Antonio
Nunes de Souza*
Vinha calmamente pensando com
meus botões a maravilha que é a campanha “Criança Esperança”. Todos os anos
arrecadam milhões, sempre apresentando resultados surpreendentes com relação ao
atendimento em todas as áreas, para as crianças pobres do nosso país. De
repente, desponta em minha frente, aquele velho amigo Roberto que escrevi na
crônica “Encontro fatídico” (vide meu blog). Passos arrastados, curvatura do
corpo para frente, boné para esconder à careca, bermuda de calça velha cortada,
mostrando tantas veias nas canelas como se fosse uma rede ferroviária!
Cheguei por trás e disse no
maior entusiasmo: Diga aí meu amigo Robertão!
- Oi Antonio Manteiga, o mais
que posso dizer é “ai” em vez de aí. A zorra do corpo dói em qualquer posição
que eu esteja!
-Mas estou vendo, que depois
de nosso encontro muitos meses atrás, você continua numa boa e vivendo.
Exatamente! Numa boa merda e vivendo
mal prá cacête! Mesmo a sua maneira gentil de me elogiar para elevar meu
astral, me deixando grato, mas, tenho que ser sincero com você dizendo
exatamente como me sinto. Todas aquelas coisas que lhe disse naquele encontro
estão cada vez piores, sou apenas um policial de cuidados, agenda para lembrar
os horários de remédios, um esforço de memória filho da puta, pois às vezes
pego a caixa do remédio, abro e, imediatamente, me esqueço e não sei se já
tomei ou se devo tomar. E essa dúvida é uma merda, inclusive perigosa!
Para mudar um pouco a
conversa, perguntei: Que tal você acha a campanha Criança Esperança?
-Muito boa, porém já deviam
fazer também a campanha “Velhice Desesperada”, pois, nós velhinhos depois que
nos aposentamos com uma merreca desgraçada, que não dá nem para os remédios que
não são distribuídos pelo governo, alimentação, moradia e outros gastos básicos
essenciais, estamos vivendo de teimosos que somos. E, uma ajuda substancial,
seria muito bem vinda. Uma vez que não temos, como alguns, condições de
arranjarmos um trabalho para complementar a renda. Loucamente eu cheguei a
pensar em ser um “velhinho de programa”, para agradar as coroas, mas como, se
meu órgão genital está mesmo que um tatu bola, todo encolhido que eu tenho até
que desenrolar para poder mijar sem me molhar! Tomei um Viagra para testar e
única coisa que endureceu foram as pernas e eu fiquei três horas sem poder me
levantar e andar esperando passar o efeito!
Não pude conter o riso, com
vontade de dar uma gargalhada, mas, tinha que respeitar as debilitações do
querido amigo. Despedi-me dele desejando melhoras, ao mesmo tempo prometendo
que faria um artigo alertando as emissoras de televisões para, bem depressa,
olhar para os velhinhos, fazendo uma campanha mais que justa!
*Escritor - Membro da
Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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