quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lampião ou Lamparina?

                                         Antonio Nunes de Souza*
Essa é a dúvida do momento, provocada por uma biografia de um historiador que, segundo o seu livro, baseando-se nos comportamentos e informações confidenciais de pessoas da época, nosso valente e herói do sertão, Capitão Virgulino, o valente e guerreiro Lampião, jogava água fora da bacia e era chegado a uma viadagem entre uma batalha e outra.
Felizmente, a família do nosso idolatrado herói sertanejo está proibindo a circulação do livro que, sem nenhuma benevolência, tenta caracterizar o nosso He-Man nordestino como homossexual e, para desmoralizá-lo mais ainda, o tal livro ainda declara que sua companheira e mulher, Maria Bonita, o enganava com companheiros do próprio bando.
Não acredito de forma alguma que esse exemplo de coragem, destreza e valentia do norte/nordeste, tenha tido esse comportamento e, somente agora, que esse assunto fosse à tona, já que se trata de algo que destoa ou tais comportamentos que não combinam.  
Caso esse absurdo tenha sido verdade, coloque a sua fértil mente para funcionar e veja como seria complicado ele arranjar um parceiro entre os seus comandados, pois, com certeza, se este não fosse bom no desempenho, estaria passivo de ser mutilado ou morto sem nenhuma dó ou piedade. E será que alguém teria coragem de, nos estertores do gozo, dizer: Mexa mais Lampiãozinho!
Não acredito em nenhuma hipótese numa barbaridade dessa, como também a possibilidade de, depois de uma valente e sangrenta batalha ele voltar ao acampamento e, dentro da sua tenda, olhar para Maria Bonita e dizer com a maior desenvoltura: “Ai como eu sou bandida!”
Esse é o meu veemente protesto contra esse absurdo em quererem desmistificar um dos poucos heróis guerrilheiros nacionais que, até os dias atuais, foram símbolos de coragem e valentia verde amarela. Surpreende-me mais ainda é que, com assuntos mais importantes e atuais, aparecer um escritor/pesquisador para bisbilhotar um fato que nada acrescenta de honroso para nossa história!
Em minha opinião, Lampião, mesmo com aquelas roupas cheias de enfeites, não tinha cara de quem queimava o “fiofó”!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Aniversário de Marcos da Venture!

