Antonio
Nunes de Souza*
Ao ligar meu receptor da TV
mundial e universal, já que somente temos uma única estação de transmissão via
satélite, com tradução simultânea para todos os idiomas e dialetos terrestres,
pude ver em quarta dimensão, uma notícia que, pela sua repetição, vinha
assombrando todos os países, sem que a polícia internacional tivesse condições
de amenizar esse tipo de prática criminosa. Estou referindo-me aos roubos arquitetados
por quadrilhas internacionais das mais altas periculosidades, especialistas em
roubos de cargas de água potável!
Estamos no ano de 2051, mas,
desde os anos de 2035 que já acontecia fatos que davam para se prever que,
dentro em breve, isso se tornaria uma rotina, deixando em perigo a população,
pois, nessa época, os marginais já assaltavam os meninos que iam para as
escolas tomando suas doses de um copo de água para sanarem as suas sedes
diárias. Diga-se de passagem, que essa modesta dose, era ofertada pelo governo,
já que a água que, eventualmente, corria nas torneiras, não tinha mais
condições de serem recuperadas em função da alta poluição de mercúrio,
coniformes fecais e outras sujeiras provocadas pelos comportamentos dos homens
em nome do grande (?) progresso.
Naquele momento aparecia ao
vivo uma quadrilha de andróides fabricados para esse fim, utilizando
metralhadoras a laser e, a sua direita, outro caminhão tanque com uma mangueira
fina e eficaz, que sugava toda água para seu recipiente, enquanto a polícia
responsável pela fiscalização da distribuição na cidade tentava combater esse
terrorismo urbano. E, essa modesta, mas, preciosa carga, estava acabando de
chegar de um aproveitamento de um restante de geleiras do pólo norte, custando
uma fortuna aos cofres públicos em termos de valores de importação.
Fiquei bastante triste e
estarrecido, fui tomar o meu banho genérico no chuveiro de raios ultra limpex
e, recordando meu tempo de criança, lembrei-me dos maravilhosos banhos que
tomava no meu querido rio cachoeira, hoje, como a grande maioria do mundo, não
mais existe!
*Escritor –Membro da Academia
Grapiúna de Letras – antoniodaagral26@hotmail.com
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