segunda-feira, 17 de junho de 2019

TENTAÇAO DEMONÍACA!

Antonio Nunes de Souza*

Externar algumas das nossas sensações ocorridas no passado, muitas vezes nos deixa com a consciência mais aliviada e, certamente, demonstramos nossos arrependimentos pelos atos e ações praticadas, mesmo que estas tenham sido maravilhosas e inesquecíveis!
Casada há quatro anos, feliz, tranquila e ainda desfrutando como se fosse uma lua de mel prolongada, pois, mesmo com alguns anos de casório, não tínhamos intenção de logo termos filhos. Eu sou dentista e Jorge (meu marido) advogado criminalista. E, por essas profissões, vivíamos como classe média alta, tendo os confortos necessários dos mais ou menos privilegiados!

Então, num verão bem ensolarado, resolvemos ir passar uma semana em um vilarejo praiano da moda, chamado Morro de São Paulo. Reservamos uma ótima pousada e, logo que chegou o fim de semana, pegamos o carro e seguimos para o encantador local.
Chegamos, nos instalamos e já ficamos eufóricos com a linda vista para a praia, pela janela do nosso apartamento. Não precisa dizer que começamos a desfrutar da piscina logo no fim da tarde/noite e, como prevíamos, jantamos mais tarde umas maravilhosas iguarias na base de frutos do mar!
Na manhã seguinte, fomos para a praia, onde já se encontrava uma série de turistas e nativos que vendiam cangas, óleo protetor, queijos assados, camarões, ostras, sorvetes, etc., logicamente, tinha também vendedores com grandes vasilhas de isopor, vendendo cervejas geladinhas. Tanto você podia alugar cadeiras e sombrinhas, como também, ir para as barracas, sentar-se nas mesas e ter atendimento mais sofisticado. Optamos pela primeira.
O fato é que Jorge, que é esportista, se aconchegou com um grupo que organizava um futebol (baba) e foi logo praticar seu esporte favorito. Eu, de longe, observava os jogadores quando, inesperadamente, chegou ao meu lado um homem belíssimo, bem bronzeado, cabelos pretos e, por mais absurdo que pareça, seus olhos eram completamente azuis. Juro que fiquei atoleimada e petrificada pela beleza impressionante daquela pessoa. Ele se aproximou mais e me deu um bom dia com uma voz caliente e sedutora. Claro que respondi já toda derretida, embevecida com essa aparição inesperada.
Ele, desinibido, como são os cariocas, começou a puxar conversa, de início um papo curto, até que descobrimos que estávamos na mesma pousada e, curiosamente, nós estávamos no 206 e ele no 207. Cheguei quase tremer em função de uma vizinhança tão provocante.
No dia seguinte Jorge já enturmado com a equipe de futebol, saiu cedo logo após o café e eu fiquei de ir depois das dez horas. Aí foi que aconteceu o que eu não esperava!
Fabrício (esse era seu nome) bateu na minha porta e, quando fui atender, sem esperar ele me abraçou e me beijou com tanta volúpia que não tive nenhuma ação de repulsa. Ao contrário, simplesmente o abracei puxando-o para cima de mim, unindo nossos corpos, e como não poderia ser de outra forma, nos deitamos transamos vigorosamente em todas as posições possíveis, tendo orgasmos sempre ao mesmo tempo. Depois de uma hora de esfregações, sexo e carícias, assustada, voltei a minha realidade e o afastei, pedindo delicadamente, que saísse do apartamento imediatamente. Fabrício, meio assombrado com minha reação, saiu sem dizer nada a não ser que estaria viajando para o Rio dentro de uma hora.
Não nego que fiquei super aflita com o que tinha feito, imaginando que somente uma tentação demoníaca poderia fazer com que eu cedesse a uma sessão de sexo extra conjugal, com alguém que acabara de conhecer. Tomei um banho como se fosse para tirar as impurezas do meu ato, seguindo para praia para encontrar-me com meu marido. Cheguei, como sempre, me instalei em frente ao campinho e, inacreditavelmente, passou um carro pela estradinha ao lado e o motorista me deu o maior adeus. Simplesmente, era Fabrício. Eu, automaticamente, respondi com um sorriso e balanço dos braços, demonstrando que ele tinha marcado algo em minha vida!
Passamos os outros dias com as mesmas deliciosas rotinas proporcionadas pelo lugar, até que chegou o dia da nossa volta para Salvador.
Passados vinte cinco anos dessa minha loucura, estou outra vez no Morro de são Paulo, com Jorge e nossos dois filhos adolescentes. Fomos para mesma Pousada, já ampliada e modernizada e, por uma coincidência incrível, ficamos nos mesmos apartamentos. Nós no 206 e os meninos no 207!
Sou muito feliz e Deus deverá me perdoar por ter caído numa “tentação demoníaca”!

*Escritor-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

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