Antonio Nunes de Souza*
-Não
acredito no que vocês está dizendo, minha filha, logo você que jamais faltou
nas festas carnavalescas, rainha não oficial dos carnavais baianos?
-Pois
é querida. Esse ano deu a maior merda do mundo, além dessas viroses assassinas.
Porém, tive uma grande felicidade, acompanhada de uma preocupação e despesas
extras, que me eram completamente desconhecidas!
-Abra
o jogo que já estou curiosa para saber das novidades!
-Como
você sabe eu sou super criteriosa, mulher com cabeça feita, mesmo com trinta
dois anos, independente, boa formação profissional, sempre cuidadosa para não
dar chance aos azares da vida e me complicar, mas, no ano passado, teve um
noite que saí sozinha para dar uma volta na avenida, enquanto você ficava com
seu namorado e, nesse passeio, dei minha vacilada imperdoável, e as coisas
aconteceram de formas lindas e inesquecíveis, porém, deixando-me uma sequela
deslumbrante linda, entretanto ao mesmo tempo, um pepino monstruoso para
descascar!
-Pô!
Fala logo mulher, que merda foi essa que aconteceu!
-Parei
numa roda de capoeira e, inesperadamente, surgiu um negro maravilhoso, elegante,
ágil, bonito e sem aqueles horríveis cabelos de rastafári. Começou a dar lindos
saltos e passes maravilhosos, que me impressionaram de tal maneira, deixando-me
perplexa e de boca aberta. Minhas reações foram tão acintosas, que ele quando
parou, encostou-se ao meu lado e perguntou se eu havia gostado!
-Claro
que disse que sim e, sem pedir nenhuma permissão ele me abraçou e convidou-me
pra tomar uma cerveja. Como se estivesse hipnotizada, o acompanhei, sentamos, conversamos,
rimos, nos beijamos, e depois de algum tempo, me pegou pelo braço, levou-me em
uma pensão barata, e fomos para o quarto transar de todas as maneiras que
sabíamos e as que vinham cabeça, esquecendo das consequências posteriores, que achamos
que só acontece com os outros!
-Nada
lhe contei dessa aventura louca, achando que não seria importante, como também
não se enquadrava em mim. Mas, quando cheguei em Curitiba, percebi que estava
gravida, e como sou religiosa ao extremo, não quis de modo algum fazer aborto,
preferindo ter a criança!
-Contando
os nove meses da data do carnaval, meu pequeno Luigi nasceu, estando hoje com
quatro meses de vida (ainda estou amamentando meu querido e inesperado filho!)!
-Assim
sendo, achei melhor ficar cuidando da criança, segurar mais os meus ímpetos,
tomar maiores cuidados com essas contaminações, pois, por incrível que pareça,
não sei nem o nome do homem que me engravidou, pois, na roda de capoeira
chamavam ele apenas de Exótico, e ele me disse que era de Ilhéus. Foi uma
aventura louca e um passo em falso, que pensei jamais dar. Mas, um dia a casa
caí e acontece com todos nós. E, mesmo tendo sido uma porra-louquice, foi um
momento maravilhoso de prazer. Ele era um negão forte, bonito, carinhoso e
muito bem dotado!
Com
isso aprendi que devemos ser mais previdentes, nos policiar e medir as
consequências, que podem causar tais problemas!
-Menina
estou pasma! Logo você que sempre foi a mais ajuizada de todas nós, dar uma de
cão sem dono, e ir parar nos braços de um desconhecido?
-Uma
pena a sua ausência querida, mas as razões justificam e muito bem. Bom
descanso, beijo no baby e, depois do carnaval, que esse ano vai ser bem
maneiro, restrito a alguns eventos com números determinados de pessoas,
comprovação de vacinação, e não sairão nem blocos nem trios, não vale mesmo a
pena você se sacrificar. De qualquer forma, depois vou lhe ligar para contar
como foram as coisas!
-Tchau
Isabella querida! Tudo de bom e tenha seus cuidados para que não aconteça o que
aconteceu comigo!
-Um
grande beijo Virgínia, se cuide e até o próximo ano!
Carnaval
é uma festa alucinante, sendo o da Bahia sacrossanto e pecaminoso, e ao mesmo
tempo, uma grande armadilha cheia de boas alegrias ou complicadas consequências!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de letras!
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