Antonio Nunes de
Souza*
Primeiro de novembro, dia
consagrado e dedicado a todos os Santos, já teve seus dias de gloria, pois, no
passado, todos comemoravam fazendo orações e visitas as suas específicas
igrejas, agradecendo suas bondades e favores concedidos durante o ano que
passou e, logicamente, manter a sua média de bom pastor para o novo ano que
começa. Era um dia tão santificado que, em algumas cidades, as aulas eram
suspensas e uma grande parte do comércio era fechada pelos mais fervorosos
religiosos. E, como o dia seguinte, dois de novembro, é dedicado aos mortos
(Dia de finados), nada melhor que uma série de orações para os Santos na
véspera, no sentido que eles cuidem bem daqueles nossos irmãos, amigos e
parentes, que se foram e estão desfrutando da vida eterna. Percebe-se que essa
junção de dias, exprime uma sabedoria religiosa impar, para que, nas nossas
agonias constantes não nos esqueçamos daqueles que nos protegem no dia-a-dia,
como também daqueles que nos protegeram quando aqui estavam.
Lembro-me, como se hoje
fosse, daquelas folhinhas antigas que traziam seus calendários com observações
nos versos, sobre os Santos de cada dia, suas vidas, suas especialidades e, em
muitos casos, as histórias de suas vidas. Na atualidade tudo isso não passa de
melancólicas lembranças, já que o computador é que atende informando com frieza
a data, hora, ano, temperatura, etc., sem a mínima alusão as santidades, nem
terrestres, nem celestes!
Como me referi acima, o dia
seguinte (dois de novembro) que é dedicado aos mortos, também já teve seus dias
de gloria quando havia um respeitoso silêncio, todos se dirigindo aos
cemitérios levando flores, lágrimas de saudades e orações, voltando para suas
casas, onde acendiam velas para clarear mais ainda os caminhos daqueles que, na
escuridão da morte, foram ao encontro de Deus. Claro que essa foi a intenção
sábia de quem criou essa seqüência de dias, preparando nossos espíritos para
comemorações dignas e respeitosas. Tenho certeza que, essa pessoa, não esperava
jamais que esses dias fossem completamente esquecidos ou desprezados, apenas
aproveitados para lazeres completamente adversos as suas criações. O dia de
todos os Santos nem mais é citado, pois, nem se lembram desse detalhe e, o de
finados, esse como permanece ainda como dia santificado (sem aulas e sem
trabalho), as pessoas aproveitam para fazer festas grandiosas de axés, pagodes,
rap, arrochas, funk, danças eróticas, praias, viagens, etc., deixando as
visitas aos cemitérios, para aqueles da terceira e quarta idade que, com seus
pequenos ramalhetes, mesmo claudicando nas caminhadas não se esquecem daqueles
que já se foram!
Uma pena que esses jovens não
vão ter essas doces lembranças, de como a vida será sempre entrelaçada com a
morte e devemos cultuar nossas antigas e belas tradições.
Talvez, com crônicas
saudosistas como essa, possamos despertar as pessoas e, em breve, tenhamos a
oportunidade de ver que nossas observações foram analisadas, reflexionadas e
acima de tudo, seguidas e passadas para os seus filhos!
*Escritor (Blog Vida Louca –
antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)
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