quarta-feira, 14 de setembro de 2022

QUEM NÃO ARRISCA NÃO PETISCA!

 

Antonio Nunes de Souza*

Com essas viroses pastando pelas ruas, logicamente não dá nenhuma vontade para se sair, passear, se divertir, sem que tenhamos algum perigo, não só de saúde como também de assaltos, sequestros, balas perdidas e outras merdas desagradáveis, as vezes até mortais!

Mas...ficar em casa jiboiando é foda. Temos que em algumas ocasiões, vencer esses medos e dar uma saída qualquer para espairecer, mesmo que seja uma excursão bem estilo esporte radical. E foi o que aconteceu ontem, quando Thayana passou lá em casa, e me chamou para ir a um comício do seu candidato. Achei uma maluquice ter que enfrentar aglomeração, voltar tarde de ônibus, ladrões roubando celulares, etc., porém, já chateada dessa fase caseira, resolvi aceitar a parada!

Me arrumei rapidamente, descemos, pegamos um buzu, que por sorte estava meio vazio, sentamos e seguimos para enfrentar a guerra. Chegamos na praça, ainda tinha pouca gente, apenas uma batucada tocando, alguns contratados da claque com bandeiras, além de uns gatos pingados. Mas, com o passar dos minutos foram chegando ônibus lotados dos partidários, além de muitas outras pessoas! O fato é que, com uma hora, havia uma puta lotação, som alto falantes bradando os grandes feitos do candidato, esbanjando elogios na preparação da sua fala ao ansioso povo presente!

Nisso começou o evento, falando antes os políticos menos importantes, até que chegou a hora do candidato de minha amiga. Rufaram os tambores, foguetórios, palmas, gritos e as porras. Ele falou bonito, foi aplaudido intensamente e, passadas umas duas horas, terminou tudo, uma confusão retada, os ônibus lotados prá caralho, e isso me fez ficar tensa e preocupada. Thayana chegou pra mim e falou: Leyrinha vamos chamar um carro da Uber que é barato e muito mais sossegado! Achei a ideia boa e bem lógica, e assim fizemos. Telefonei, dei referência do lugar onde estávamos e o destino, e o carro ficou de chegar com 10 minutos. Essa sugestão me deu um bom alívio, e ficamos escanteadas no ponto indicado para o motorista nos localizar. Antes dos 10 minuto o carro chegou, bonito e de luxo, tendo ao volante um cara gatíssimo, que Thayana olhou pra mim e deu aquele sorriso sacana, que eu correspondi na hora! Demos boa noite, o endereço já estava dado, apenas faltava somente o JPS nos levar para nossas casas numa boa!

Conversando eu falei que estava morrendo de fome e Thayana disse que também, mas, em casa não tinha zorra nenhuma para comer. Nisso o motorista falou: Se vocês quiserem eu posso passar no restaurante de minha prima, que nas terças feiras ela serve um sarapatel de cair o queixo. Eu também estou com fome, nós podemos comer e depois continuamos levando vocês para seus destinos. A sua cara demonstrava ser uma pessoa decente, além de bonito. Nos olhamos e, como recusar esse gentil convite?

Ele se apresentou: Meu nome é Fernando Caldas, sou filósofo e estou fazendo doutorado e, para garantir meu curso, trabalho para a UBER, que dá para as despesas e não me empata estudar! Dissemos que éramos estudantes de enfermagem, já no último semestre. A partir desse acordo, fomos conversando e nos conhecendo melhor, até que chegamos no restaurante, que se chamava “O cantinho da Virgínia”. Entramos, Fernando foi buscar a sua prima, nos apresentou e mandou caprichar em 3 pratos de sarapatel super especiais, para suas amigas passageiras. Pedimos uma cervejinha gelada, começamos a beber e conversar, cada um dizendo detalhes de suas vidas, até que quando acabamos de comer, já estávamos todos na maior intimidade, saindo inclusive os três abraçados, quando nos despedimos e agradecemos a Virgínia, que, gentilmente, nada nos cobrou!

No caminho, Leyrinha já sentada na frente com Fernando, fomos rindo e comentando que foi uma delícia. Aí, de supetão, Fernando disse: Que tal irmos até meu apartamento para tomarmos um licor digestivo e ouvir umas MPB de qualidade? Antes que eu pudesse dar minha opinião, Leyrinha disse: Ótimo Nando, pode ir que será um prazer. Eu fiquei puta por dentro, pois Leyrinha é foda e adora uma sacanagem, e eu senti que ia terminar nisso, pois já conheço esse papo de boa música e tomar um vinho ou licor!

Ele encostou o carro na garagem do edifício, pegamos o elevador e fomos parar no décimo andar. De lá de cima a vista era linda, cobrindo a metade de Salvador, com uma iluminação brilhante e a lua despontando cheia e bela. Ambiente típico para qualquer coisa, principalmente para uma sessão de sacanagem, fato que aconteceu durante as duas horas que passamos no AP de Fernando. Foi uma “menage a trois” que eu nunca tinha feito, mas, juro que adorei bastante e gozei como gente grande. Quase que tive de tirar Leyrinha a pulso de cima de Fernando. Vá gostar de rola assim na casa do caralho!

Tomamos um bom banho, nos arrumamos, Fernando foi nos levar em casa e, como foi uma delícia, sempre às terças feiras ligamos para Nando e vamos comer nosso sarapatel sexual. Algumas vezes eu vou sozinha, mas Leyrinha parece que é tarada por uma rola, fica puta quando eu não chamo ela!

Isso é para vocês verem que, muitas vezes, ficamos com medo de fazer certas coisas, e perdemos uns inesperados programas deliciosos e inesquecíveis!

Como gratidão, não posso deixar de votar no meu candidato, que antes de ganhar já me deu bons prazeres!

*Escritor – Historiador, Cronista e Poeta!

 

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