                                                    Antonio Nunes de Souza*

Literalmente, posso dizer que fui convidado para uma festa. Mas, em princípio, se a idéia era essa, mudanças radicais foram introduzidas no pacote.
Animado e feliz, segui de carro até Ilhéus e peguei o avião até Salvador, onde me encontraria com meu anfitrião no aeroporto as 18:15 horas. Até aí tudo bem! Cheguei tranqüilo e fiquei aguardando Marcos que, pelo trânsito e a chuva, só chegou as 19:15 hs. com apenas uma horinha de atraso. Encarei como normal já que ele estava organizando uma réplica da “Viagem ao centro da terra”, que a seguir vocês saberão o “por quê” desse título.
Depois dos beijos e abraços, que bom você chegou, bem vindo a Salvador e outras rasgações de seda, seguimos (eu, ele e Hiltinho) para o gueto em busca do DJ e suas parafernálias. Mermão! O homem mora no cu de Judas, se é que o cu de Judas é tão complicado como imaginamos. As ruas são mais estreitas do que as amizades de polícia com traficantes. Embora o aspecto ambiental fosse mais bem urbanizado que uma favela, as características sombrias não ficava nada a dever. Uma verdadeira boca de 09. Até para achar o cara foi uma verdadeira picula, mas, com a ajuda do celular, terminamos encontrando a peça, acompanhado de sua espertíssima namorada, que veio a dar um toque especial nos festejos.
Colocadas as caixas de som, equipamentos, CDs e outras porras mais na caminhonete de Louro (no caminho Marcos encontrou Louro e trocou de carro) seguimos como sardinhas em direção ao ônibus, já repleto de convidados e putos pelo atraso de duas horas. Chegamos no maior oba, oba, arrumou-se a imensa bagagem e, ao gritos de euforia, todos foram tomando seus lugares, sem saberem que a partir daquele momento, estavam começando uma viagem inesquecível.
Como um interiorano desambientado, passei a analisar a equipe ali reunida e, pelos aproximadamente 25 que já conhecia, vi logo que se tratava de um suicídio alcoólico coletivo, daqueles tramados por profetas de seitas macabras.
As únicas expressões que vieram em minha cabeça foram: Puta que pariu!  Que porra está fazendo aqui um velho da terceira idade?
Mas, como a experiência nessas horas tem uma puta validade, encarei com garra e entreguei-me ao Deus dará esperando o que viria pela frente.
Como guerra é guerra, resolvi dividir em equipes qualificadas o especial batalhão ali reunido, pois, para qualquer ataque, tínhamos a bordo: Esquadrilha da fumaça, Especialistas em pó químico, Absorvedores de Álcool Anidro, Caçadores e Caçadoras Urbanas e Selvagens e um pequeno grupo de indefinidos para contatos mais amenos com os nativos. Assim sendo, estávamos prontos para o que desse e viesse pela frente. 
Casualmente, sentei-me bem atrás de duas elétricas e hilárias figuras, fazendo com que eu sempre lembrasse que se tratava de um passeio ecológico. Pois eu olhava pela janela via a flora e, em minha frente, a fauna estava solta e com toda corda. Havia um louro entre os passageiros, porem bebendo calado, mas os gays da minha frente é que eram verdadeiros papagaios, que nervosos pela demora, não queriam dar o pé não. Era a bunda mesmo!  Falavam pra caralho, porém, sempre dando um toque inteligente de humor e fazendo com que a galera desse risadas e bebessem cada vez mais.
Como estimulante inicial contávamos com Whisky, cerveja, cachaça, vinho, refrigerante, mineral e gelo. Porém, como partíamos para o desconhecido e poderia acontecer uma guerrilha, levamos um arsenal de ponta composto de bombas para fazer fumaça, pó químico e algumas bazucas camufladas para ataques mais eficientes e rápidos. Com certeza, se os emissários da ONU entrassem naquele ônibus, estaríamos todos em cana, pois estávamos totalmente fora dos padrões e normas internacionais. Felizmente, 90% do esquadrão tinha passaporte azul (ligados a alta cúpula do Itamaraty) e isso dava certa tranqüilidade para passar nas barreiras e postos de fiscalização. Entretanto, como precauções tinham a bordo quatro advogados já munidos de habeas corpus preventivos para eventuais acidentes de percurso. Nada faltou durante o longo e tenebroso percurso. Como alimento fomos agraciados com um pãozinho sacana, escalado propositadamente para dar azia na putada amante de vinho, pois com os manguaceiros eles se foderam sendo dissolvidos pelo álcool pesado e continuado.
Parecia que tínhamos perdido a rota, pois a porra do ônibus jamais chegava ao destino e, além da demora pela distância, tínhamos que parar de meia em meia hora para xixi, uma vez que o veículo não disponha de WC (o transporte era grátis, mas classe econômica –Mineiro fodeu com os baianos nessa cláusula). Entretanto, tudo isso era motivo de farra e descontração. Quanto mais demorava, mais a cana comia solta. E o grupo disfarçado de  Apaxes,  como os celulares não falavam por estarem fora de área, enviavam mensagem de fumaça dizendo aos familiares que estava tudo tranqüilo e maneiro. Querendo ou não, todos os passageiros ficavam mais defumado do que bacon.
Já no cu da madruga, mesmo com a utilização do arsenal de combustível, todas as equipes, mesmo as mais dinâmicas, já estavam no limite da paciência e pediam a Deus para que apontasse a bela e maravilhosa Igatu.
E não deu outra, ao raiar do dia, começamos a descer uma serra que mais parecia uma cratera vulcânica, balançando e fazendo curvas como se fosse uma montanha russa, deixando nossas bundas doloridas pelos tombos. De braços abertos e sorridente estava Ulisses nos esperando e contando com o faturamento tranqüilo daquele fim de semana de baixa estação.
Na maior merda, todos descemos para pegar nossas bagagens, pois tínhamos ainda uma petit maratona até a chegada propriamente dita. Graças a Deus tinham duas caminhonetes para esse trajeto, senão seria um verdadeiro morticídio subir meia hora de estrada super irregular com as malas nas costas.
Chegamos nas pousadas, tomamos café e fomos tomar banho e descansar para enfrentar o ápice da festa de aniversário, que seria a parte musical e dançante, comandada pelo DJ e sua partner sedutora.
As acordações começaram as 12:00 horas. Uns foram para a piscina (a água mais fria do que cu de foca no inverno do ártico), outros foram às visitações turísticas e os mais heróicos e resistentes começaram novamente a beber. Houve somente um soldado do pelotão que deu sentinela sem interrupção, desde a hora em que entrou no ônibus, até as 19:00 hs. do dia seguinte. Este fazia uma apologia a Fidel e Che e gritava todo instante: Cuba Libre!  Cuba Livre!. Estava mais chapado do que a própria Diamantina. Qualquer vento poderia derrubá-lo. Aliás, nem precisava de vento, bastava que houvesse espaço para ele virar batatinha e se esparramasse pelo chão. O coitado caiu mais do que a bolsa de NY no ano da decadência. Ficou mais amarrotado que moto-boy atropelado na Avenida Paulista. Pareceu-me mais uma auto fragelação do que uma comemoração. Não entendi porra nenhuma, mas que foi foclórico e inusitado, foi.
As 18:00 horas o Dj armou a bateria musical e começou a zorra total!  O whisky e a cerveja voltaram a rolar aos baldes e o batalhão de heróis, firmes e fortes, mandaram ver na dança e nos requebrados. A mulher de Dj parecia uma carrapêta e não parava um minuto. Hiltinho, com sua maneira peculiar de dançar (ele dança até a cintura em um ritmo e da cintura para baixo outro. Vá ter coordenação motora assim na puta que pariu), partia para cima não dando tréguas assediando-a em todos os momentos. Vi a hora dele tomar uma surra de CDs aplicada pelo DJ. Mas, nada aconteceu, pois ele só fazia cantar: Tô nem aí, Tô nem aí!
A animação era total e a alegria do aniversariante era vista e demonstrada através de lágrimas incontidas, pequenas investidas e bebidas engolidas. Mesmo sendo um batalhão militar de elite, sua composição civil era altamente eclética: casados, solteiros, namorados e gays. Os mais sagazes poderiam até se armar, porém, só um, comprovadamente, conseguiu o Béu prazer. Se outros conseguiram, as camuflagens foram perfeitas. Eu até que tentei, mas dei o bote errado.
Marrom acordou branco, calado, quieto e comportado. Continuou participando mais como ouvinte e observador. Também, pelo que aprontou na viagem, era para ter que dar um tempo longo na reposição de energia. Mesmo sendo viado elétrico, uma hora tem que parar para recarregar as baterias.
Meia noite e o pau comendo solto, o whisky levado foi  acabando e passamos a consumir o bar da Pousada e o desprezado Passaport que Marrom gentilmente levou. Eu fui tomar um banho e dormir alguns minutos para refazer-me e agüentar até o fim, tudo em honra ao meu passado de velho guerreiro. Voltei 40 minutos depois, lépido e fagueiro e fui dançar com a mulher do DJ, pois ela, embora não fizesse minha linha, era degustável em ocasiões emergenciais. E essa era uma delas, porém, nada rolou pela vigilância paradoxalmente distraída do DJ.
Parou a música e, aqueles que ainda tinham voz, cantaram parabéns para Marcos que parecia a cachoeira do Niágara de tantas lágrimas que desciam.
Depois de beijos e abraços foi servido um delicioso macarrão à Bolonhêsa para revitalizar a galera e o bode começou a aparecer nos semblantes.
Nesse momento fiquei sabendo que o nosso soldado cubano havia tomado mais uma queda e tinha recebido mais ponto do que toalha bordada do Ceará. E, como conseqüência, havia apagado completamente. Mas, como o show não pode parar, voltou a rolar música e o salão, já menos cheio, tremia com o entusiasmo dos ainda sobreviventes.
Aos poucos todos começaram a recolher-se com o pensamento voltado para a longa viagem no dia seguinte e, entre duas e três horas da madruga, encerrou a música e todos foram dormir.
Na manhã seguinte, a partir das 09:00hs, já ouvia-se o ruído dos madrugadores que tomavam café e partiam para as poucas visitações nas cercanias da pousada, para pelo menos poder contar que estiveram realmente em Igatu. Eu, particularmente, fui apenas no lindo e pequeno museu, fazendo um percurso que, pelo meu estado físico, me pareceu um triatlo para Iron man. Desci a ladeira cansado e subi morto. Quase fico lá para ser vendido como antiguidade ou souvenir.
As 13:00 hs. todos já estavam reunidos no salão da pousada, suas sacolas arrumadas e comendo algo para aguardar o momento da volta. Inegavelmente, havia certo ar de intranqüilidade no semblante de todos com relação ao retorno, mas, não passou disso. A viagem de volta foi deliciosa, principalmente por ser durante o dia. Bebeu-se bem menos, dormiu-se mais e as paradas para xixi foram mais bem vistas e aceitas, pois serviam para estirarmos as pernas doloridas pelas danças e deslocamentos e, ao mesmo tempo, esvaziarmos nossas abarrotadas bexigas. Se alguém cagou pelo caminho, foi bastante discreto(a), pois não se percebeu esse detalhe desabonador.
Nossa última parada foi para jantar. E quando seguimos o silencio era quase que completo, pois todos estavam cansados e ávidos para pegar as suas camas.
As 11:00 hs. chegamos a Salvador, nos despedimos todos e, enquanto partiam para suas casas, eu e Marcos ainda fomos levar o DJ e sua cobiçada mulher no labirinto do gueto.
Sem sombras de dúvidas foi uma festa inesquecível e digna do amigo que tanto amamos, que escolheu enterrar de vez embaixo das pedras de Igatu, suas antigas façanhas e apelidos de Marcos Piranha e Marcos Galinha e, a partir dos quarenta anos, tornar-se o mais fiel dos homens. Que Deus o conserve assim!

*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail,com)

A vida não é louca!

                                    Antonio Nunes de Souza*
Dando uma guinada de 360 graus em minha preferência de assuntos que sempre me dedico a escrever, resolvi hoje falar sobre uma seqüência infinita de sentimentos e sensações que, sinceramente, fazem parte da nossa vida, ajudando a dar uma conotação de qualidade, mediante a maneira que essas nuances e comportamentos são aplicados nas dosagens corretas, sem os exageros e precipitações dos afobados e radicais.
Logicamente, essas séries de aplicativos vitais para mim continuam sendo abstratos, somente palpáveis pelas fragilidades de nossas mentes, principalmente, quando estamos atravessando alguma espécie de carência. Fato que, constantemente, vivemos no cotidiano, pois sempre estamos vivenciando uma busca de algo mais, muitas vezes, erroneamente, nos lugares, coisas e pessoas que somente vão nos tirar o pouco que já conseguimos. Mas, tudo isso faz parte da aprendizagem, para aqueles que pensam que sabem tudo e não precisam ouvir os mais experientes, poupando certos dissabores e situações embaraçosas e, muitas vezes, desagradáveis. Existe, uma minoria, que leva alguma vantagem abreviando e cortando caminho, seguindo determinados aconselhamentos, mas, a maioria prefere tentar quebrar a cara, que morrer com a dúvida se o que fez foi o melhor para elas ou não.
Essa linda e maravilhosa vida, que eu no meu livro e blog denomino de “louca”, é de uma sanidade invejável e composta de um turbilhão de sentimentos cheios de encantos, purezas e essências afetivas, matizado pelos diabólicos que também habitam nossas cabecinhas. Amor, carinho, fé, paixão, amizade, integração, sinceridade, prazeres e solidariedade. Esses são os elementos primordiais e formadores do que seja a vida. Um verdadeiro pudim de bondade que santificaria qualquer cristão num piscar de olhos, não fosse o lado corroído e podre que carregamos dentro de nós e estamos sempre prontos a descarregá-los pelos motivos mais fúteis possíveis, graças nossas impaciências de analisar os fatos antes das desastrosas decisões.  Normalmente, paga-se caro por essas atitudes. Mas...faz parte do show da vida! Estamos sempre mesclando nosso comportamento com a mentira, omissão, ciúmes, inveja, ódios e vinganças, pecando, exageradamente, e criando as piores dificuldades nos relacionamentos, quer sejam amorosos, comerciais ou familiares!
Portanto, pode-se ver que a vida nada tem de louca. Ela é de uma sensatez impressionante e nós, tolamente, tornamo-la cheia de dissabores, chegando ao ponto de denominá-la como “louca”. O que temos é que nos policiar mais, contarmos até 100 (em vez de dez como era no passado) antes de tomarmos posições e, durante essa contagem, saber analisar os prós e contras e se preparar para os resultados, sejam eles quais forem, já com o plano B traçado para ser usado, imediatamente, em caso de erros ou equívocos!
Certamente, saber lidar com algo tão complexo e belo é o maior desafio que Deus nos deu, provavelmente para testar a capacidade do homem de separar o benéfico do maléfico, dar valor ao mundo respeitando os direitos alheios, fazendo que a solidariedade seja o maior esteio de uma convivência pacífica e salutar para todos.
Olhe em sua volta e veja a grande floresta de ervas daninhas que já estamos colhendo e cada dia ampliando mais, graças ao tal do “livre arbítrio” que é usado sem a menor cerimônia, ajudando a caracterizar nossa divina e maravilhosa vida na condição nada elogiável de LOUCA!  
*Escritor (blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)                                                      

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Querida Margarida!

                                                                                                  Antonio Nunes de Souza*
Ainda não descansei da noite de ontem, mas, preocupada com você, estou escrevendo para saber se você chegou bem e se já tomou os cuidados necessários para voltar à normalidade.
Como você saiu daqui completamente fora de si e desbundada com o carnaval, achei por bem relatar os fatos no sentido de você saber com mais precisão, como foi o seu carnaval baiano nos dias que conseguimos nos ver.
Tentei ligar para o seu celular, mas depois me lembrei que logo na quinta-feira no Campo Grande, quando passou o primeiro trio você partiu atrás feito uma louca e, quando voltou, já estava sem ele e nem sabia como foi. Sua boca com o batom todo borrado e disse sorridente que recebeu uma cacetada de beijos. Eu falei para você ter cuidados, porém, do jeito que você estava tão eletrizada, parecia que era uma homenagem de S. Paulo aos 60 anos dos trios.
Paramos para tomar umas cervejinhas para refrescar o calor retado que fazia, e você nem me disse que não agüenta beber, pois, quando levantamos na barraca, você saiu em disparada para um outro trio que estava despontando, que não deu nem tempo de lhe acompanhar. Fiquei lhe esperando no mesmo lugar, bastante aflita, já que você não conhece bem Salvador e estava vindo pela primeira vez ao carnaval. Depois de duas horas, graças a Deus você apareceu e estava abraçada com dois caras, faltando uns botões na blusa, o fecho da bermuda aberto e notava-se, claramente, que já estava sem calcinha. Assustada, falei:
- Onde você estava Margô? E você, aos gritos respondeu:
-No maior carnaval do mundo, minha querida!
Notei logo que você já estava pra lá de Bagdá e seria melhor voltarmos para casa. Dei um jeito de mandar, gentilmente, os caras embora (que não largavam sua cintura) e, meio constrangidos, deram mais alguns beijos e se picaram para o meio da multidão.
No caminho de casa, depois de você repetir mais de mil vezes que o carnaval baiano é uma coisa maravilhosa, caiu no sono e só acordou na hora que chegamos e eu lhe chamei. Fui tomar um banho e, quando voltei, você estava roncando no maior sono, preferi deixar você relaxar de roupa e tudo. Curiosa, dei uma olhadinha pelo zíper e constatei que a calcinha tinha ido para o brejo e tinham comido minha amiga na primeira noite.
Pela manhã você pediu que fossemos a praia para pegar uma “corzinha”, pois estava muito branquela. Mas, calada vi duas manchas roxas no pescoço que se percebia visivelmente que eram de “chupões”, recebidos na noite anterior, na sua pré-estréia carnavalesca. Logicamente, você evitou falar do assunto.
Aproveitei para reforçar os meus conselhos de cuidados, porém você não estava nem aí. Disse apenas que eu ficasse tranqüila que estava numa boa, bastante alegre e feliz, querendo curtir tudo que o carnaval podia oferecer.
No fim da tarde fomos ver a saída dos Filhos de Gandi e, quando você viu aquele mar de turbantes brancos, enlouqueceu completamente e entrou no meio dançando meio sem jeito o ritmo do afroxé e sumiu na multidão. Eu fiquei quieta, pois não sou muito chegada a entrar no bolo.
Margô, minha filha, eu fiquei de boca aberta quando você voltou trazendo enfiados no pescoço e nos braços, trezentos e cinqüenta e quatro colares , uma vez que os Filhos de Gandi trocam um colar por um beijo. Você estava com a boca inchada, não tinha mais batom e os lábios pareciam de um peixe badejo de tão grossos que estavam. Mas, seus olhos brilhavam mais que um punhado de lantejoulas. Sinceramente, disse para mim mesma: Estou fodida ter que cuidar dessa amiga! Até terça-feira muita merda vai acontecer!!!
Paramos para fazer um lanche e seguimos caminhando pela avenida em direção ao farol da barra para ver de perto o circuito barra/ondina. Andando lentamente para não chegarmos cansadas e também ir apreciando a cidade, principalmente o Campo Grande que é o point do carnaval. Chegamos lá as 19:30 h. e nos deparamos com uma aglomeração indescritível, que mal dava para se caminhar espremidos no meio do povo. Uma puta esfregação com cheio de mijo, suor, bebidas e cigarro. Fora a leve lama no chão em função das eventuais chuvas e o lixo atirado pelos mal educados foliões. Mas, para você Margô, era tudo uma maravilha as novas sensações de liberdade e libertinagem.
Por conhecidencia, naquela hora ia saindo o trio do bloco Parangolé com o cantor Léo Santana mandando ver a sensação do carnaval: Rebolation. Aí mulher, você acabou de perder o juízo! Pegou na barraca ao nosso lado um “capeta duplo” e entrou no meio da pipoca atrás do bloco e, em fração de segundos, havia sumido completamente. E não é que a merda da música nos excita muito? Olhava de longe e via milhares de bundas requebrando e os homens fazendo “terra” atrás, percebendo-se os volumes nas suas bermudas e shorts, completando a sacanagem que todos ali desejavam.
Desta feita esperei por horas e você Margô não voltava nunca. Quando já estava desiludida sem saber o que fazer, meu celular tocou e, quando atendi, era você de um orelhão dizendo que estava em ondina, deu umas referencias do lugar e me pediu que fosse ao seu encontro. E assim fiz, pegando um táxi para mais ligeiro chegar.
Quando consegui localizar você, tomei um puta susto! Estava sentada no colo de um negão de uns dois metros, cabelo rastafari, sem camisa, ombros da largura de um guarda roupa de casal e os braços pareciam dois pedaços de trilhos de grossos e fortes que eram. Imaginei logo: Se esse negão comeu Margô ela vai ficar seis meses sem poder mijar direito! E se botou no furico da coitada, vai ter que sentar de lado por um bom tempo!
Notei logo que você estava completamente bêbeda e tratei de lhe retirar de onde estavas e, explicando para o cara, peguei-a abraçando pelo meio, seguindo a procura de um táxi para ir para casa. E lá chegando, lhe dei um banho frio e a coloquei na cama, já que você apenas balbuciava: Que carnaval maravilhoso!
Fui dormir preocupada pra caralho, pensando uma maneira de fazer você voltar o mais breve possível para Sampa, pois, infelizmente, não teria condições de acompanhar suas loucas aventuras.
No sábado quando você acordou estava toda quebrada, andando com a bunda meio torta para o lado esquerdo e disse que foi de tanto mexer no rebolation. Mas, eu acho que foram as estocadas do negão!
Então, para ver se lhe acalmaria um pouco, falei que estava com um mal estar e não sairia, preferindo descansar para o domingo.
-Nada disso minha amiga! Você fica descansando que eu me viro sozinha. Pode ficar tranqüila que não haverá problema. E assim foi! Pois, de propósito, fiquei em casa enquanto você se arrumou e partiu para o circuito barra/ondina que, segundo você, era o verdadeiro paraíso. Eu resolvi ficar na minha, já que você não era uma criança (30 anos e psicóloga) e dona das suas atitudes. Falei que colocasse no bolso o meu endereço e telefone para em caso de alguma necessidade, seria fácil voltar para casa ou avisar sem problemas.
Almoçamos, dormimos mais durante à tarde para aliviar o seu cansaço e o meu desespero de preocupações. Ao anoitecer, tomamos um bom banho e você nem quis comer nada. Arrumou-se toda e disse que ia para o farol e depois seguir o circuito completo. Que brincaria numa boa e no fim da noite tomaria um táxi, voltando sem problemas.
-Ok! Se divirta e tenha cuidado. Qualquer coisa me ligue que não sairei de casa hoje! Tchau!!!
Margô minha filha, você me deixou doida! Hoje é quarta-feira e você não apareceu aqui e nem deu a mínima notícia. Já fui a diversos hospitais, a polícia e não obtive nenhuma pista do seu sumiço. Não tenho a mínima idéia do que possa ter acontecido, então resolvi fazer esse e-mail para você, esperando que já estejas em S. Paulo e possa me dizer algo para me tranqüilizar.
Nesse momento que estou escrevendo, toca meu telefone e sabe quem era? A filha da puta da Margô, dizendo que estava em Arembepe e que tinha ido com uns caras legais que eram maravilhosos na dança do lobo: Vou te comer, vou te comer, vou te comer (uma delícia) e voltaria para Salvador amanhã (quinta-feira).
Essa notícia me deu um alivio retado, não vou nem mais mandar esse e-mail para ela e, juro por Deus, que jamais hospedarei filha da puta nenhuma em meu apartamento durante o carnaval! Essa sacana fodeu com toda Bahia e com o meu carnaval!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

