Antonio Nunes de Souza*
-Meritíssimo
Juiz o senhor permite que o meu cliente relate os fatos?
- É
procedente senhor advogado de defesa, para que sejam esclarecidas algumas
partes desse processo inusitado.
-Então,
dirigindo-me ao cliente, solicitei que se colocasse em frente ao juiz e
começasse sua narrativa.
-Senhores, procurarei
não omitir nenhum detalhe, mesmo aqueles que possam denegrir minha imagem, uma
vez que minha intenção é alertar todos para que coisas como essa não aconteçam
novamente:
-Embora
ainda esteja no vigor da minha sexualidade, não precisando de reforços
medicamentosos, conversando com um amigo que, mesmo sendo bem mais jovem, é
contumaz usuário de tais produtos, este me aconselhou a experimentar pelo menos
uma vez, apregoando que o meu desempenho melhoraria 100% e o ego iria lá para
as cabeceiras, dado aos elogios que receberia das parceiras altamente saciadas.
Naquele
momento, deram uma larga risada em função da entonação artística que ele deu na
sua narração e, de imediato, vislumbrei em minha mente a mulher dizendo-lhe:
Você é maravilhoso meu amor! Mas, pare, por favor, que não agüento mais meu
bem!
-O senhor
queira se restringir apenas aos fatos, sem citações das suas elucubrações.
Falou o juiz com a voz ríspida, mas, podia-se notar que estava prendendo o
sorriso.
-Desculpe
meu cliente Meritíssimo! Solicito encarecidamente, que suspenda a audiência por
hoje, marcando outra data para que possamos dar uma nova vista ao processo,
apresentando uma defesa mais sólida e eficiente, nos baseando na realidade dos
fatos.
-Concedida a
permissão e fica marcada para próxima segunda-feira no mesmo horário. Disse o
juiz com veemência, batendo o martelo encerrando a sessão.
Então nos
despedimos e eu saí dali pensando no assunto e, por mera curiosidade, resolvi
passar em uma farmácia que eles não pedem receita, dirigi-me ao balconista e
solicitei com a voz mansa e cautelosa o miraculoso produto. O solícito rapaz,
bastante discreto, encaminhou-se ao fundo da farmácia e, minutos depois, voltou
trazendo na mão uma caixinha retangular.
-O senhor
vai querer levar a caixa completa ou apenas alguns comprimidos?
-Bem, como é
a primeira vez que vou usar e será para um estudo profissional, acho melhor
levar o suficiente para a experiência.
-Então um
envelope com quatro comprimidos será satisfatório e colocará o senhor num
pedestal de atletas. Disse ele com um sorriso debochado nos lábios.
Peguei o
santo remédio, paguei e segui o caminho de casa, já pensando com quem iria experimentar
essa minha inovadora era de bom de cama. Aliás, nunca deixei de ser, porém, com
o passar do tempo, já despontavam algumas parcimônias do dito cujo, não
desejando trabalhar com as grandes assiduidades do passado. Como também, os
efeitos servirão de subsídios para a defesa do cliente.
E, quando eu
estava imaginando meus desempenhos sonhadores, toca o telefone na sala.
-Alô! Oi
Tereza, como vai você?
-Tudo bem
Celso! Estou ligando para lhe convidar para nós sairmos hoje à noite. Estou com
vontade de tomar uns chopinhos e comer uma pizza. E depois poderemos até dançar
um pouquinho. Que tal?
-Sem nem
pensar, fui logo dizendo que sim, pois Teka é uma gata maravilhosa e eu andava
doido por essa oportunidade, já que sempre me insinuava, mas ela levava na
brincadeira e me deixava na mão. Agora, sendo sua iniciativa, era sinal que a
coisa iria rolar.
-Então,
passe aqui as 21:00 h. e me pegue. Vou esperar! Beijos!
Claro que me
assanhei todo, peguei o envelope mágico, dei dois beijos, guardei no bolso e
falei: Hoje estou entregue a vocês!
Tomei um
banho caprichado, fiz a barba, aparei com uma tesoura meus pelos pubianos,
olhei para o dito cujo e disse sorrindo: Vai passar bem hoje em malandro? Ele,
mucho estava, mucho ficou!
Bem vestido
como sempre, perfumado e cheio de expectativas, peguei o carro e fui buscar
minha Teka que, aquela altura, eu já a considerava uma caça abatida.
