segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Confissões de um político!


Antonio Nunes de Souza*

Como me preocupo constantemente com todas as coisas e situações relativas ao povo e a comunidade, resolvi fazer uma reportagem investigativa, não só para matar minha curiosidade, com desconfianças diversificadas, pensando também em esclarecer e colocar em pratos limpos as notícias que sempre circularam, mas, como eram esquemas tão bem operados que, dificilmente, deixavam “rabinhos” ou detalhes condenatórios.
Como qualquer criancinha já tem conhecimento, há muito a cultura da compra de votos foi implantada com uma força brutal, aproveitando-se para enraizar-se em função das condições de pobreza e falta de educação e cultura do povo, que foi e vem sempre tratado com pequenos espaços para que melhorias existam nessas áreas tão importantes. E, os mais sagazes e perigosos políticos aproveitam-se dessa arma eleitoreira com tanta simplicidade, como se fosse o comportamento normal.
Então, querendo descobrir o método aplicado e ter certeza e nomes daqueles que agiam dessa absurda forma, porém, com resultados surpreendentes e eficazes, aproveitei a oportunidade de um desses suspeitos, eleito várias vezes como vereador, sendo um representante medíocre e ineficiente, porém, sempre reeleito, e achava-se desenganado por uma série de problemas de saúde. Como estava bastante debilitado internado na CTI, consegui através de amizade familiar e alegando que estava completando um histórico sobre sua vida pública, seus familiares consentiram que eu tivesse esse contato, porém que não fosse demorado em função do seu estado altamente precário, esperando-se que, a qualquer minuto ele poderia partir.
Mesmo cercado de aparelhos, com esforço ele ainda conseguia dizer algumas palavras com certa clareza. Então, pela exigüidade do tempo, fui falando o que me interessava: Sabemos que alguns políticos se utilizam da técnica da compra de votos, inclusive dizem que tem um que, sem delongas, corta as notas de cem reais e distribui uma metade e a outra será entregue após o resultado dos votos obtidos, ficando o eleitor de, além dos familiares, conseguirem outros votos para garantir a complementação do seu pagamento. Por favor, fulano, me diga o nome desse homem para que possamos alijá-lo da nossa câmara e melhorar o nível dos nossos vereadores!
Ele, tendo ciência da sua morte que naquele momento se aproximava, olhou para mim nos estertores finais de um vivente e, como uma ajuda divina, com a voz clara e compreensiva, revirando os olhos, cantou a nova música de Roberto Carlos: Esse cara sou eu! Esse cara sou eu!
Chamei imediatamente o médico, pois, naquele instante ele acabava de falecer!

*Escritor (Blog Vida Louca – antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)

Nenhum comentário: