sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É preciso saber viver!



Antonio Nunes de Souza*

Conviver com uma série de problemas, mesmo numa cidade pequena ou porte médio é, relativamente, normal. Mas, quando esses problemas extrapolam chegando ao absurdo, passamos a enfrentar as situações num verdadeiro estado de pânico e terror, nos causando sensações físicas e psíquicas muitas vezes irreparáveis!

Dentre os problemas enfrentados, podemos destacar, sem que seja pela ordem de importância (pois todos são importantíssimos), a poluição sonora com centenas de carros desfilando pelas ruas disputando suas capacidades de decibéis anunciando comerciais e eventos artísticos. Visualmente somos massacrados com cartazes, faixas, outdoor, pichações, placas, etc., colocados em todos os lugares vagos e até usando os monumentos públicos como apoio. Os ataques de rapazes e moças em todas as ruas, avenidas e esquinas nos entregando quase apulso seus panfletos e folders sugerindo  visita, ao ponto de você andando apenas um quarteirão, chegar ao destino com vários quilos de papel, inclusive andar num mar de papel amassado ou picado, provocado por aqueles que recebem e, logo em seguida, rasgam e jogam nas calçadas como se fosse um ato normalíssimo.
Enfrentar o trânsito, tanto na condição de transeunte como motorista, os riscos são, infelizmente, iguais. No primeiro caso o perigo é assustador, pois, além de você ter que ficar super atento com os carros que parecem que ficam nas esquinas esperando a gente colocar o pé na faixa para correr e nos atropelar, ainda temos os famigerados e irresponsáveis motoqueiros ou motociclistas como eles gostam que chamem que, sem a mínima cerimônia, invadem os sinais, saem fazendo zig-zags no meio dos carros, muitas vezes quebrando os espelhos retrovisores, seguindo sem dar a menor satisfação. 

No segundo caso, geralmente o trânsito está lento, ruas esburacadas, semáforos com defeito, motoristas grosseiros buzinando e xingando, pedintes invadindo pelas janelas, flanelinha lavando com uma água imunda seu pára-brisa, meninos vendendo bombons ou chicletes, deixando você tenso e assustado, mesmo fechados os vidros a imagem de fora é assustadora. E, ao chegar ao seu destino, se foi andando chega como mais um sobrevivente, pois conseguiu cruzar com tudo isso e chegar inteiro e consciente. Mas, se você caiu na bobagem ou necessidade de ir de carro e nada lhe aconteceu, prepare-se para enfrentar a falta de vagas para estacionar, ter que lidar com um mal encarado homem que se acha o dono da rua que, além de cobrar uma barbaridade pelo seu serviço (?), coloca seu carro em locais proibidos, alegando que não haverá problemas. Isso depois de você dar algumas voltas nos quarteirões até surgir uma dessas grotescas vagas!
Já se sentindo bastante aliviado por ter chegado ao banco, tenta entrar três vezes e é travado pela porta automática (uma por causa de celular, outra por uma penca de chaves e a terceira pela fivela do cinto. Lógico que isso lhe deixa P da vida e lhe tira o humor, se é que você ainda cultiva algum. Com a cabeça girando como uma maçaneta e o coração palpitando mais do que uma pipoqueira, você entra numa grande fila do caixa, rezando para que não apareça uma quadrilha atirando e pegue seu depósito antes de você receber seu comprovante, pois, somente assim você não será prejudicado. Isso se tiver a sorte grande de não ser atingido por uma bala perdida, ou o ladrão não querer apenas testar o revólver novo dando uns tiros em seu corpo. Geralmente eles preferem nas cabeças. Entretanto, se você foi sacar alguma quantia, sua tranqüilidade nem de longe começou, pois, estará passivo de uma “saidinha bancária”, daquelas que hoje eles nem titubeiam em lhe arrancar qualquer quantia, não importando quanto e, para não lhe deixar zangado e triste, preferem matá-lo com uma carga de balas como se tivessem lhe fazendo um favor!

Aí, depois de duas horas e atravessar todos esses problemas sem que nada tenha lhe acontecido, volta e encontra seu veículo com uma multa presa no limpador e ninguém tomando conta. Não se zangue não meu filho, agradeça a Deus o carro não ter sido roubado. Então, começa a volta para casa, enfrentando os mesmos problemas da vinda, encontrando nesse retorno alguns malabaristas nos sinais também querendo alguma grana. Chega ao seu edifício, abre o portão automático, entra, pára em sua vaga e sobe o elevador com cautela, pois, mesmo com o silêncio existente, quem sabe se não está havendo um arrastão nos andares?
Com essa situação precária e horrível, precisamos, novamente, aprender a viver, respeitando uns aos outros e dando atenções aos valores antigos conquistados através do tempo. Precisamos entender que esses comportamentos não são benéficos para ninguém e, literalmente, todos sofremos com as conseqüências!

Presumo que, uma rigorosa e eficaz aplicação na educação, seja a solução para que tenhamos uma melhor qualidade de vida ou, como alguns preferirem, tranquilidade na morte!

*Escritor (Blog Vida Louca antoniomanteiga.blogspot.com –         antoniodaagral26@hotmail.com)

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