Antonio
Nunes de Souza*
-Pô
meu filho, porque está me fazendo uma pergunta dessa?
-Mãezona
desde que começou a quarentena, que ele vem me chamando e convidando
insistentemente para eu participar de certas brincadeiras, provavelmente
copiadas do tempo de antanho, ou nem sei se existiram tais bobagens!
-Como
assim, filho se explique melhor, você já tem 8 anos e sabe fazer com que eu
entenda a sua pergunta esquisita!
-Nos
primeiros dias ele me chamou para uma brincadeira que disse que era maravilhosa
e, levando-me ao quarto, acendeu uma vela para que com a sombra da luz, ficássemos
os dois fazendo com as mãos caras de animais na parede. Achei ridícula a
brincadeira, digna de crianças de dois anos da APAI, pois nunca vi semelhante
bobagem! Mas, segurei a barra e me calei!
-No
dia seguinte ele convidou meus amiguinhos do apartamento vizinho e nos levou
para o playground para brincarmos de roda com uma música chata e sem graça,
chamada Ciranda Cirandinha vamos todos cirandar, etc., todos rimos e achamos
que ele estava pirado, ou tinha surtado. Sentimos todos que ele ficou puto da
vida!
-Ontem
ele me chamou no corredor do apartamento me mostrou uma porção de quadrados
riscados e disse que iríamos brincar de “amarelinha”. Fiquei sem entender zorra
nenhuma mãezinha, nunca soube o que era amarelinha. Só conheço as vermelhinhas
bandeiras do PT e do PCDOB nas passeatas das ruas!
-Parece
que ele ficou chateado e resolveu partir para a parte de leitura. Aí, pegou um
livro chamado “Pequeno Príncipe” de um tal Exupéry, ou sei lá se o nome foi
esse mesmo, um livro careta que deve ter uns cem anos de escrito, para eu ler,
deixando de lado o meu Ipod. Veja se pode?
-Ele
está querendo ser gentil, meu filho!
-Prefiro
quando ele está na sua empresa trabalhando, pois, já me interrompeu várias
vezes com suas ideias retardadas, fazendo eu deixar meus avançados jogos no
celular e também de ouvir e dançar funk e hip-hop. Pobre papai, o coitado ainda
está no século 19 e não percebeu a evolução do tempo!
Hoje
tarde ele me chamou novamente para brincarmos de “pinta lainha, quem te pintou,
foi uma velhinha que aqui passou”. Mas, dei uma desculpa e me piquei para a
aula de vilão!” Nem quis saber que zorra era essa da tal lainha!
Esse
é um dos fatos e atos interessantes que a endemia fez vir à tona. Ou seja, as
preocupações com os negócios e a vontade de ampliar riquezas, faz com que você
não acompanhe a educação dos seus filhos!
Seja
sensato e saiba administrar bem o seu tempo, sua vida profissional e doméstica,
pois, com certeza, será mais prazeroso e colherá melhores frutos!
*Escritor-Historiador-Membro
da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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