terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Estou pronta para o carnaval!

Antonio Nunes de Souza*

Todos os anos é a mesma coisa! Fico excitadíssima com a aproximação do carnaval, festa que jamais dispenso e brinco desde meus dez anos de idade. Agora, com trinta e quatro anos, continuo curtindo de todas as formas possíveis as loucuras momescas, que atualmente, inevitavelmente, começamos com um beijo na boca e terminamos na cama fazendo as maiores proezas libidinosas e deliciosas. As danças e as músicas ninguém nem presta atenção, pois o que vale são os ritmos dançantes, os requebrados da bunda, as caras e bocas e, logicamente, as esfregações no meio da multidão, principalmente nos blocos, aonde qualquer lado que você vá encontra sempre algo duro ralando em suas nádegas ou nas coxas. Não posso dizer que não gosto de jeito nenhum, pois é um universo de rolas a nossa disposição, sendo uma condição tão normal que deveria ocorrer até nas filas dos bancos, SUS, ônibus e metrôs. Sinceramente, seria uma maneira mais agradável de esperar atendimento! Até nas procissões (que Deus me perdoe), nada mais milagroso que receber uma “vela” roçando em você, enquanto rezava uma Ave Maria!
O fato é que já comprei a prazo e já paguei o meu Abadá do Chiclete, pois jamais deixaria de ver a despedida de Béu. Quando me lembro que até já transei diversas vezes no meio do bloco, sem nem mesmo saber o nome do cara. Uma loucura, mas, me deixava realizada aproveitando todas as oportunidades que a vida me deu. Graças a Deus, nunca tive DSTs e nem produção independente, apenas uma vez levei um baianinho no útero para Sampa, filho de um negão do Olodum, mas, chegando lá, procurei abortar esse problema futuro. Nesse particular sempre fui espertíssima.
Depois de ralar muito na vida consegui ser uma advogada com certa independência, podendo contratar um bom hotel bem localizado, um lugar num camarote em Ondina e, contando com alguns amigos de Salvador, encontro-me pronta para a folia!
Com o tempo passei a ver com mais clareza que todas as pessoas adorariam fazer isso, mas, numa atitude idiota e uma submissão a essa hipócrita sociedade, se reprimem e depois, quando chega o arrependimento, já é tarde demais!
O que digo sempre é que você seja independente, lute para isso e, depois, faça o que desejar não se retenha para agradar a terceiros, deixando de ser a primeira e única dona de sua vida!
Esse é o carnaval de minha amiga Jéssica que tem como sua música favorita: “É preciso saber viver”!


*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com

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