Antonio Nunes de Souza*
Não
era novidade encontrarmos pelas ruas, jovens ainda imberbes, vestidos de Frade
Capuchinho, ou de Padre, usando as tradicionais batinas e coroinhas na cabeça.
Isso acontecia muito nos anos cinquenta!
Pois,
nessa época era quase um modismo, suas fervorosas e católicas mães, por
qualquer doença, faziam tais promessas que, se se recuperassem, ou alcançassem
alguma graça, agiriam dessa maneira, como uma grande gratidão divina, não
levando em consideração a vontade, desejo ou vocação dos seus maravilhosos
filhos (coisas tolas, criadas pelas religiões, assim como atualmente, as roupas
horrorosas, fora da moda e arcaicas usadas pelas evangélicas).
E,
por ironia do destino, Samuel, menino danado, desses que chamamos “endiabrados”,
numa das suas aventuras radicais, caiu de um alto coqueiro, tendo como
consequência um braço quebrado, uma fratura exposta na perna esquerda, além de
vários outros ferimentos pelo corpo, ficando desacordado durante horas. Sua
mãe, Dona Maroca, verdadeira barata de Sacristia, ajoelhou-se ao pé da sua cama
no hospital, e fez a promessa de que se a interveniência Divina curasse seu
querido filho, seria compensada com a ordenação de Samuel, que seria um
exemplar Ministro de Deus!
Enquanto
estava hospitalizado, tendo apenas 13 anos, não ligou para tal promessa,
achando que poderia mais tarde dobrar sua mãe, para que a promessa fosse
negociada, tirando ele dessa empreitada, já que não era sua vocação, pois,
sempre foi chegado a fazer pequenas “sacanagens” com as coleguinhas de
colégios, como também com suas primas.
Infelizmente,
Dona Maroca, mulher que não costumava virar a casaca, deu testa e, sem nem
pestanejar, com 15 anos colocou o filho num seminário, interno e com orientações
para que o colocassem a serviço de Deus, cumprindo sua promessa. Não é preciso
dizer que ele foi P da vida, mesmo seu pai, interferindo com pedidos, Maroca
não deu ouvidos a ninguém!
Passados
alguns anos, padre Samuel foi ordenado com festejos familiares, Dona Maroca
chorando de emoção, igreja cheia de parentes, mas, o pobre Samuel, embora
sorridente por fora, estava muito revoltado por dentro, já que aquela jamais
seria a dele. Fazer o tal do voto de castidade!
O
lamentável de tudo isso foi que, depois de 3 anos numa paroquia, e assistente
de um Convento de Irmãs, Padre Samuel, sorrateiramente, fugiu com a Madre
superiora, deixando ainda para traz quatro freiras gravidas, além dos
aproveitamentos das confissões, transando com as devotas que se abriam, confessando
suas aventuras sexuais.
Logicamente,
com esse currículo pecaminoso, foi excomungado pelo Bispo e pelo papa, largou a
batina, foi trabalhar como professor, continuou com Irmã Betina, teve cinco
filhos e, como era de se esperar, jamais voltou a sua terra natal, pois, Dona
Maroca estarrecida com os acontecimentos, havia morrido de desgostos!
Uma
lamentável prova que, nas nossas juras e promessas, não devemos, em nenhuma
hipótese envolver outras pessoas, para suas realizações. Com seus filhos,
sempre justo será que eles escolham e estudem seguindo suas vocações, façam
suas formações com profissões que se identifiquem, sem as exigências
familiares!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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