A traição e o bêbado!
Antonio Nunes de Souza*
Ninguém poderia ser mais feliz que Joãozinho. Economista, funcionário federal concursado, salário respeitável e casado com uma das mulheres mais lindas que possa existir na face da terra. Uma mulata com um corpo meticulosamente bem proporcional e detalhado, curvas nos lugares certos, provavelmente herdadas dos seus antepassados, uma torneada bunda, digna de uma escultura de Michelangelo que, com seu andar sedutor, fazia os homens olharem com a maior usura. Claro que Joãozinho também nutria um desejo incontrolável de se deliciar com uma relação anal. Mas, lamentavelmente, Lorena não permitia de modo algum, mesmo com as tentativas carinhosas dele durante os dez anos de casados!
Porém, essa negativa não afetava a vida do casal, que era feliz em sua convivência. Mas, como o diabo sempre atenta para destruir uma harmonia perfeita, certo dia Joãozinho que voltava, rigorosamente, as 19:00 horas para casa, nunca atrasando e nem tão pouco adiantando, e sempre ligava que já estava indo, teve a necessidade de ir no meio da tarde para apanhar uns documentos que esquecera. E, para fazer uma surpresa não telefonou, passou na floricultura, comprou umas rosas e seguiu!
Ao chegar, abriu a porta com todo cuidado e, silenciosamente, não vendo ninguém na sala, foi até o quarto, empurrou cuidadosamente a porta e deparou com uma cena que jamais esperava e destruiria a sua felicidade. Sem que fosse visto, deixou a porta entreaberta e ficou observando seu melhor amigo, furiosamente, fazendo sexo anal com Lorena que, mexendo sofregamente, demonstrava estar louca de prazer. No impacto do susto, encostou a porta e saiu pálido e debilitado pelo que vira e, para não fazer uma desgraça, comedido que era, resolveu voltar cautelosamente, fechar a porta e ir pensar com calma o que deveria fazer, que fosse algo sensato e não lhe prejudicasse mais ainda!
Passou por uma lixeira, jogou as rosas, cheio de ódio, pegou o carro e foi sem destino pelas ruas. Mas, no caminho, resolveu parar em um bar, para tomar algo no sentido de acalmá-lo. E foi o que fez. Entrou, pediu um Whisky duplo e começou a bebericar. Porém, com aquele tormento na mente, querendo desabafar, viu um homem no balcão bebendo e, como era um estranho, poderia contar sua história, sem que o bêbado soubesse quem eram as pessoas. Principalmente, resguardar sua identidade!
Chamou o homem, convidando-o para sua mesa, oferecendo mais um drinque e, sem pestanear, falou que ia fazer uma narrativa de um fato e queria a sua opinião, que era apenas um teste psicológico. O bêbado, assentiu com a cabeça e disso: Pode desembuchar meu amigo, sou bom de testes!
Aí Joãozinho começou a narrar: Faz de conta que o caso é comigo, para ser mais simples você entender: Sou casado há dez anos e minha mulher é linda e tem uma bunda deslumbrante arrebitada para cima e para trás, que desperta uma tesão incrível até num eunuco. Eu, logicamente, como marido há tantos anos, nunca deixei de cantar aquele anus provocador. Mas, ela sempre foi categórica e sempre dizia que não e que eu não insistisse que não adiantaria, pois era uma questão de educação e princípios! Vendo que não adiantava, para evitar brigas, passei a me contentar em olhar e passar a mão carinhosamente, Aí aconteceu o pior: Um dia eu voltei para casa mais cedo e entrando silenciosamente, encontro meu melhor amigo enrabando minha mulher e ela de quatro na cama, gemia de prazer, que nem percebeu alguém abrir a porta do quarto e nem quando saí e fique vendo pela greta. Deu vontade de matar os dois naquela hora, mas, ponderando, vi que não ia resolver nada, seria um escândalo e eu ia ser era gozado por toda cidade!
-Porra meu amigo. Que situação retada! Mas, continue essa desgraça total, pois estou curioso.
-Saí, sem destino e louco, resolvi parar em um bar, tomar um whisky e refletir o que fazer para não fazer merda. O que você me diz sobre isso tudo? Como você analisaria essa situação com uma mulher que eu confiava até embaixo d’agua?
-Mermão eu certa vez estava com uma disenteria desgraçada e tinha que fazer uma viagem de trem para uma cidade do interior. Coloquei minha melhor roupa, peguei meus documentos, pois era para um vaga de emprego, e segui minha viagem. Mas, com a tremedeira do trem, a barriga sacodindo, me deu a maior vontade de ir ao sanitário. Me levantei bruscamente, corri, entrei baixando as calças e, para minha surpresa, apenas dei alguns peidos e não saiu nada. Vesti a roupa voltando para meu lugar, passados alguns minutos os mesmos sintomas vieram, tornei a correr e aconteceu a mesma coisa. Uns peidos fedidos e nada mais. Voltei aliviado, sentei-me e fui olhando as paisagens pela janela. Então...não demorou cinco minutos os sintomas voltaram a aparecer, e eu, para não perder tempo, indo ao banheiro, levantei a perna e comecei a soltar os meus peidinhos habituais. E, para minha trágica surpresa, me caguei todo, a merda escorrendo pela boca da calça e um fedor filho da puta em toda classe. E todo mundo olhando com nojo para mim!
- Porra cara! Eu lhe conto uma história trágica retada e você vem com conversa de caganeira?
-Mermão essa história é para você ver que não devemos confiar nem no cu da gente, quanto mais no cu dos outros!
Não pude deixar de dar uma risada, quebrar um pouco a raiva e ver que ele tinha toda razão. As situações desastrosas sempre estão passivas de acontecer!
*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – Agral – antoniodaagral26@hotmail.com
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