Antonio
Nunes de Souza*
É
de conhecimento de todos que nas favelas e morros, além de outras “coisitas”
mais, o sexo rola solto entre a juventude, começando muito cedo para as mais
bonitinhas, pois, tranquilamente, são assediadas pelos marginais traficantes
que ali operam, sendo escolhidas a ponta de dedo e, ai daquela que recusar os
encontros e as seções de sacanagens proporcionadas em troca de presentes e
status, uma vez que, quem está na crista da onda com um chefão, desfruta de privilégios
especiais. Nesses casos a pobreza e a vaidade colaboram muito para a aceitação!
Foi
assim que começou a vida de Tereza, aos 14 anos, morena bonita alta para sua
idade e, sobre seu corpo, não preciso dizer que era imbatível. Tudo nos seus
lugares, sem excessos ou sobras, que parecia uma obra feita sobre medida.
Daquelas que você enche o peito e diz: ‘uma tesão de mulher!”. Conhecida como
Teka, séria, evangélica e estudiosa, porém, numa tarde sem esperar, aparece um
dos truculentos capatazes do Big Boss da boca de fumo e pó, dizendo que ele
havia convidado ela para jantar e estaria esperando as 20:00 horas em sua casa,
“mocozada” dentro das vielas do morro!
Apavorada,
foi para o fundo do seu barraco falar com sua tia, senhora que a havia criado
desde criança e representava ser toda sua família. Dona Maroca, mesmo vendo o
que estava para acontecer, aconselhou para que ela fosse, pois, infelizmente,
negar o convite seria uma condenação de perseguições constantes ou até castigos
piores. Voltou para frente e tremendo e consternada, falou que tudo bem, mas,
que jantaria e logo estaria de volta para cuidar da tia, inventando uma doença
qualquer. O capanga marcou que viria pegá-la as 19:30 horas, pois, somente
acompanhada por alguém da quadrilha, saberia onde ficava o esconderijo e também
poderia atravessar as dezenas de fiscais armados de grossos calibres pelo
caminho.
Na
hora combinada o homem chegou e a levou para o encontro que, pelo que todos
sabiam, um verdadeiro cadafalso e despedida de hímen e pudor. Teka,
nervosíssima, mentalmente ia orando e pedindo a Deus que nada lhe acontecesse,
pois ela não tinha a mínima ideia de quem fosse o tal homem, apenas sabia seu
apelido ouvido na TV, que era Maneca Lindo olhar!
Quando
chegou foi recebida por Maneca com todas as delicadezas possíveis, uma casa com
tudo de conforto que ela só conhecia pelas revistas e cinema, inclusive com uma
linda piscina com cobertura móvel, para não dar bandeira aos helicópteros
policias nas suas fiscalizações ou buscas. Fora o luxo que a espantou, a pessoa
de Maneca, justificava o apelido já que era um moreno super sarado e,
estranhamente, dono de olhos verdes lindos e maravilhosos, completando com um
sorriso perfeito e encantador. Claro que isso tudo foi quebrando as forças de
Teka, já achando que faria um bom negócio com essa amizade importante e bonita.
E não deu outra. Nada aconteceu nessa noite, apenas conhecimentos e
entrosamentos iniciais, mas já dava para perceber que Teka e Maneca já estavam
com interesses mútuos.
E,
para encurtar esse papo de jacaré, Teka com uma semana já estava morando na
mansão e quartel de Marcelo, desfrutando de todas as mordomias e, obviamente,
mostrando suas habilidades na cama, atendendo os desejos dos seu protetor, e
por que não dizer, os dela também!
Teka
hoje é viúva de Marcelo, porém, continua como mulher do seu substituto, que não
é tão bonito, mas, continua oferecendo do bom e do melhor pra ela e sua tia.
Nem pensa mais em sair dessa vida, já que, se recusar, pode ser banida ou
eliminada sem dó nem piedade!
*Escritor*
Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
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