quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Morte gloriosa!

Antonio Nunes de Souza*

Na sala, com o olhar fixo no caixão, Erika rememorava toda sua vida passada ao lado de Luis Roberto, homem amável, bonito, competente, responsável, próspero em seus negócios, mas, infelizmente, nunca deixou de ser bastante mulherengo!
Para muitos esse comportamento era tido como absurdo, porém, para outro tanto de pessoas, principalmente entre os homens, essa virtude era aclamada e elogiada até com um pouco de inveja. Ele, com a sua personalidade forte e marcante, desde que começou o namoro com sua querida Erika, jamais negou que era uma coisa incontrolável e, infelizmente, ela deveria se habituar, pois, por mais que variasse o seu cardápio vaginal, nada abalaria o seu amor e afeto por sua companheira. Tudo aquilo era apenas um desejo incontrolável de ter sexo com todas as mulheres que lhe excitassem, satisfazendo assim seus impetuosos desejos. Era o que poderíamos dizer no popular; Um fudião de primeira grandeza!
Mesmo agindo normalmente dessa forma, com a condenação familiar e das suas amigas, Erika segurava essa barra com tranqüilidade, pois, mesmo com as suas trepadas avulsas, sempre chegava em casa e lhe proporcionava uma série de orgasmos múltiplos. Não sei se ele era uma personagem divina ou tinha parte com o Satanás, pois possuia uma pica miraculosa e sempre disposta a trabalhar!
Não tiveram filhos por causa de um problema genético com ela própria, porém vinha sempre fazendo tratamentos, usando todas as astúcias e simpatias possíveis, na esperança que um dia fosse realizado o desejo de ambos. E, naquela hora, alisando a sua barriga, sentiu uma sensação que sua tão desejada gravidez havia, tardiamente, chegado.Chegado exatamente numa hora que seu amado estava ali na sala, dentro de um caixão, com seis mulheres de programa lhe batendo punhetas, pois, em vez de “carpideiras” para chorar a sua morte, Erika foi obrigada a contratar essas punheteiras, uma vez que a morte do marido foi em função de ter tomado dez comprimidos de Viagra de uma só vez, para reprimir a sua primeira falta de tesão e, seu pau respondeu a altura, mas seu coração não agüentou essa dosagem cavalar! Com a pica apontando para o céu a tampa do caixão não encaixava e, para fazê-lo descer, foram precisos 26 bem batidas punhetas com as mãos habilidosas das GPs contratadas. Até esse vexame Erika teve que suportar, mas, ela o amava desesperadamente e em função das suas outras virtudes, tudo aquilo era perdoável.
Terminado o ritual das masturbações, dia clareando, pagou as meninas , fechou o caixão e, em minutos, começaram a chegar os amigos para o enterro.
Hoje, passados oito meses, Erika está na maternidade, teve o seu esperado filho como uma lembrança e presente daquele bondoso marido, mas não se esquece que, na hora que o médico segurou o garoto pelos pés, deu um tapinha na bundinha e virou o moleque para ela, percebeu que a criança que se chamaria Júnior, estava com a rola dura feito pedra apontando para a parede. Com o susto gritou em voz alta: Meu Deus doutor, esse moleque também vai ser um fudião!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna antoniodaagral26@hotmail.com


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