segunda-feira, 26 de setembro de 2022

DEPOIS DA TEMPESTADE!

 

Antonio Nunes de Souza*

Era quase impossível ter uma visão da rua, pois, o torrencial aguaceiro caía com turbulência que, com a ventania existente, mais parecia uma tempestade que um dia de chuva!

Essa era a imagem e situação que todos, ou os poucos corajosos, estavam enfrentando naquele momento, onde a inesperada chuva sentia-se rainha, comandando e mandando milhões de litros de água, que em função dos bueiros sempre entupidos de poeiras e lixos, faziam com que o acúmulo de poças fossem se avolumando, fazendo o desgastado asfalto se transformar em uma bela corrente de água enlameada!

Infelizmente, vindo do trabalho, caminhando para o ponto de ónibus, tive que enfrentar e sofrer, sem muita alternativa, se voltava, ou continuava. Mas, com a água na altura da canela, acima do meio fio, que poderia eu fazer?

A rua começou a ficar deserta, pessoas correndo para todos os lados e, quando dei por mim, estava encostada em uma porta de uma loja já fechada, completamente molhada e, logicamente, com medo e assombrada por sentir-me completamente solitária. Juro que comecei a rezar, pedindo a Deus uma salvação e, como se ele estivesse ouvindo minha solicitação, pára um carro em minha frente, e o motorista abre a porta me chama com certa insistência: Venha minha filha! Depressa saía daí!

Claro que não precisou falar duas vezes. E eu também nem me preocupei se a pessoa era ou não digna de se confiar. Apenas, em segundos pensei: Perigo por perigo, que seja pelo menos com proteção de não me afogar, sendo arrastada para um grande bueiro!

Totalmente encharcada, somente senti ele virar para trás, pegar o seu paletó e colocar por cima de mim, que de tão quentinha, nem me incomodei de ter entrado bruscamente no carro. Vi em seus olhos a maneira gentil que estava procedendo, pensando apenas em me proteger!

-Vou encostar o carro num lugar mais alto e seguro, e vamos aguardar que melhore para seguirmos com segurança!

-Tudo bem, e muito obrigado por ter me tirado daquela situação vexatória e perigosa!

Começamos a conversar sobre nós, ele era advogado e eu secretária executiva na diretoria de uma grande empresa. O fato é que, conversa vai, conversa vem, terminamos transando dentro do carro, pois, senti que ele era uma pessoa confiável e bonita ((vi no seu dedo uma aliança de casamento) e eu tinha a minha de noivado! Mas, a circunstância não dava para eu deixar de pagar aquele bendito socorro com afagos e carícias. Não posso negar que suas penetrações, na frente e atrás não foram boas. Me fez gozar várias vezes. Mas, em compensação, fiz-lhe um boquete com tanta volúpia, deixando ele completamente louco nos estertores orgásticos! Senti-me competente, carinhosa e uma grande compensadora de um enorme favor!

Terminamos tudo sem falar ou fazer comentários, a chuva amenizou, os ônibus voltaram a aparecer, eu apenas abri a porta, agradeci mais uma vez, dei boa noite, fechei a porta do carro e segui o meu destino!

O fato é que, depois da tempestade... veio a bonança. Foi um momento inesquecível, porém, nem fiquei sabendo o seu nome e nunca mais nos encontramos. Mas, todas as vezes que chove bastante, nunca deixo de me lembrar daquele momento inesperado e maravilhoso!

*Escritor – Historiador, Cronista e Poeta!

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