nome no preenchimento da ficha), dei o meu cartão colocando-me a disposição de qualquer coisa que ela desejasse ou fosse preciso, decorrente do acidente. Mas, ela disse que estava tudo bem, porém, me daria notícias!

Segui para o apartamento, porém, curiosamente, a mulher que não saiu da minha mente, não era Carolina, que foi a peça principal da ocorrência, e sim a médica Juliana, que, curiosamente, deixou-me encantado!

Passados dois dias, recebo uma telefonema de Carolina, dizendo-me que estava sentindo algumas dores estranhas, solicitando que, se possível, eu pedir a Dra. Juliana, que era traumatologista, fazer uma visita, já que ela não gostaria de se deslocar pelas dores. Pecaminosamente, fiquei até alegre com as dores de Carol, pois, dessa maneira, eu teria outra oportunidade de encontrar a mulher que me impressionou à primeira vista!

Mais que depressa, me dirigi a clínica, falei do desejo de falar com a médica, mandaram que aguardasse, porém, com poucos minutos, a maravilhosa Juliana apareceu, cumprimentou-me, ao tempo de eu falava da necessidade de sua visita a cliente, que ela atendeu dias atrás, explicando a dificuldade de levar a doente em função das dores. Prontifiquei-me a leva-la e ela acatou, avisando na recepção que iria fazer um atendimento externo, que avisasse ao seu pai. Aí foi que soube que a clínica pertencia ao seu pai, também médico na mesma área!

Chegamos, Juliana examinou cuidadosamente Carolina, dizendo que havia um pequeno trauma na clavícula, fez uma imobilização no ombro com uma tipoia improvisada, amenizando as dores, além de receitar algo para ser feitas massagens locais!

Voltamos, conversamos pouco, mas, ousadamente a convidei para um jantar, como se fosse um agradecimento pela sua gentil atenção a uma pessoa que ele acidentalmente atropelara. Ela de pronto disse que agradecia, que era sua obrigação de médica, etc. isso falou olhando diretamente em minha cara que, com certeza estava de “cachorro lambido”. Fiquei triste, porém, como um milagre, na hora de saltar, ela virou pra mim e disse: Sabe de uma coisa? Vou aceitar seu convite, pode passar aqui mesmo as 20 horas, que virei aqui, ver algumas coisas e daqui iremos.

Essa mudança inesperada, deixou-me alegre, surpreso e feliz. Segui para minha empresa de advocacia “Rommel Vasconcelos & Filho Ltda.”, fiz minhas rotineiras obrigações, mas, não posso deixar de dizer que na minha cabeça, o primordial era chegar a hora de voltar a me encontrar com a Juliana. Minha expectativa e desejo era tanta, que toda vez que olhava o relógio, parecia que ele estava lento demais para meu gosto.

Já que sou divorciado, a noite me arrumei todo, coloquei meu perfume preferido Kouros, uma roupa da moda, sentindo-me bem mais jovem, no sentido de impressionar minha querida convidada. E aconteceu, pois, logo cheguei e ela apareceu, elogiou minha elegância e disse que quase não me reconhecia, graças ao meu novo visual!

Foi uma noite interessantíssima, conversamos bastante sobre nossas viagens a Europa e Estados Unidos, nossos gostos similares, casos divertidos do tempo de universidades, tudo se desenrolando de uma maneira tão deliciosas e agradável, que, sinceramente, criamos uma amizade e afinidade, percebendo ambos, que tínhamos algo de especial nos unindo naquela noite, que nem em sexo pensamos ou falamos, muito menos fizemos, já que essas saídas noturnas de casais, sempre acabam numa cama. Essa nossa também acabou, porém, cada um em sua casa, provavelmente, ambos encantados com o delicioso e proveitoso jantar!

Daí pra frente, passamos a sair, logicamente começamos um gostoso namoro, nos entrosei bem com sua família e, com certeza, creio que terminaremos nos casando em breve. E como somos adultos e independentes, já combinamos ir ver as Olimpíadas em Paris, já que amamos essa cidade, e somos admiradores fervorosos de esportes!

Vejam vocês como um pequeno acidente, completamente inesperado, pode mudar a nossa vida, logicamente, para melhor ou pior. A minha, felizmente, foi para melhor!

Ah! Ia me esquecendo de dizer, que Carolina ficou ótima, sem sequela, tornando-se nossa grande amiga e considerada o nosso querido Cupido que nos deu a flechada do amor!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia, Grapiúna de Letras!

 


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