sábado, 19 de novembro de 2011

Trocando a decência pelo poder!

Antonio Nunes de Souza*
Triste e lamentável que vejamos de perto a permuta da tentativa de vencer pelos méritos e qualidades, mesmo que o trabalho seja árduo, por uma possível (?) vitória para ter o poder nas mãos, mesmo sabendo que não existem méritos e nem comprovações de comportamentos elogiáveis no candidato que desejam apoiar, tentando enfiar goela abaixo do povo itabunense, pouco importando o que seja melhor para o município.
Esse é, infelizmente, o desejo ferrenho dos Deputados Jutahy Magalhães e Augusto Castro, declarando abertamente com essa atitude que, para eles, o importante não é a qualidade, competência e honestidade, pois o que vale mesmo é ganhar as eleições, ter o poder nas mãos, continuar manipulando as massas e o povo que se exploda com seus desejos de melhorias!
Uma pena que um homem de bem como Ronald Kalid tenha que passar por um vexame dessa ordem, vendo o presidente do seu partido na Bahia, dar preferência ao joio estranho a sua linha partidária, alijando o trigo do seu próprio partido. São essas atitudes que comprovam o desinteresse de melhorar o nível político nacional, não deixando dúvidas que as necessidades e desejos da população estão em terceiros e quartos planos e o que vale mesmo é dominar o país, encher seus bolsos e dos seus parceiros, aproveitando-se dessas nossas leis obsoletas, morosas e cheias de evasivas.
Nossa esperança é que o itabunense esteja atento para esses acordos nada elogiáveis, para formação de uma facção infestada de homens que suas vidas públicas não honram os cargos que o povo, inocentemente ou enganados com o velho pão e circo, lhes deram com os corações cheios de esperanças!
Por favor, parem com essa mania tola e infantil de ficar nas esquinas dizendo que todo político é desonesto ou corrupto, analise e veja que foi você que os elegeu. Você é que foi o culpado de ter se deixado enganar ou procurado se beneficiar isoladamente através do seu voto, elegendo alguém que não merecia. Desta feita seja mais sensato e vamos ajudar a melhorar o nível político, não seguir essas determinações de deputados que aqui só aparecem para catar votos, determinar em quem as pessoas do município devem votar e nunca aqui moraram ou tiveram vinculações, diretamente, com nossa cidade.
Vou terminar com um Hai Kai (poema oriental)
“Essa não é mais segredo,
A gestão de Azevedo mete muito medo!”
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)



quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Seu nome rima com "medo"?