Fomos para a
melhor pizzaria da cidade, onde tinha também uma pista de dança, tomamos umas
três ou quatro garrafas de bom vinho, comemos uma pizza portuguesa e quatro
queijos, dançamos agarradinhos e, meia noite, seguimos para casa, Tereza
preferindo que fossemos ao seu AP para tomarmos um cafezinho. Em seus olhos eu
percebia seu desejo de ser amada com todas as carícias que tinha direito e
esperava de mim, conceituado como muito bom de cama no meio da mulherada.
Enquanto ela
entrou para fazer o café, antes colocou um CD bem romântico de James Taylor.
Aproveitando estar sozinho, fui ao sanitário e tomei a tal pílula miraculosa,
ficando um pouco tenso pela nova experiência que iria passar, além da agradável
sensação de transar com aquela linda mulher.
Teka voltou
com a bandeja e o café, já vestindo um vestidinho de Jersey transparente, que
poderíamos ver as marcas da sua calcinha, assim como que estava sem sutien,
pois, suas tetinhas despontavam assanhadas apontando para cima.
Assim que
Taylor começou a cantar “I love you my king”, ela me puxou para dançar e, sem
nenhum pudor, deixou cair seu íntimo vestido, ao mesmo tempo de ia tirando a
minha roupa, beijando-me e fazendo carícias.
-Excelência
eu comecei a estranhar alguma coisa, pois, toda hora passava a mão no “danado”
e ele nem parecia que iria ter alguma reação. Mole estava mais mole ficava!
Comecei a ficar suado, nervoso e Teka me jogou na cama e já estávamos nus completamente.
Ela numa euforia terrível rolava por baixo e por cima, lambendo e beijando todo
meu corpo, inclusive o dito cujo, mas, o pestilento parecia um urso polar que
estava hibernando, num sono tão profundo que eu chegava a ter impressão que
estava ouvindo um ronco! A essa altura o juiz e toda platéia estavam de olhos
arregalados e atentos ao fato, que, quando parei de falar para beber água, ele
disse: Continue rapaz. Diga logo o que aconteceu!
Então, Teka
percebendo que algo de errado estava acontecendo, sendo uma mulher de classe e
elegante, começou a se masturbar chegando ao prazer, não deixando transparecer
que havia percebido minha incompetência na hora da verdade e, pela minha fama,
deveria ser alguma anormalidade que estava acontecendo, já que ela tinha
convicção da sua beleza, e seu corpo ser escultural e sedutor. A essa altura
dos acontecimentos, não nego doutor que comecei a chorar, pedir perdão a Teka e
menti que estava doente para justificar tal vexame!
-Não se
preocupe, pois isso acontece com qualquer um, uma vez que tem dias que não
estamos dispostos ou com desejos para determinadas coisas.
Com essas
palavras fiquei mais tranqüilo e, imediatamente tratei de me despedir, pois
estava sentindo vergonha quando olhava para ela, linda, maravilhosa e cheia de
tesão! Despedimos-nos e fui seguindo puto da vida para casa e, no caminho,
comecei a sentir meu desastrado membro começar a endurecer, ficar latejando,
querendo rasgar a calça tamanha era sua potência. Percebi que a merda do
remédio, naquela hora é que estava fazendo o grande efeito. Mas, voltar seria
ridículo para mim, pois fiquei com medo de chegar lá e o miserável amolecer
outra vez e eu pagar um novo mico. Com o perdão da palavra, tive que bater
quatro punhetas para acalmar o desajustado e poder dormir com tranqüilidade.
Porém, antes de dormir, liguei para um amigo médico e ele me disse que tem um
que é fabricado no Paraguai, que às vezes tem que se tomar uma hora antes e
outras vezes o efeito vem uma hora depois. É genérico e não confiável.
Então...essa é a razão que desejo uma indenização por damos morais contra a
farmácia, vindo anexada uma declaração autenticada pela lei que fomos
ludibriados, sofrendo decepções desagradáveis que nos afetaram psiquicamente.
Quero dizer que entrei com meu processo interligado ao do meu cliente, pois,
sem que ele precise relatar o seu caso completamente, aconteceu comigo o mesmo
que acabei da narrar, com uma mulher tão linda como a Tereza!
O Juiz,
distraidamente, murmurou baixinho: Pô! Essa foi foda!
Todos caíram
na gargalhada e aí ele percebendo a gafe que cometeu, pigarreou, bateu o
martelo e logo em seguida deu a sentença favorável a nós, acatando nossos
motivos e razões.
Fiquei feliz
com a vitória na lei, mas, depois disso, já tentei dezenas de vezes sair com
Teka e ela sempre dá uma desculpa, certamente não querendo passar uma noite
desastrosa como aquela!
*Escritor
Blog Vida Louca – antoniodaagral26@hotmail.com