segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

PADRE SEM VOCAÇÃO! (Clique e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Não era novidade encontrarmos pelas ruas, jovens ainda imberbes, vestidos de Frade Capuchinho, ou de Padre, usando as tradicionais batinas e coroinhas na cabeça. Isso acontecia muito nos anos cinquenta!

Pois, nessa época era quase um modismo, suas fervorosas e católicas mães, por qualquer doença, faziam tais promessas que, se se recuperassem, ou alcançassem alguma graça, agiriam dessa maneira, como uma grande gratidão divina, não levando em consideração a vontade, desejo ou vocação dos seus maravilhosos filhos (coisas tolas, criadas pelas religiões, assim como atualmente, as roupas horrorosas, fora da moda e arcaicas usadas pelas evangélicas).

E, por ironia do destino, Samuel, menino danado, desses que chamamos “endiabrados”, numa das suas aventuras radicais, caiu de um alto coqueiro, tendo como consequência um braço quebrado, uma fratura exposta na perna esquerda, além de vários outros ferimentos pelo corpo, ficando desacordado durante horas. Sua mãe, Dona Maroca, verdadeira barata de Sacristia, ajoelhou-se ao pé da sua cama no hospital, e fez a promessa de que se a interveniência Divina curasse seu querido filho, seria compensada com a ordenação de Samuel, que seria um exemplar Ministro de Deus!

Enquanto estava hospitalizado, tendo apenas 13 anos, não ligou para tal promessa, achando que poderia mais tarde dobrar sua mãe, para que a promessa fosse negociada, tirando ele dessa empreitada, já que não era sua vocação, pois, sempre foi chegado a fazer pequenas “sacanagens” com as coleguinhas de colégios, como também com suas primas.

Infelizmente, Dona Maroca, mulher que não costumava virar a casaca, deu testa e, sem nem pestanejar, com 15 anos colocou o filho num seminário, interno e com orientações para que o colocassem a serviço de Deus, cumprindo sua promessa. Não é preciso dizer que ele foi P da vida, mesmo seu pai, interferindo com pedidos, Maroca não deu ouvidos a ninguém!

Passados alguns anos, padre Samuel foi ordenado com festejos familiares, Dona Maroca chorando de emoção, igreja cheia de parentes, mas, o pobre Samuel, embora sorridente por fora, estava muito revoltado por dentro, já que aquela jamais seria a dele. Fazer o tal do voto de castidade!

O lamentável de tudo isso foi que, depois de 3 anos numa paroquia, e assistente de um Convento de Irmãs, Padre Samuel, sorrateiramente, fugiu com a Madre superiora, deixando ainda para traz quatro freiras gravidas, além dos aproveitamentos das confissões, transando com as devotas que se abriam, confessando suas aventuras sexuais.

Logicamente, com esse currículo pecaminoso, foi excomungado pelo Bispo e pelo papa, largou a batina, foi trabalhar como professor, continuou com Irmã Betina, teve cinco filhos e, como era de se esperar, jamais voltou a sua terra natal, pois, Dona Maroca estarrecida com os acontecimentos, havia morrido de desgostos!

Uma lamentável prova que, nas nossas juras e promessas, não devemos, em nenhuma hipótese envolver outras pessoas, para suas realizações. Com seus filhos, sempre justo será que eles escolham e estudem seguindo suas vocações, façam suas formações com profissões que se identifiquem, sem as exigências familiares!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

 

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