Antonio Nunes de Souza*
Depois dos levantes de revolta em alguns países árabes e egípcio, com muitas lutas, mortes e prisões, tivemos a felicidade de ver a vitória do povo ao derrubar os canalhas corruptos que roubavam, cinicamente, os cofres públicos.  E, depois desses difíceis e maravilhosos momentos, acabada com as ditaduras de pulhas bandidos, esses sofridos povos desfilavam pelas ruas, entre lágrimas e sorrisos, comemorando a volta da liberdade e o começo da democracia verdadeira!
Estou voltando a esse assunto de grande importância histórica para, mais uma vez, alertar as quadrilhas de gestores (administradores e legisladores) que, eleitos pelo povo, aproveitam-se dos seus cargos fazendo dos órgãos públicos quintais de suas casas, apoderando-se de bens e desviando verbas destinadas às obras comunitárias, principalmente e absurdamente, na área da saúde.
Embora essa observação seja ampla, já que esse tipo de comportamento, graças às impunidades vistas cotidianamente em função das morosidades e a quantidade de recursos existentes, aliados as benesses e benevolências de alguns homens da lei que participam e se beneficiam das bandalheiras, que estão implantadas e enraizadas como normalidade nacional. Porém, nesse momento, minha preocupação está dirigida e direcionada a nossa região, mais precisamente ao município de Itabuna, que, grosseiramente, está sendo vítima de uma série de barbaridades, principalmente na assistência médica e hospitalar (preventiva e curativa) e nenhuma providência foi tomada, energicamente, pela dita e tão decantada sociedade organizada. Será que essa sociedade organizada por ter um “status” médio/alto, portadores de bons planos de saúde, não deva se preocupar com a hospitalização e atendimentos nos postos de saúde para o povo e toda comunidade?
Onde está a humanização, solidariedade e seu compromisso como cidadão?
Presenciamos, desde 2008, o grande escândalo de denúncias de desvios de milhões de reais na saúde, causando inclusive a exoneração do secretário feita pelo prefeito (acompanhada de acusações), sendo essa uma das causas do cancelamento da gestão plena que estava rolando solta em mãos impróprias. Vale lembrar que, naquela época, o vice-prefeito era o Sr. Azevedo, conivente, apoiador e grande escudeiro do prefeito na época (era um aplicado aluno que suplantou o mestre) e, ao candidatar-se como prefeito, demoniacamente, conseguiu eleger-se iludindo o povo como uma gestão nova, totalmente propaganda enganosa, uma vez que participou diretamente, inclusive substituindo o titular em algumas ocasiões (obedecendo a determinações da lei ou em condições normais), provando que era um fiasco.
Hoje, esse prefeito que tem pretensões de reeleger-se, nos apresentando uma gestão pobre e ridícula, onde os seus maiores méritos é nos colocar em primeiro lugar de mortandade infantil no Brasil, segundo lugar em contaminação do dengue, centenas de crimes e assassinatos pela falta de segurança, cidade imunda e esburacada, reforma da cinqüentenário com os passeios cheios de buracos, falhas e alagamentos com apenas um ano que foi realizada a obra. E, para provar que realmente não respeita a comunidade, fez do HBLEM um grande cabide de emprego, colocando pessoas que já vêm sofrendo acusações e suspeições em outros órgãos e cidades regionais, e essa unidade hospitalar estando depredada, funcionando com menos de 50% da sua capacidade, pois, os leitos estão reservados para acalentar os afilhados políticos. Se você fizer uma visita só não vai ver que lá tem mais diretores que pacientes, porque muitos deles nem lá aparecem!
Até o secretário de saúde ele foi buscar fora da cidade e nos trouxe um professor de história que já veio de lá trazendo estórias nada agradáveis sobre sua atuação e, achando pouco, nomeou o antigo secretário de saúde (aquele do caso de 2008) como diretor médico da Fundação de Assistência a Saúde de Itabuna (HBLEM). Mas, preocupado para que as coisas andem bem, colocou o Sr. Carreiro, oriundo do desmanche da câmara de vereadores, para ser Coordenador financeiro!
Não estou vestindo a roupa de acusador, nem advogado de linhas partidárias, pois meu desejo único é de ver esclarecidos esses nebulosos fatos que a mídia já está cansada de repetir!               
Tenho convicção que, no próximo ano, o povo levantará sua voz, fará passeatas e greves exigindo a saída dessa equipe do mapa de políticos que envergonham a classe, ludibriando o povo.
Se eu me chamasse Azevedo estaria morrendo de medo!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A violência oficializada!

                                        Antonio Nunes de Souza*
Dias atrás escrevi um artigo onde enfatizava que o homem estava se animalizando cada vez mais, baseando-me nos fatos e ocorrências que vemos, cotidianamente, em todos os ambientes. Sem que seja considerado um exagero, os comportamentos apresentados em algumas ocasiões, nos tira qualquer dúvida, que, por ventura, ainda possa estar existindo.
Dessa feita não vou me ater às coisas que já viraram uma triste rotina (estupros, assaltos contra idosos, surras e crimes por preconceitos sexuais e religiosos, aliados a uma série de outros fatos bárbaros e hediondos, que todos nós temos conhecimento ou já sofremos, direta ou indiretamente. O que me deixou incrédulo e estarrecido foi uma prática que para o mundo passou a ser uma coisa normalíssima, inclusive com direito a apoios e patrocínios espetaculares dos produtos de ponta no mercado mundial!
Estou referindo-me a nova versão da antiga luta “Vale-tudo” que, com o tempo, passou a ser uma diversão, caracterizada pelas “marmeladas” existentes nos tablados, onde os contendores apareciam com fantasias das mais interessantes e exóticas possíveis. Agora, passada essa fase bastante explorada pelos trapalhões, voltamos a ter que encarar esse retorno com outro nome (UFC), passando a ser uma prática feroz, digna dos cães pittibulls, onde os homens treinados nas mais diversas lutas marciais se enfrentam em uma arena, que mais parece um curral de luxo, trocando socos, ponta pés, joelhadas, cabeçadas, etc., para, simplesmente, provar qual é o mais perverso e preparado para aniquilar o adversário. Só não valendo dedos nos olhos e chute no saco, mas, os golpes são tão cruéis, que um ponta pé no saco pode parecer até uma carícia.
E, para selar essa monstruosa vergonha, ainda temos que ver e ouvir Galvão Bueno narrando essas contendas sangrentas da seguinte maneira: “Sensacional telespectadores da rede globo, nosso campeão Cigano Júnior deu um lindo ponta pé no queixo do adversário, provocando uma fratura exposta nos dois maxilares, com a belíssima queda bateu a cabeça no piso do ringue, que causou um belo traumatismo craniano. Vitoria sem sombras de dúvidas do nosso querido e meigo C I G A A A A A N O  J Ú N i O R !”
Depois de escrever sobre esse novo e sórdido esporte (?), chego ao ponto que me fez fazer essa crônica/artigo. Como é que um país que é, terminantemente, proibido a briga de canários, galos e outros animais, as leis apóiam e permitem esse ato desumano de dois homens entrarem em um recinto e se digladiarem de uma maneira feroz e mortífera e, uma multidão de idiotas ainda paga para ver e, com gritos de histeria vibrar com a sangria que, normalmente, se faz presente.
Essa atitude paradoxal é mais uma prova que a animalização humana está ultrapassando os pobres animais irracionais e, infelizmente, encarada pela sociedade com a maior naturalidade!
Estamos nos aproximando com grande rapidez do retorno das contendas espartanas do Coliseu, ocasião que, com um gesto do polegar, o lutador era assassinado pelo vencedor e este, aplaudido e premiado!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)        

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mude seus comportamentos!

                                                      Antonio Nunes de Souza*
Não é mais novidade para ninguém que o uso do álcool é o culpado número um dos acidentes de trânsitos e rodoviários, causando faltas de atenções, imprudências e equilíbrios físicos e emocionais que, como conseqüências, causam seqüelas, mortes e grandes prejuízos materiais. Então, como justifica o homem, continuar procedendo de uma maneira tão idiota de comportamento, na ilusão que somente podem acontecer essas tragédias com os outros e que eles são imunes a tais conseqüências?
Será um atestado de burrice e falta de competência para administrar suas próprias vidas, ou uma resolução divina para alertar cuidados no equilíbrio demográfico, já que nossa querida terra já conta com sete bilhões de habitantes e não se sabe onde colocar tanta gente que está nascendo, se não houver um equilíbrio na natureza?
Pode parecer uma hipótese louca e desrespeitosa ao Senhor, mas, assim como os animais na natureza participam ativamente nos seus equilíbrios vitais, nós, também, na qualidade de animais (mesmo racionais, que algumas horas chego a duvidar), temos a obrigação de participar desse processo para a conservação da espécie. Mesmo parecendo uma idéia louca, se for abraçada pelos religiosos, será uma linha bastante rentável nas programações (principalmente evangélicas), com noitadas semanais de descarregos humanos intitulados: Morra pela vida!
Se você riu e acha que estou louco, enganou-se redondamente! Pois, não acredito que o Divino deseje que aconteça uma super população, falta de alimentos, oxigênio, moradias e doenças, e que o mundo criado com tanto carinho em sete dias de trabalho puxado (se Ele estivesse aqui hoje seria tão bom para fazer a limpeza das favelas, os estádios da copa, o porto, aeroporto internacional e ferrovia de Ilhéus em três dias, fácil fácil), tendo que refazer tudo outra vez, já que depois das brigas e guerras por um pedaço de pão, fatalmente, esse mundo será destruído!
A vantagem na construção do novo mundo será que, pelas modernidades, o homem não será feito de barro. O material mais adequado será massa de poliuretano, e a mulher, em vez de nos mutilar arrancando uma costela, Ele usará silicone, butox, para aperfeiçoar mais esse produto, que já é de altíssima qualidade! Nos homens Ele poderá tirar um pouco de massa diminuindo a bunda e utilizar no HD cerebral, pois, é melhor ter a cabeça um pouco maior do que ser bundão.
Mediante minha lúcida (?) explanação, é importante que você apenas use álcool no tanque do carro, tenha mais atenção quando estiver dirigindo, não atenda ou ligue celular que, assim fazendo, estará ampliando o seu ciclo de vida e de muitos que você poderá prejudicar. Creio até que é melhor viver na multidão que morrer na solidão!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O estado na economia!

                                     Antonio Nunes de Souza*

Certos regimes, principalmente os de esquerda, fazem apologia ao monopólio estatal. Mas, a história tem provado que o capital privado e a liberdade de mercado são fatores preponderantes nos desenvolvimentos industriais, comerciais e tecnológicos, proporcionando uma concorrência que, sem sombras de dúvidas, traz benefícios às comunidades, pois, as empresa procuram investir em tecnologias e pesquisas no sentido de melhor atender as necessidades e demandas e, consequentemente, oferecer aos consumidores preços mais competitivos, melhor qualidade e fazendo frente aos concorrentes.
A interferência do governo deve ser de órgão fiscalizador, coibindo a instituição de cartelismos, assim como, não singularizar concessões, principalmente de serviços essenciais, para que os usuários tenham opções e não sejam obrigados a explorações contínuas.
Tomando nosso país como exemplo, infelizmente, praticamente todas as empresas estatais são deficitárias, excetuando pouquíssimas que se destacam internacionalmente (Petrobrás. Correios, Embratel e Embraer), aliadas a outras de menores expressões. Entretanto, temos que observar que, os resultados negativos alcançados nas empresas governamentais, são proporcionados pelas interferências políticas em suas administrações, uma vez que, geralmente, são presididas e dirigidas por homens sem as qualificações técnicas necessárias, pesando para tanto o prestígio político/partidário.
Acredito que, se tivéssemos uma cultura com maior desenvoltura de cidadania e compromisso com nosso país, os homens olhassem a empresa pública como um patrimônio de todos, gerindo e trabalhando com dignidade, os resultados seriam bastante expressivos, já que a lucratividade beneficiaria toda nação. Mas, pela falta de esclarecimento, educação, vícios, etc., a grande maioria encara as estatais como “é do governo” e não desenvolvem um comportamental digno e trabalhando com produtividade. Suponho ser quase impossível mudar essa mentalidade secular.
O maior exemplo que temos de economia aberta no mundo é a dos Estados Unidos. Altamente capitalista, o investimento privado é visto em todas as vertentes, as possibilidades estão ao alcance de todos, mas, mesmo com leis e regras bastante rigorosas, estamos vendo atualmente resultados estarrecedores no seu universo financeiro, abalando, praticamente todos os países, já que vivemos regidos pelo dólar. A experiência européia com o euro, já começou a dar problemas (vide a Grécia) que abalaram, totalmente, o mundo financeiro e, com essa abertura de socorro, abriram-se precedentes para outros países, que nas necessidades, sejam também atendidos com trilhões de euros na busca da salvação, se não arrasta todos para o abismo. Esse exemplo é um paradoxo para nossa opinião, porém, também contradiz com uma série de conceitos e argumentações de homens como Karl Marx, Keynes e outros que formataram fórmulas e conceitos miraculosos e, na prática, não funcionaram ou apenas funcionam em parte, graças aos motivos acima expostos.
Lamentavelmente, o problema não são as instituições ou regras estabelecidas. São, simplesmente, os homens e suas ganâncias de poder!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)                                                       

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Seja você mesmo!

 Antonio Nunes de Souza*
Depois de determinado tempo, condenando, achando ridículo, sem entender como as pessoas se deixam influenciar, comovidas e consternadas, lendo ou ouvindo uma série de clichês, apenas sendo mudadas algumas palavras e ordens para se diferenciarem nas suas apresentações, porém, dizendo as mesmas coisas, cada um dos “sábios” da vida procurando palavras que mais tocam e sensibilizam, atingindo mais seus objetivos e intenções que, normalmente, é de vender mais livros e receberem convites para palestras que deixa esse tipo de platéia chorosa e cheia de emoções, resolvi proceder opinião pessoal de uma maneira séria ao encarar esse fato que se tornou um fenômeno mundial, visto que, os maiores recordistas de livros vendidos e traduzidos são alusivos a uma montanha de historinhas de auto-ajuda.
Percebi que tudo que você possa expressar de uma maneira romântica e cheia de elucubrações, tocam, sensivelmente, a psique de alguma pessoa, bastando para isso que esta esteja passando por um momento de perda, fraqueza, solidão ou, em muitos casos, alguma inesperada doença. Muito embora, a razão campeã seja a desilusão amorosa que, fatalmente, debilita os mais fracos de espírito, enchendo-os de dúvidas e inseguranças, procurando encontrar as soluções nas doces palavras consoladoras ou indicações de mudanças comportamentais que nem sempre são as soluções, pois, somos seres completamente diferentes, as reações de cada indivíduo envolvido são mutantes e, como diz o adágio popular, o que é bom para Chico, pode não servir para Francisco e, seguir certos conselhos, pode piorar uma situação em vez de minimizá-la.
Somos todos diferentes e únicos como as nossas impressões digitais, e assim sendo, justo e lógico será que façamos nossas reflexões íntimas, análises do que é melhor e benéfico para nós naquele momento do ato e do fato, tomando atitudes com coragem e amor próprio, logicamente, nos preparando para os resultados que possam advir. Se forem bons, ótimo. Mas, se forem adversos, que tenhamos forças para segurar as conseqüências, dar a volta por cima e encarar tudo como mais uma lição de vida!
No mundo moderno que vivemos as variações comportamentais estão tão diversificadas, os valores éticos e morais tão fragilizados e esquecidos que, seguir padrões, tornou-se algo obsoleto e arcaico. Temos a obrigação de sermos dinâmicos e termos atitudes para resolver nossas questões sem procurar soluções nesses pseudos mestres dos problemas do corpo e da alma. Seja você mesmo, pois, lamentavelmente, estamos vivenciando uma guerra de interesses individuais, onde as pessoas só pensam em usar as outras de conformidade com suas conveniências, e descartam quando não são mais úteis ou aparecem outras opções melhores em suas frentes.
A franqueza e objetividade de minhas palavras, embora combatendo os falsos profetas, termina me incluindo no mesmo mundo deles como se eu fosse um dono da verdade, mas, minha intenção não é essa jamais. Apenas, a liberdade de dizer o que penso, escrevi esse texto, sem querer entrar no rol dos “sábios” (e entrando de alguma forma), apenas para que você pense mais um pouco antes de se vislumbrar, ficar grifando frases de efeito nos livros e seguindo conselhos de um idiota qualquer (como eu) que pensa que sabe das coisas e segredos dessa vida louca!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

domingo, 6 de novembro de 2011

Ironias do destino!



                                                                                                                        *Antonio Nunes de Souza

Sentado, as lágrimas desciam pelo rosto, ao ouvir uma frase forte e comovente que, num passado distante, a ouvi com entonação de carinho e preocupação e encontrava-me alegre e feliz. Fiz uma retrospectiva, projetando em minha mente um filme que não gostaria de tê-lo visto:
-Pâmella Mary, saia da lama menina! Falou a mãe enquanto enxaguava na bacia a roupa de lavagem de ganho.
Sorri, internamente, quando ouvi o nome da pequena criatura que, sentada numa poça d’água, brincava tranqüilamente como se fosse uma piscina. Analisei como é interessante e peculiar entre as pessoas pobres, colocar nomes exóticos e estrangeiros em seus filhos, procurando enriquece-los de alguma forma, imitando os nomes comumente usados nos filmes e novelas da tv. Mais engraçados ainda são os acréscimos de letras para dar maiores ênfases, muitas vezes tornando ridículas as pronuncias e as combinações. Pâmella Mary era um exemplo típico desse fato!
-Bom dia dona Mariana!
-Bom dia, Dr. Márcio! Eu estava esperando o senhor na parte da tarde, por essa razão não preparei a menina.
-Infelizmente surgiu um compromisso inesperado para hoje à tarde, e resolvi vir logo pela manhã. Mas, como a senhora não tem telefone, não tive condições de avisar. Porém, pode ficar tranqüila que aguardarei de bom grado a preparação da criança.
Enquanto mandava que eu sentasse em um tamborete com as pernas meio bambas, Mariana desocupou a bacia estendendo as roupas no varal improvisado em plena ruela da favela, enchendo-a de água e, em seguida, pegou a menina pelo braço e a colocou dentro, antes porém, lavou os sujos pés que estavam enfiados na lama fétida do fundo da poça.
Conforme havíamos combinado, eu estava ali para levar a menina, adotando-a extra-oficialmente, pois estava casado há 10 anos e não consegui ter um filho, em função de um problema genético da minha mulher. E fomos informados que dona Mariana não tinha condições de criar a menina e estaria disposta a dá-la para um casal que fosse respeitável e lhe desse uma boa educação. Ela foi a nossa casa, nos conheceu, viu que tínhamos boas intenções e concordou em nos dar a criança, mesmo sem as burocracias da justiça. Como a menina tinha dois anos e não era registrada, nós a registraríamos como se fosse nossa própria filha e tudo ficaria na mais completa tranqüilidade e segredo para ambos os lados. Pretendíamos dar algum dinheiro para Mariana como uma compensação por estar nos dando uma felicidade ímpar, mas ela recusou-se categoricamente, alegando que, somente em estarmos dando conforto e segurança para sua filha, representava a maior das fortunas que ela poderia ter na vida. Mas, mesmo assim, prometemos ajuda-la em alguma ocasião que fosse preciso.
Não ficamos temerosos com relação a alguma reclamação posterior do pai de Pâmella, pois se tratava de um individuo que apareceu na favela tempos atrás, sem documentos, eiras nem beiras, nenhum parente e fazia biscates diversos para sobreviver. Mariana o conheceu num pagode, ficou, e aconteceu. Uma semana depois desse fato, ele foi atropelado e morto numa rua da zona norte. Mariana só veio saber, através dos comentários habituais da favela. Entretanto, ninguém sabia desse rápido envolvimento e nem ela percebera que já estava grávida. Quando descobriu, deu prosseguimento a sua gravidez, guardando segredo de quem era o pai, pois, naquele ambiente, ninguém tinha preocupações ou causava estranheza alguém aparecer de barriga.
-Pronto Dr. Márcio. Aqui está sua bonequinha! Coloquei nesse saquinho de mercado algumas roupinhas, embora o senhor tenha dito que já tinha em casa um enxoval completo no quartinho dela, que tive a felicidade de ver em sua casa. Ela disse isso escondendo com um sorriso os olhos lacrimejantes de uma mãe que está entregando um pedaço de si.
Dei-lhe um abraço, agradeci mais uma vez, e alegre e comovido carreguei a criança nos braços, partindo para o carro que estava um pouco distante, em função do caminho do seu barraco ser intransitável, onde Eunice, minha esposa, me aguardava, pois não queria ver a cena da despedida. Mas, nada aconteceu que fosse dramático.
Pâmella não esboçou nenhuma reação e nem estranhou as pessoas que a estavam levando-a O passeio de carro, as novas paisagens e a variação de novidades, eram suficientes para faze-la feliz e nem lembrar do seu barraco ou da própria mãe.
Tomamos todas as providencias combinadas e normais para perfilha-la e criar a menina dando-lhe educação, carinho e amor. Não mudamos o seu nome, como uma homenagem ao gosto(?) da sua mãe.
Os anos passaram, Pâmella terminou o curso secundário, fez vestibular e passou a cursar a faculdade de arquitetura. Quanto à dona Mariana, curiosamente, após dois meses que havíamos trazido a menina, voltamos ao seu barraco e não a encontramos. Seus vizinhos não souberam nos dar nenhuma notícia, como também, nesses 19 anos, jamais voltamos a nos falar ou ter alguma referencia do seu paradeiro. Em função disso, jamais contamos nosso segredo para a menina.
Mas, como muitas vezes o destino nos prega peças nem sempre agradáveis, Pâmella começou um namoro com um rapaz que era usuário de drogas e, infelizmente, levou-a para o vício. E, como comumente acontece, quando percebemos já era tarde. Ela começou a ser agressiva, passar dias fora de casa, deixou de freqüentar a faculdade, além de beber e fumar, iludida como muitos jovens, achando que isso é que era felicidade.
Tentamos de todas as maneiras contornar a situação, mas, somente pode-se ajudar, quem realmente deseja ser ajudado. E ela nada queria e não aceitava mais nossos carinhos e atenções, terminando por ir morar com o tal indivíduo em um quartinho de uma pensão de quinta categoria.
Depois de meses nessa vida, onde não tínhamos nenhuma notícia, hoje ela apareceu aqui em nossa casa, com uma aparência horrível, olheiras, mal vestida e, cinicamente, veio nos pedir, quase exigindo, dinheiro para comprar drogas, pois estava em tempo de enlouquecer e, caso não tomasse uma dose iria morrer de dores por todo corpo.
Foi nesse instante que ouvi a fatídica frase, desta feita repetida por minha mulher, com muita compaixão, lágrimas e amor, que me fez lembrar toda essa triste história:
-Pâmella Mary, saia da lama menina!

*Escritor(BlogVidaLouca mailto:–ansouza_ba@hotmail.com)                                                          
                                                                                                                                             

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A transformação do dia dos finados!

                                                Antonio Nunes de Souza*
Dia de finados, mesmo para os mais duros de coração, bate uma lembrança geral daqueles que tivemos oportunidade de conviver e o tempo achou por bem recolhe-los, em alguns casos, até bem antes das horas previstas.
Dei um mergulho nos anos cinqüenta (Pô! Tô velho pra cacete!) e comecei a rememorar aquele tempo que todas as emissoras de rádios saiam do ar, falava-se baixo em casa, havia horários para orações, missas e as sagradas visitas ao cemitério para levar umas flores e velas para enfeitar os túmulos dos nossos entes queridos.
O tempo foi decorrendo, as emissoras passaram a transmitir apenas músicas clássicas, inclusive a própria televisão que estava chegando ao Brasil e, respeitosamente, colocava uma imagem padrão fixa e um rosário de orquestrações lentas e saudosistas no decorrer do dia. Sinceramente, era um comportamento, além de religioso, uma demonstração de afeto e sentimento pelas faltas corporais em nossos convívios.
Rapaz, sem querer relatar todas as mudanças decorridas nesses anos subseqüentes, pois daria um romance, vou partir para a atualidade, onde não estão mais respeitando os vivos, quanto mais os mortos. Além de dizerem que: quem morreu foi quem se Fo...!, Ainda ficam P da vida quando o defunto só fez dar trabalho e não deixou herança nenhuma. E, para justificar seu próprio alívio, diz para os outros: Foi bom ele ter ido, pois estava sofrendo muito! Mas, no seu íntimo esta pensando: Que alívio retado!
Por mais que pareça que estou sendo cético, atroz e exagerado, tirando as raríssimas e honrosas exceções, essa é uma realidade vista nesse mundo moderno e cheio de praticidades, onde ouvimos, constantemente, quando damos os pêsames que: “ é isso mesmo, a vida continua”. No passado as viúvas se vestiam de preto por um ano e os viúvos usavam uma tarja preta na manga da camisa simbolizando a perda. Ao depararmos com alguém conhecido nessas condições, não era nem preciso perguntar pela saudade, pois as vestes já deixavam transparecer tais sentimentos.  Hoje, os jovens cônjuges já estão flertando em pleno velório e, se for bom partido, a disputa é grande, começando pelos advogados se candidatando aos inventários e, conseqüentemente, aos encantos!
Essa transformação radical na comemoração no dia de finados, oficializado como feriado nacional, não mais é justificado, uma vez que a maioria das pessoas aproveita para fazer festas e bebedeiras deixando os pobres mortos horrorizados em suas sepulturas. De roupa preta a única peça que eles adoram é a “calcinha preta” da banda, para se deleitarem até o raiar do dia, ainda dizendo sorridentes que compraram pacotes de velas, mas, os defuntos interessados que apareçam lá em casa para buscar!
Para finalizar o meu estarrecimento por essa radical mudança, fiquei sabendo ontem que o m2 no cemitério paulista está custando mais caro que no luxuoso bairro Morumbi, dificultando o pobre até morrer em paz, pois, além de nunca ter tido onde ficar em pé vivo, não tem como cair morto. Minha esperança é que o governo, que já é solidário em muitos casos, crie agora mais um programa popular: Minha cova, Minha morte!
*Escritor (Blog Vida louca – ansouza_ba@hotmail.com)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os venenos do tal amor!

                                          Antonio Nunes de Souza*
Feliz, tranqüilo, alegre, sorridente, cheio de saúde, inteligente, formação universitária, pós-graduado, mestrado, músico, cantor, compositor, poeta, escritor e, além de tudo isso, um grande filósofo!
Parece até que eu descrevi um santo, um homem sobre humano, ou que seja impossível se encontrar na face da terra, digno de ser colocado em um galpão de parque e fosse cobrado ingresso para que o povo tivesse contato com essa figura ilustre, curiosa e inusitada.
Sem nenhuma sombra de dúvidas, tratava-se de um ser especial admirado por todos e invejado por muitos, que, numa cidade do interior, torna-se um ícone de bons exemplos, levando-se ainda em consideração o detalhe de importância bastante significativa, com relação a ser filho único de uma aventura dos arrebatamentos da juventude de sua querida mãe, que, com trabalho e sacrifício, sozinha, orgulhosamente, fez dele o homem que era. Isso tudo, seguramente, valorizava mais ainda o rosário de virtudes do jovem Ferdinando. Esse é o nome desse personagem, que os mais céticos achavam que era uma utopia minha ou benevolência em adjetivar bondosamente os meus amigos. Mas, eu não era o único que assinava embaixo e reconhecia tais virtudes. A maioria da cidade também estava ao meu lado!
-Como pode se esperar que uma pessoa tão qualificada caísse nas redes de um sentimento abstrato e simplório, denominado de amor pelos incautos e poetas sonhadores dos séculos passados?
-Mas, infelizmente aconteceu!
Casado com sua primeira e única namorada, pai de dois lindos e educados filhos, exercia suas diversas profissões e ofícios com desenvoltura invejável, até que, por ironia do destino, deixou-se envolver com uma mulher experiente, inteligente e sagaz, comprometida, maritalmente, com um dos seus melhores amigos. Fato que sempre ocorre dentro da nossa sociedade, mas, os mais espertos, geralmente, aproveitam as oportunidades, vivem e desfrutam momentos agradáveis de prazeres, porém, não se deixam, bobamente, se envolver completamente, esquecendo seus compromissos, a insegurança e perigos que essa circunstância sempre provoca. Nosso personagem caiu feito um patinho sonhador, imaginando que estava vivendo um mar de rosas e que, sua vida dúbia era o presente dos Deuses!
Aí, como nada pode passar como segredo inviolável, já que os encontros, olhares e os comportamentos sempre demonstram estranheza para as companhias do cotidiano, os comentários foram minando, minando, minando, até que a bomba estourou causando escândalo e um vexame complicadíssimo, entre as duas famílias envolvidas, sendo que, a mulher que foi o pivô da aventura sensual e sexual extra, pulou fora negando, veementemente, tudo que era cogitado, convencendo até ao seu enganado marido, colocando seu amante como um louco inventor de fatos que jamais aconteceram. E, entre lágrimas e juramentos, tirou o dela da seringa e deixou nosso herói na rua da amargura e, ainda em surdina, fazendo ligações telefônicas com juras de amor, exatamente para apascentar o tolo e perdido que se denominava um apaixonado que estava contaminado com a virose do amor que mata! Não sabendo ele que essa virose não existe e o que mata é a falta de amor próprio e bom senso.              
O resultado final dessa estória, infelizmente, foi que o casal continuou vivendo, mesmo com algumas desconfianças pelas grandes evidências que transpareceram. E, quanto ao nosso querido e certinho amigo, a coisa desandou de tal forma, com cacos de família para todos os lados, separação, desajuste total na vida profissional, apertos econômicos e financeiros, afastamento de grandes amigos do passado, culminando com dificuldades de sobrevivência, graças a uma mulher que foi participação ativa e, na hora de um posicionamento (se é que existia o tal amor) pulou fora da barca furada e deixou nosso amigo sem remo e sem saber nadar. E, enquanto a água subia, ele ainda cheio de esperanças gritava para todos: “Esse é o amor que mata”!
Espero que passados alguns anos desse fato, meu amigo esteja se recuperando ou recuperado, e aprendido a lição que esses amores são sensações efêmeras, que devemos aproveitar os bons momentos que surgem, agradecendo a Deus essas dadivosas oportunidades de fazer sexo prazeroso, sem ter que rotular de “amor”!
*Escritor (Blog Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)