Antonio Nunes de Souza*
Acordei
sem ter dormido direito, já que estava preocupado com minha conta de luz e aluguel
atrasados, perfazendo um total de R$ 1.325,50 e, infelizmente, eu só tinha em
mãos R$200,00 no bolso, sem saber como resolver essa desagradável situação, que
todo pobre operário sofre mensalmente!
Tomei
meu café com pão, e saí às pressas para pegar o ônibus para trabalhar, cheio de
desesperanças, uma vez que não tinha pra quem apelar como salvação do meu dilema!
Por
ironia do destino, com menos de cinco minutos, três assaltantes dentro do
ônibus, sacaram as armas rendendo todos, mandaram o motorista encostar o
veículo e saíram vasculhando dinheiro, pulseiras, alianças e celulares de
todos. Felizmente eu na agonia, esqueci meu celular em casa, mas, por azar,
estava com meus R$200,00 no bolso, que me revistaram e levaram na hora,
deixando-me com um ódio mortal, com vontade de bater no canalha até vê-lo morto.
Mas, me segurei, pois seria perigoso enfrentar um homem armado. Todos
apavorados, mulheres chorando, etc., e por sorte passou um carro da polícia, e
vendo o ônibus parado num lugar proibido, encostaram ao lado. Aí, quando os
bandidos perceberam, saíram às pressas pela porta traseira, sendo que o último
deles ao virar para correr, bateu a bunda em meu ombro e, por seu brutal azar,
sua carteira pulou do bolso sem que ele percebesse, caindo exatamente em meu
colo!
Ainda
assustado, olhei rapidamente o conteúdo e vi que estava recheada de notas de
100. Pensei em entregar aos policiais, mas, deu-me um estalo na mente, e
guardando-a no bolso, pensei em dois velhos provérbios populares, que cabiam,
exatamente, com a situação: “Deus escreve certo com linhas tortas”, e no caso
Ele estava ajudando-me a pagar minhas contas. E o outro provérbio é o que diz:
“Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão”. No caso o miserável tinha
levado meus 200 e como castigo tinha perdido bem mais!
Tranquilamente,
coloquei a carteira no bolso, não quis ir a delegacia dar queixa, saltei,
peguei outro Buzu e segui para o trabalho. Ao chegar, fui direto ao banheiro e,
sorrateiramente fui olhar a quantia que tinha na recheada carteira e, para
minha grande alegria, tinha exatamente: R$2.320,00, que daria para me tirar do
sufoco, além de sobrar uma graninha gorda, para eu curtir um paredão com minha
gata no final de semana!
Posso
dizer que esse foi o dia que fui roubado e, minutos depois, fui ressarcido com
juros, multas e correção monetária. Mas, mesmo assim, não quero que aconteça
outra vez, pois, normalmente os resultados são perigosos e prejudiciais!
Não
sei se fui certo ou errado, mas, para quem estava desesperado e aflito, posso
até dizer que foi um milagre divino esse “assalto salvador!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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