sexta-feira, 8 de maio de 2015

Experiência com o estimulante!


Experiência com o estimulante!

Antonio Nunes de Souza*

-Meritíssimo Juiz o senhor permite que meu cliente relate os fatos e sua defesa?

- É procedente advogado Gabriel, para que sejam esclarecidas algumas partes desse processo inusitado.

-Então, dirigindo-se a mim, o advogado solicitou que me colocasse em frente ao juiz e começasse minha narrativa.

-Senhores, meu nome é Guimarães e procurarei não omitir nenhum detalhe, mesmo aqueles que possam denegrir minha imagem, uma vez que, minha intenção é alertar todos para que coisas como essas não aconteçam com outros. Embora ainda esteja no vigor da minha sexualidade não precisando de reforços medicamentosos, conversando com um amigo que, mesmo sendo bem mais jovem, é contumaz usuário de tais produtos, este me aconselhou a experimentar pelo menos uma vez, apregoando que o meu desempenho melhoraria 100% e o ego iria lá para as cabeceiras, dado aos elogios que receberia das parceiras altamente saciadas.

-Naquele momento, dei uma larga risada pela entonação artística que ele deu e, de imediato, vislumbrei em minha mente a mulher dizendo-me: Você é maravilhoso, mas, pare, por favor, que não agüento mais!

-Por favor, queira restringir-se apenas aos fatos, sem citações das suas elucubrações. Falou o juiz com a voz ríspida, mas, podia-se notar que estava prendendo o sorriso.

-Desculpe Meritíssimo! Então, nos despedimos e eu saí dali pensando no assunto e, por mera curiosidade, resolvi passar em uma farmácia que ele havia recomendado dizendo que eles não pediam receita. Dirigi-me ao atendente e solicitei com a voz mansa e cautelosa o miraculoso produto. O solícito balconista, bastante discreto, encaminhou-se ao fundo da farmácia e, minutos depois voltou trazendo na mão uma caixinha retangular.

-O senhor vai querer levar a caixa completa ou apenas alguns comprimidos?

-Bem, como é a primeira vez que vou usar, acho melhor levar o suficiente para a experiência, e se for interessante e eficaz, voltarei aqui para adquirir mais.

-Então um envelope com quatro dá para duas ou três vezes, colocando o senhor num pedestal de atletas. Disse ele com um sorriso maroto nos lábios.

Peguei o santo remédio, paguei e segui o caminho de casa, já pensando com quem iria inaugurar essa minha nova era de bom de cama. Aliás, nunca deixei de ser, porém, com o passar do tempo, já despontavam algumas parcimônias do dito cujo, não desejando trabalhar com as grandes assiduidades do passado.

E, quando eu estava imaginando meus desempenhos sonhadores, toca o telefone.

-Alô! Oi Tereza, como vai você?

-Tudo bem Guimarães! Estou ligando para lhe convidar para nós sairmos hoje à noite. Estou com vontade de tomar uns chopinhos e comer uma pizza. E depois poderemos até dançar um pouquinho. Que tal?

-Sem nem pensar, fui logo dizendo que sim, pois Teka é uma gata maravilhosa e eu andava doido por essa oportunidade, já que sempre me insinuava, mas ela levava na brincadeira e me deixava na mão. Agora, sendo uma iniciativa dela, era sinal que a coisa iria rolar.

-Então, passe aqui as 21:00 hs e me pegue. Vou esperar! Beijos!

Claro que me assanhei todo, peguei o envelope da farmácia na mão, dei dois beijos, guardei no bolso e falei: Hoje estou entregue a você!

-Me arrumei todo, peguei o carro, coloquei um CD de Maria Bethânia e fui ao encontro da Tequinha. Parei, ela entrou com aquele corpo monumental, demos um beijinho de boa noite e seguimos para curtir a noite, Segui direto para um lugar para dançarmos alegando que lá tomaríamos uns drinks e depois iríamos jantar. Ela gostou da idéia, e eu também, já pensando em jantar, mas depois de uma gostosa operação amorosa inesquecível, contando com a ajuda da pílula miraculosa.

Depois de duas horas de danças e esfregações regadas com um bom vinho francês, paguei a conta e saímos abraçados, com aquela alegria normal que se apodera dos casais que estão a fim de terminar a noite numa boa. Fui para o melhor motel, pedi a suíte presidencial, um champanhe e alguns petiscos para acompanhar.

Tereza falou que ia retocar a maquiagem e se dirigiu ao sanitário. Aí eu aproveitei e peguei um comprimido e engoli rapidamente, porém, bastante nervoso e tenso por ser a primeira experiência. Ela voltou toda cheirosa já com a roupa meio aberta e começou a me beijar. Pulamos na cama e começamos os preliminares. Mas, por mais que me esforçasse, eu passava a mão nas minhas partes e não sentia nenhuma reação. Comecei transpirar e ver que Tereza estava notando minha falha na hora da verdade. Então, preocupado e com vergonha, pedi licença e fui ao sanitário, pegando antes meu envelopinho e lá tomei mais outro comprimido, achando que a dose tinha sido pouco, e voltei para cama. Mas, quem disse que adiantou nada! Eu nervoso e Tereza ávida e tomando quase toda garrafa de champanhe. Morto de vergonha vesti a roupa e passei a dar desculpas para ela. Aí ela, já meio de fogo e toda fogosa, começou a me chamar de broxa, que eu não era homem, bem que ela sempre recusou meus convites e, que no dia seguinte, iria telefonar para todo mundo contando o que se passou. Isso ela gritava em minha cara dando enormes gargalhadas!

-Meretíssimo, foi nessa hora que o sangue que deveria ter ido para baixo subiu para a cabeça e, num acesso de loucura, enchi a cara dela de porrada e só parei quando ela desmaiou. Parei assustado, vi a desgraça que havia cometido. Chamei o gerente do motel, pois pensei que ela estava morta e ele, imediatamente, chamou o SAMU e a polícia também! A ambulância a levou e a polícia me prendeu em flagrante. Eu queria explicar, mas, os policiais não queriam ouvir nada e diziam que eu iria falar com o delegado.

Na delegacia o delegado me tranqüilizou dizendo que havia ligado para o hospital e ela apenas estava com um corte no supercílio, que foi a causa de tanto sangue. Mas, estava bem e sem maiores problemas. Essa notícia me deu um alivio grande e, quando percebi olhando para baixo, meu membro estava mais duro beira de sino. Tomei um susto e minha reação foi colocar a mão no bolso para disfarçar aquela situação constrangedora numa hora tão imprópria.

-Meritíssimo aí foi que foi que aconteceu o desagradável e humilhante! Colocaram-me em uma cela com uma mulher extravagante, porém até que era bonita e o carcereiro, tendo notado minha excitação, disse com uma risada bem maliciosa: Aproveite o resto da noite valentão! Minha preocupação era sair dali o mais rápido possível, mas, do jeito estava, assim que o cara saiu, a mulher começou a me apalpar e não tive como dizer não. Ela me masturbou umas cinco vezes e, somente depois disso, o desgraçado “falhador” começou a adormecer. E, para minha surpresa, quando percebi, a tal mulher era um traveco! Aí não agüentei! Dei-lhe uma porrada que a bicha caiu com as pernas abertas completamente desmaiada. Depois foi que fui saber que tinha que tomar a merda do remédio uma hora antes para dar o efeito desejado. Mas, infelizmente, já haviam acontecidas as tragédias.

Peço-lhe meritíssimo que compreenda minha situação, pois foi por falta de informação que aconteceu esse fato e, sinceramente, perdi a cabeça e agi como um louco desesperado, mas, sou um pacato cidadão.

-Infelizmente o senhor foi enquadrado na lei Maria da Penha e homofobia e, por esses crimes e delitos está condenado a 4 anos de detenção em regime fechado e a pagar todas as despesas médicas das suas vítimas! Falou o juiz, batendo o martelo e dando o julgamento por encerrado!

Estou fazendo essa declaração para que todos vocês tenham o máximo cuidado com esses remédios, pois, como aconteceu comigo: Tomei para foder bem e acabei bem fodido!



*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – Itabuna-BA. antoniodaagral26@hotmail.com





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