sábado, 30 de maio de 2015

Reivindique mas, não prejudique!

Reivindique mas, não prejudique!


Antonio Nunes de Souza*

A instituição do uso da greve como uma maneira de se conseguir alguns direitos, exigir respeito, democracia e outras exigências, cabíveis ou não, vem desde os tempos primórdios, quando heróis, solidários e corajosas pessoas, resolveram enfrentar as grandes forças, administrações, governos, empresários gananciosos e exploradores que, em função das suas forças políticas e financeiras, exploravam seus comandados, pensando apenas em ampliar suas posses e riquezas, obviamente, seus poderes!

Alguns trabalhadores mais destacados pelas suas desenvolturas e facilidade de expressão, procuravam seus comandantes e, em nome de suas classes solicitavam as determinadas medidas precisas e necessárias para melhores desempenhos e, logicamente, melhoria em suas vidas, através de salários justos e merecedores. Mas, como disse acima, os podres e gananciosos poderosos, logo demitiam esses modestos e guerreiros líderes, fazendo com essas atitude, assombrassem e acalmassem todos, conformando-os com a situação vigente. Era a lei do mais forte (até hoje vigente), que determinava como as coisas deveriam ser conduzidas!

Então, com o passar do tempo, as classes foram se organizando, criando associações, sindicatos e outras representatividades, contando, minusculamente, com as obscuras leis, procurou-se estabelecer um diálogo entre os interessados, propostas apresentadas, estudadas e, mesmo assim, somente as questões que beneficiavam, unilateralmente, os poderosos eram aceitas, em detrimento do povo. Aí, mediante a falta de respeito, cidadania, solidariedade e humanitarismo, começaram os movimentos de paralizações temporárias, como uma forma de pressão, já que, sem funcionar seus negócios, os prejuízos seriam fatais, para que eles dessem ouvidos as reivindicações apresentadas e, mais que depressa apresentassem soluções, mesmo paliativas, porém, que suas empresas e administrações tivessem continuidades. Mas, o que se viu no passado, foram muitas dessas greves pacíficas serem rechaçadas na base de cassetetes, prisões e demissões, conseguindo-se pouco do essencial e desejado. Mas, mesmo com essa torpe receptividade, em vez de amedrontar, os efeitos foram contrários, pois os sindicatos e associações foram crescendo assustadoramente, chegando ao ponto de criarem seus partidos políticos, elegerem seus representantes e, mesmo com forças inferiores, já tinha uma base de defesa que impunha certo respeito. Assim sendo, as greves passaram a ser a arma mais poderosa dos trabalhadores em geral, englobando todas as classes. Hoje, tenta-se o diálogo, faz-se propostas e, se não houver respostas adequadas e pertinentes, as classes fazem suas greves com paradas sem previsão de retornos, esperando para regularização dos trabalhos, quando são ouvidos, respeitados seus direitos e aprovados, pelo menos, 60% no mínimo das reivindicações!

Vocês leram uma modesta síntese da história grevista e suas razões, entretanto, imagino que ninguém se preocupou com esse movimento que, barbaramente, dá grandes prejuízos a nação, principalmente na saúde, educação, segurança e transporte, uma vez que atrofia os atendimentos médicos e hospitalares, priva milhões de alunos de frequentarem suas aulas, as cidades ficam à mercê dos bandidos e, a falta de transportes deixam as cidades totalmente desordenadas, não dando oportunidade as pessoas chegarem em seus trabalhos!

Será que não estamos adultos e educados suficientes para encontrar uma “arma” que reivindique mas, não prejudique?

Pois, fazendo-se uma análise bastante simplista, chegamos à conclusão que as greves são facas de dois gumes, sendo que, do lado do povo, o corte é bem mais afiado! Para minimizar esses prejuízos causados pelos movimentos grevistas, temos em princípio que votarmos melhor, escolher pessoas que tenham responsabilidade, comprovadamente, com o povo, não querer que tudo se resolva imediatamente, estimulando centenas de greves ao mesmo tempo, analisar quanto, você mesmo, está sendo prejudicado através dos problemas que está causando aos seus familiares!

Assim sendo, não querendo ser um advogado do diabo, nem defensor dos poderosos, percebe-se, claramente, que meu desejo é que, apenas, procuremos uma maneira que menos prejudique a sociedade, na hora das exigências de melhores benefícios. Somos racionais e devemos ser solidários em nossas atitudes, reivindicando sim, mas sem prejudicar!

*Escritor - Membro da Academia Grapiúna de Letras – antoniodaagral26@hotmail.com

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