sábado, 29 de agosto de 2015

Uma mulher diferente!

Uma mulher diferente!


Antonio Nunes de Souza*

Se observarmos as pessoas, vamos ter a convicção que todas tem características diferenciadas em seus comportamentos, aparências, culturas, educação e, principalmente, os interesses de serem mais sedutoras, simpáticas e sensuais. Esses detalhes são pertencentes tanto aos homens como as mulheres, sendo elas, mais cuidadosas e melhores investidoras nas suas habilidades natas ou aprendidas, aproveitando melhor nas suas vidas para conseguir seus objetivos!

Mas, Kakau era uma mulher completamente diferenciada, pois, além dos predicados acima citados, sabia manipulá-los com uma maestria invejável, conversa bonita e solta que, facilmente conquistava seus interlocutores mesmo através da internet, virtualmente, sabia manobrar as conversas de uma forma agradável, que, com um ou dois contatos, deixava seus novos amigos feitos nas redes, babando de desejo de conhece-la! Verdadeiramente, uma mulher diferente!

Porém, como não existe nada que seja perfeito, quando se deparou com alguém mais experiente, já calejado de lidar com diversas personagens e personalidades, essas técnicas já não foram tão eficazes, uma vez que do outro lado, morava a sagacidade do tempo vivido, pouca paciência para brincar de picula ou gato e rato, vendo nesse método, uma situação um tanto tola para dois adultos se relacionarem, num mundo atual onde as apresentações pessoais são essências e lógicas! E não é que aconteceu com Kakau? Verdade! Deparou, acidentalmente, em uma sala de bate papos com um homem com certa cultura e idade avantajada, que, de início ficou deslumbrado com sua desenvoltura, sorriso solto, bem informada, liberal nas conversas, mostrando ser, realmente, uma mulher diferente. Lógico que, em princípio, dominou a situação e encheu de desejos no seu novo amigo de Net, em logo vê-la de perto e conhece-la o mais breve possível. Mas, exagerando a sua técnica de misteriosa e, ligeiramente, diabólica do bem, porém, passando dos limites, fez com que o interesse de concretizar o trabalhoso encontro, fosse passando gradativamente, reconhecendo ela que, seguramente, a sua falta de segurança pessoal não fosse igual ou espelhasse, uma mulher bonita que deslumbrasse na apresentação, usava desse artifício de mistério, valorizando assim, sua capacidade de iludir com a ausência corporal. Tinha medo que sua aparência simples quebrasse o encanto das conversas na net e no telefone. Pensava ela: Se me verem podem se decepcionar e, se não me conhecerem, terão sempre na mente que eu sou maravilhosa! Deixar essa dúvida, faz parte do meu show. Sempre sairei como alguém muito especial, interessante e desejada! Claro que essa análise pode não ser a realidade do fato, porém deixa com clareza que tem muito com a personalidade apresentada até então. Uma vez que, mais de uma vez, foi marcado um encontro e ela faltou sem dar nenhuma satisfação, apenas se desculpando depois de uma maneira nada convincente. Mas, a desgraçada curiosidade masculina, mesmo com esse comportamento nada distinto, segurou a barra e continuou aguardando a realização do encontro, para poder ver de perto com quem estava tratando, pois, olho no olho somos completamente diferentes!

Assim, entre tapas carinhosos e beijos virtualmente distribuídos, um dia chegamos a marcar um definitivo encontro, sem falhas, para a realização de reconhecimentos pessoais, já que através de fotos já tínhamos uma ideia quase precisa de cada um. E aí aconteceu! Ambos bem arrumados cuidadosamente para, logicamente, impressionar. Abraços, beijinhos nas faces e, sinceramente, mesmo depois de uma hora estando juntos, as conversas foram poucas, não sentia-se no ar uma reciprocidade de afetividade, apenas um encontro comum, sem nada especial, deixando transparecer que ambos estavam loucos para voltarem para suas casas cheios de decepções, talvez, putos da vida, pois, poderia ter sido bem melhor, se nosso anonimato fosse conservado. Mas, já era tarde e havia acontecido o que não era para acontecer. Somente serviu de lição para ele que fosse mais cauteloso nos entusiasmos, e para ela que fosse menos misteriosa e mais coerente. Brincar de “gato e rato”, jamais foi uma maneira simpática e correta para tratar pessoas, No mundo moderno, não perdemos tempo, temos que ser objetivos e rápidos nas decisões!

Depois desse inusitado encontro, passamos a nós falar apenas eventualmente e, por ironia do destino, nunca mais nos encontramos, nos esquecendo daquele diálogos do início, risos largos e doces, deixando como sequela mais uma lição de vida!

Passados alguns anos, pela necessidade em função da idade, tive que procurar uma clínica para fazer fisioterapia e, marquei a consulta sem atentar por quem seria atendido. Veja vocês, quando entrei na sala me deparei com Kakau, séria, toda de branco destacando a sua charmosa negritude. Nos cumprimentamos sutilmente, ela deitou-me na cama e começou a me massagear e apalpar várias partes do meu velho corpo, fazendo uma análise geral de avaliação. Eu, boquiaberto pensei comigo mesmo: “como o destino é cruel e interessante. Anos atrás eu adoraria estar na cama com essa mulher acariciando meu corpo. E hoje, já sem minha libido funcionando a contento, deparo-me com ela, esqueleticamente, acontecendo o que deveria ter acontecido muitos anos atrás, numa noite inesquecível! Pena que não sei o que se passou naquele momento em sua cabeça de uma mulher ainda jovem e desejável!

Será que ainda é uma mulher diferente?

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL –

antoniodaagral26@hotmail.com



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