Antonio
Nunes de Souza*
Pequena
e antiga cidade do interior paulista, que me resguardo a dizer o nome, tinha e
tem ainda uma pequena e centenária igreja que, construída pelos Franciscanos
Jesuítas, até hoje ainda está de pé e bem conservada, graças a modesta, humilde
e pobre população ultra religiosa!
O
sacristão e responsável pelas coisas da igreja era um velhinho beirando os
oitenta anos, que já fazia esse serviço desde menino e morava num quarto e sala
improvisado e construído no fundo da sacristia exatamente para essa finalidade!
Mas,
como não somos eternos, Túlio o sacristão, veio a falecer em função de uma
doença hereditária. Muitos sentimentos das beatas, idosas, meias idades e
muitas ainda jovens, que se incumbiram do enterro e suas preparações.
Foi
um profunda tristeza, uma vez que Seu Túlio era quase considerado um ministro
de Deus, pelas suas palavras meigas, afetivas e o tratamento todo especial
devotado aos fiéis.
Porém,
Frade Sebastião, para preencher a lacuna, convidou um sobrinho que era coroinha
em sua terra e já conhecia as sistemáticas da religiosidades! Ele, rapaz ainda
dos seus 23 anos, aceitou a proposta e, imediatamente, veio ocupar o lugar
deixado por Túlio. Se instalou, foi apresentado na paróquia e todos ajudaram a
arrumar a sua nova casa, pois ele solicitou que fossem retiradas as coisas
pertencentes ao falecido. Talvez, uma superstição!
O
fato é que, passado algum tempo, começaram a ver a luz de uma vela na igreja
durante a noite e, pra completar a estranheza, um vulto de um capuchinho
rondando os altares. Com um grande terço ia debulhando orações aos pés de cada
santo da igreja, depois, apagava a vela e desaparecia. O estranho de tudo isso
era que o Capuchinho usava uma carapuça de meia na cabeça, não deixando que
fosse reconhecido ou conhecido por alguém. Tratava-se de um capuchinho
misterioso, que as paroquianas logos trataram de dizer que era alguém, capaz de
fazer milagres!
E
assim sendo, as escondidas, as mais desejosas de saber das suas vidas, seus futuros,
nada melhor que consultar o misterioso Capuchinho! Lógico que cada uma passou a
ir em segredo, nas horas das aparições e, como verdadeiros baús, guardavam
segredo do que se passava. Mas, mesmo assim, começaram a aparecer notícias de
milagres acontecidos e as paroquianas passaram a programar visitações
individuais e secretas das noites dos milagres, que o próprio Capuchinho Misterioso
programou que deveria ser dia sim, dia não. Isso através de bilhete manuscrito!
O
fato é que o capuchinho misterioso, antes de abençoar os desejos das crentes e
fervorosas religiosas, as levava para detrás do altar mor e, com uma coberta
estendida no chão, transava gostosamente em nome de Jesus, alegando que estava
abrindo o corpo para a entrada do pedido sacrossanto! Como tratava-me de uma
visagem santificada, todas aceitavam, tranquilamente, para que os efeitos
fossem mais rápidos!
Mediante
o Zum, zum, zum a notícia chegou aos ouvidos do Franciscano responsável pela
paróquia e este resolveu, em segredo bisbilhotar ao vivo o que estava
acontecendo. Fechou a igreja e ficou escondido atrás do altar de Santa Rita,
que ficava quase junto ao altar mor! E, lá pelas tantas, aparece o Capuchinho
Misterioso já abraçado com a próxima vítima. Ele, nas pontas dos pés, chegou
por trás e arrancou a carapuça da cabeça do milagreiro e, assustado, viu que o
safado causador de tudo era seu sobrinho o sacristão. Deu ainda dois tabefes
bem dados e o cretino saiu correndo pelo fundo e nunca mais apareceu, nem na
paróquia e nem tão pouco na cidade!
Foi
um vexame danado e até hoje esse caso é contado entre risos, e vexames das que
ficaram sabendo que foram “abençoadas” pelo falso milagreiro!
Que
esse exemplo lhe ensine que para se obter milagres você tem que rezar muito,
ter fé e fazer suas promessas diretamente a Deus! Tenha cuidado com as
intermediações!!!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-
antoniodaagral26@hotmail.com-antonionteiga.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário