Antonio
Nunes de Souza*
Ela era uma mulher
maravilhosa. Jovem, bonita, corpo escultural, sensualidade invejável e uma
bunda que era, inacreditavelmente, maravilhosa. Estou fazendo essa observação
com relação a sua retaguarda, em função de ser a parte mais cobiçada, desejada
e provocante perante os homens atualmente.
Porém, com todo esse charme e
um perfil de uma estrela de cinema, tinha um defeito na personalidade que,
depois que conheci, mesmo estando cheio de paixões, sofri as agruras do
inferno. Ela era barraqueira! Mesmo tendo feito faculdade, não esqueceu o ranço
conseguido na periferia suburbana, onde viveu durante muitos anos de sua vida.
Eu, advogado engrenando minha
carreira, com trinta anos, bem apessoado, sou bastante educado e detesto
vexames ou confusões. E, infelizmente, quando conheci Erika numa balada
noturna, ficamos tão fascinados um com o outro, que já fomos para casa como
dois namorados. E assim continuamos por alguns meses, na maior maravilha e
momentos inesquecíveis. Às vezes eu nem acreditava ter conseguido uma mulher
tão especial e deslumbrante, me perguntando sempre, por que ela não tinha
namorado anteriormente?
Aí, as coisas demoram, mas
acontecem, fiquei sabendo a razão da sua solidão, mesmo sendo uma linda gata.
Estávamos numa danceteria de pagode, o samba correndo solto e ela animada e
alegre rebolava no salão que, mesmo sem ter intenções, provocava todos os
olhares de desejo dos homens presentes. E, no aconchego do salão, um cara se
esfregou na sua linda e generosa bunda (com intenção ou não), e ela não fez por
menos, xingou o cara dando uma baixa, e, olhando seriamente para mim, exigiu
que eu desse um murro no cara. Como eu tinha tomado alguns drinques e o cara
era mais baixo que eu, avancei logo para atender o seu pedido. Meu amigo,
recebi uma porrada pela cara, fui jogado no chão, tomei uns pontapés na barriga
que, antes de desmaiar, percebi que havia, literalmente, me cagado todo. E olhe
que eu estava com prisão de ventre, tendo uma semana que eu não conseguia
evacuar. Mas, jamais desejei esse tipo de laxante, pois o cara era lutador de
artes marciais e fez a festa comigo. Mesmo no chão, ainda ouvia ao longe, a voz
dela gritando pra mim: Levanta seu covarde e quebra esse cara de porrada!
Quando acordei, o carro do
Samu havia me levado para um hospital, estava lavado e usando uma bata branca e
alguns pequenos curativos na face. Numa cadeira em minha frente, estava ela
sentada e com a cara revoltada e foi logo dizendo: Quando você sair daqui,
exijo que você vá procurar aquele cachorro e dar uma grande surra nele!
Naquele momento a única
reação que tive foi dizer para ela, mesmo sendo linda e maravilhosa: Vá a porra
sua encrenqueira desgraçada e nunca mais me procure!
*Escritor (Blog Vida Louca –
antoniomanteiga.blogspot.com – antoniodaagral26@hotmail.com)
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