Antonio Nunes de Souza*
Comemorar
essa data tempos atrás, não passava de curtir mais um feriado nessa Bahia que
tanto amamos e não perde oportunidade de fazer festas, mesmo quando se estava vivendo
uma “independência” cheia de repressões, dentro de uma redoma de
autoritarismos, onde reclamar significava castigos e perseguições.
Mas, mesmo
com a rotulação que temos de lentos e tranqüilos, jamais deixamos de lutar
contra as arbitrariedades em busca dos nossos direitos, mesmo passivos do
sofrimento da marginalização. Pois, mesmo sendo uma maioria, contávamos com uma
parte que embora consciente da realidade, se omitia pelo medo das constantes
represálias daqueles que se achavam donos do nosso Estado.
Felizmente,
mesmo com a nossa lentidão dita peculiar, fomos encorajando aqueles que nos
admiravam a distância, fazendo ver que somente formando uma unidade forte
poderíamos vencer os obstáculos e surpreender a máquina esmagadora que nos
atropelava sem dó nem piedade, nos oferecendo pão e circo, tática obsoleta
usada pelos Imperadores Romanos, hoje modernizada com trios elétricos e banda
de forrós. E, como fez David, surpreendemos toda sua trupe, mostrando através
de uma votação esmagadora que o povo já estava saturado de submeter-se a tanta
subserviência repulsiva.
Afirmo com
uma certeza absoluta que, depois de muitos e muitos anos, desta feita podemos
comemorar o 2 de julho como uma verdadeira independência da Bahia, já que, sem
uma imitação da queda da Bastilha, usando a sabedoria e a consciência cívica,
fizemos cair por terra os ídolos de barro, que governavam com mãos de ferro.
Estamos
vivenciando uma Bahia e um Brasil instituído pelo povo e para o povo, onde a
liberdade de bradar pelos seus direitos será sempre franqueada e respeitada,
pois nosso ideal de governo coloca o povo em primeiro lugar.
Reconhecemos
que algumas precipitações nas reivindicações são admissíveis, pois todos nós
estávamos com dores nos peitos, entalados pelos desejos e necessidades
reprimidas por um passado político nada elogiável e, quando foi dado o grito de
liberdade, cada um quer demonstrar seus sofrimentos e insatisfações, procurando
soluções imediatas para seus velhos problemas. Isso tudo é plausível,
compreensível e, por incrível que pareça, apoiamos com alegria tal
desenvoltura, já que sentimos que o povo aprendeu que seus direitos devem ser
sempre respeitados. Mas, por outro lado, achamos também que a sensatez do tempo
deve ser levada em consideração, dando a oportunidade do governo de estudar as
causas e eliminar, progressivamente, os nocivos efeitos.
Vamos
comemorar esse dois de julho com muito mais orgulho e esperança, pois na
verdade estamos começando uma nova era, onde a participação, solidariedade e
ajuda de todos, jamais veremos uma Bahia como na monarquia disfarçada, que o
povo era tratado como mero coadjuvante.
Vamos
gritar: Salve a Bahia! Como uma saudação pelo seu dia. Pois, salvar a Bahia,
isso nós já estamos fazendo há alguns anos!
*Escritor (Blog
Vida Louca – antoniodaagral26@hotmail.com)
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