Antonio
Nunes de Souza*
Como
me preocupo constantemente com todas as coisas e situações relativas ao povo e
a comunidade, resolvi fazer uma reportagem investigativa, não só para matar
minha curiosidade, com desconfianças diversificadas, pensando também em
esclarecer e colocar em pratos limpos as notícias que sempre circularam, mas,
como eram esquemas tão bem operados que, dificilmente, deixavam “rabinhos” ou
detalhes condenatórios.
Como
qualquer criancinha já tem conhecimento, há muito a cultura da compra de votos
foi implantada com uma força brutal, aproveitando-se para enraizar-se em função
das condições de pobreza e falta de educação e cultura do povo, que foi e vem
sempre tratado com pequenos espaços para que melhorias existam nessas áreas tão
importantes. E, os mais sagazes e perigosos políticos aproveitam-se dessa arma
eleitoreira com tanta simplicidade, como se fosse o comportamento normal.
Então,
querendo descobrir o método aplicado e ter certeza e nomes daqueles que agiam
dessa absurda forma, porém, com resultados surpreendentes e eficazes,
aproveitei a oportunidade de um desses suspeitos, eleito várias vezes como
vereador, sendo um representante medíocre e ineficiente, porém, sempre reeleito,
e achava-se desenganado por uma série de problemas de saúde. Como estava
bastante debilitado internado na CTI, consegui através de amizade familiar e
alegando que estava completando um histórico sobre sua vida pública, seus
familiares consentiram que eu tivesse esse contato, porém que não fosse
demorado em função do seu estado altamente precário, esperando-se que, a qualquer
minuto ele poderia partir.
Mesmo
cercado de aparelhos, com esforço ele ainda conseguia dizer algumas palavras
com certa clareza. Então, pela exigüidade do tempo, fui falando o que me
interessava: Sabemos que alguns políticos se utilizam da técnica da compra de
votos, inclusive dizem que tem um que, sem delongas, corta as notas de cem
reais e distribui uma metade e a outra será entregue após o resultado dos votos
obtidos, ficando o eleitor de, além dos familiares, conseguirem outros votos
para garantir a complementação do seu pagamento. Por favor, fulano, me diga o
nome desse homem para que possamos alijá-lo da nossa câmara e melhorar o nível
dos nossos vereadores!
Ele,
tendo ciência da sua morte que naquele momento se aproximava, olhou para mim
nos estertores finais de um vivente e, como uma ajuda divina, com a voz clara e
compreensiva, revirando os olhos, cantou a nova música de Roberto Carlos: Esse
cara sou eu! Esse cara sou eu!
Chamei
imediatamente o médico, pois, naquele instante ele acabava de falecer!
*Escritor
(Blog Vida Louca – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)
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