Antonio Nunes de Souza*
O ano finda
e passamos a nos preparar para as festas natalinas. Comerciantes enfeitam suas
vitrines, aumentam estoques, reforçam propagandas, contratam temporários e
esperaram que as vendas explodam, através das ferozes e enganosas “Black
Friday”!
Nós com
nossas baixas rendas, ficamos na esperança de receber o tão esperado décimo
terceiro, para cobrir parte do cheque especial, “barrigar” os cartões de
crédito e fazer novas compras, seguindo a rotina normal da pobreza brasileira!
Essa é a
sina de nós mortais, sobreviventes de uma luta insana, o mínimo é, com certeza,
fazer novas dívidas comprando e dando presentes, festejando o natal e a entrada
do novo ano. Pois, de modo algum, não podemos deixar passar em branco as nossas
festas, como o natal, ano novo, carnaval, lavagens de igrejas, São João, São
Pedro, dia das mães, pais, crianças, cidade, feriados cívicos, etc., sem levar
em conta as micaretas das cidades do interior e outras festas de menores
expressões. Esse é o comportamento cultural dos brasileiros, que todos não
querem que mude, a não ser para melhor!
Segundo
estatísticas levantadas por especialistas na área de sociologia, trabalho e
lazer, dos 365 dias do ano, nós brasileiros, os utilizamos da seguinte forma:
52 domingos,
52 sábados (que alguns trabalham meio período), considerou-se apenas como nulos
26. 22 feriados e dias santificados, 07 dias de carnaval, 30 dias de férias,
uma média de 08 dias com licenças médicas ou dispensas por necessidades
pessoais e mais 05 com faltas injustificadas, chegando-se a conclusão
desanimadora que, lamentavelmente, trabalha-se em nosso país apenas 215 dias/ano!
Porém, como
trabalha-se oito horas por dia, aprofundando a pesquisa, ficou caracterizado
que, para suas necessidades pessoais (dormir, comer, fazer cocô, xixi, tomar
banho, lazer, etc.), nós utilizamos em torno de 11 horas/dia, que representa em
termos gerais o equivalente a 98 dias.
Resultado:
Dos 215 dias úteis, retirando os 98 de utilização pessoal e privada, na verdade
só somos produtivos, a simplória bagatela de 117 dias/ano. Vale dizer, que não
foram contabilizadas as licenças maternidades, por tratar-se de casos
especiais.
Parece um
resultado exagerado, mas é uma pura realidade, que você mesmo pode comprovar,
baseando-se em seu próprio comportamento normal, acompanhando e anotando suas
atividades do cotidiano. Aí você verá, que se trabalhássemos mais, certamente nossos
rendimentos seriam muito mais substanciais, e estaríamos numa situação mais tranquila
agora nos festejos natalinos, e nos outros todos também. Inclusive, o
desenvolvimento do nosso país seria outro, pois, contaria com uma maior força
de trabalho, colocando-o a muito tempo como país desenvolvido, como fez a
Alemanha, Japão, França, Rússia, Itália e outros, que depois de bombardeados na
segunda guerra mundial, sessenta anos depois fazem parte dos oitos países mais
ricos do mundo, graças ao patriotismo, garra, trabalho e, principalmente, o
grande investimento na educação.
Bom será que
nesse Natal que se aproxima, possamos todos fazer uma reflexão, mesmo que não
seja para aumentar a jornada de trabalho (que está em andamento no congresso
sua diminuição), mas, pelo menos, trabalharmos com mais compromisso com a
nação, pois, todos os desenvolvimentos que possam advir, serão benéficos para
todos os envolvidos, inclusive e principalmente, preparando um país melhor para
os nossos filhos e netos.
Tenho
certeza que você pensou nesse momento o seguinte: Eu vou me matar de trabalhar
para os políticos roubarem tudo? Nem pensar, meu irmão!
Você pode
até ter razão, pois, contamos com muitos deles que assim procedem. Mas, você
nunca parou para pensar que isso também é nossa culpa?
Que nós é
que escolhemos os políticos com nossos votos?
Que muitos
deles, comprovadamente, desviaram e subtraíram recursos públicos, e nós os
reelegemos por várias vezes?
Será que não
foi olhando apenas os nossos interesses, esquecendo a cidadania, que ajudamos a
reeleger esses corruptos?
Pois é!
Antes de falar, analise se você de alguma forma, não ajudou a colocar esses
cancros nas administrações e legislações do nosso tão sofrido Brasil. Jamais
esquecer, que o retrato de uma nação democrata é o seu povo. E nós temos o
livre arbítrio de escolher o que seja melhor para todos, sem querer
singularizar os interesses, prejudicando a grande maioria. E o que é pior e
mais absurdo, é depois de fazermos à interesseira atitude, temos a petulância e
cinismo de dizer que o político somente é que é o desonesto.
Vamos
refletir tomando atitudes, exercendo a cidadania, trabalhando com mais empenho
que, certamente, algum dia teremos um Natal, literalmente, Feliz!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário