Um homem diferente!
Antonio Nunes de Souza*
Nas nossas andanças, queiramos ou não, sempre nos deparamos com coisas e pessoas diferenciadas, totalmente fora dos padrões, mas, interessantes e curiosas. Nesse caso estou referindo-me a um cara apelidado de Vatapá, que, quando o vi, imaginei ser um baiano criado no Pelourinho, Mercado Modelo e nos bairros boémios de Salvador!
Mas, não era nada disso meus amigos! Tratava-se de um pernambucano bem nordestino, que apareceu no bairro há uns dois anos e foi logo apelidado de Vatapá, já que era habitual a característica local de rotular seus moradores. Aí, sinceramente, me veio a curiosidade de saber o “por que” do apelido de Vatapá em um pernambucano e, logo perguntei ao dono do bar onde estava. Ele, imediatamente, passou a me dar as explicações pertinentes, justificando a categoria de quem escolheu tal alcunha: Ele é amarelão, cabelos cor de dendê, simples e com aparência de cocô de menino, mas, segundo as mulheres do bairro e das cercanias, é muito gostoso de se comer!
Dei uma boa gargalhada, olhei para o camarada que estava a alguma distância e vi o sentido de todos os detalhes narrados, somente ficando a dúvida se aquela figura era, realmente, gostosa nos beirais das camas. Que aliás, para mim, além da curiosidade, nada significava!
Por ter achado bem minuciosa a explicação do apelido, seguindo meu ímpeto de cronista, resolvi, naquela noite de sábado, ir ao baile “bate barriga” e Funk sem ostentação, mais para esfregação, ver a atuação de Vatapá já que ele era uma das atrações especiais do mulheril, nas rodas mundanas de danças exóticas e eróticas!
O barracão além de um enorme salão, palco, bar, sanitários, etc., ainda funcionava, discretamente, alguns quartos nos fundos que, sigilosamente, eram alugados por hora para os casais que queriam chegar aos extremos orgásmicos. O fato é que quem ia curtir a noite tinha todas as possibilidades e regalias para voltar para casa sem medo de ser feliz!
Para cumprir a minha missão, fiquei de olho no “comida baiana”, acompanhando de longe as disputas das periguetes e mocinhas, para ter a oportunidade de dançar com ele. Aí, vi quando ele abraçado a uma mulher gostosíssima e bonita, seguiu para a parte do fundo onde estavam situados os quartos. Secretamente, como se fosse um 007, sorrateiramente o segui a distância e vi quando entrou no quarto 09. Corri para o rapaz recepcionista e pedi a chave do quarto 10. Ele me olhou estranho mas, como paguei e dei uma gorjeta boa, nada disse a não ser dar um sorriso de agradecimento. Entrei silenciosamente, procurei uma pequena brecha entre as divisões de tábuas de forro e, fiquei na espreita querendo ver sua atuação e o que seria que fazia dele uma maravilha fora do comum!
Rapaz! Fiquei estarrecido e de boca aberta, quando vi Vatapá beijar a mulher começando pelos seios, descendo para a barriga, passando pelo umbigo e, quando chegou na gruta maldita, colocou para fora uma língua enorme que parecia um tamanduá caçando formigas, enfiava a sua protuberante arma bucal que deveria estar alcançando o útero e o ovário ao mesmo tempo, numa maestria de um verdadeiro liquidificador misturado com beija flor, ao tempo que a mulher tremia e, mesmo deitada, sapateava e gritava: Vai Vatapá, faça um caruru nessa minha perseguida, que estamos em setembro, mês de Cosme e Damião! Ele nem respirava direito, mas, agia com uma eficiência invejável.
Saí rapidamente e fui para o salão, impressionado com o que acabara de ver. Logo em seguida aparece Vatapá e sua parceira, toda dengosa enchendo ele de beijos e carícias, em função de ter sido gratificada por uma máquina lingual que, além de grande, tinha a velocidade de uma batedeira de bolos.
Mais uma vez, comprovei que os apelidos e rotulações que o povo dá para a maioria das pessoas tem um verdadeiro sentido!
*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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