Antonio Nunes de Souza*
-Maria
Luiza minha filha, não lhe conto a loucura que fiz!
-Meu
Deus, você é louca mesmo. Primeiro porque está me dizendo que surtou de vez, e
segundo porque aguçou minha curiosidade, e vem dizendo “não lhe conto o que
fiz”. Vá logo desembuchando essa zorra que aconteceu, antes que eu dê um troço!
-Não
sei se lhe digo, mas, tenho que confessar para alguém e sendo minha melhor
amiga, talvez seja a pessoa mais indicada!
-Então
começa logo e deixe arrodeios, pois, de você, sinceramente, eu espero qualquer
porra fora dos padrões, uma vez que sempre teve um parafuso a menos nessa
cabeça. E não sou eu sozinha que pensa assim!
-Aconteceu
o seguinte: Todos os dias quando vou e volto de casa para meu consultório
dentário, passo por aquele cruzamento da Barra Avenida com o Porto da Barra,
normalmente tem um jovem que fica fazendo malabarismos e números de equilíbrios
quando sinal fecha, no sentido de ganhar alguma grana dos inúmeros motoristas
que trafegam. Eu, na minha pressa, pois, estou sempre atrasada, nunca prestei
maiores atenções e nem tão pouco dei alguma moeda. Mas, ultimamente, passei a
olhá-lo mais diretamente, e percebi que ele se desdobrava bem mais quando
acontecia o meu carro parar em sua frente. Seus olhos azuis ficavam vidrados em
mim, fazendo que ele errasse no seu circense número, deixando cair algumas
bolinhas e malabares. Ri intimamente, porém, passei a observá-lo melhor, e vi
que se tratava de um argentino, louro, físico bem detalhado, ótima aparência e
um sorriso bastante bonito. Lógico que tudo isso, passou a mexer comigo e, sem
pestanejar, passei a dar gorjetas generosas, responder os sorrisos, e
logicamente, ir e voltar sempre no mesmo horário como se fosse um encontro
marcado, chegando eu até fazer a volta e repetir o trajeto, quando conhecidia
ele não estar lá. Aí querida, sem me conter, um dia lhe perguntei o seu nome, e
ele com seu bonito sotaque portenho me respondeu: Diego, Diego Rodriguez,
senhorita linda!
Eu,
sem perda de tempo disse: Obrigado, e o meu é Maria Helena, mas me tratam como
Leninha. Nisso o semáforo abriu, os carros afobados buzinando atrás de mim,
segui meu caminho, com o pensamento voltado para Diego, já com vontade de
voltar para o centro no sentido de vê-lo outra vez!
-Porra
bicho você é louca mesmo! Não vá dizer que aconteceu alguma coisa entre vocês!
-Pois
aí é que está à loucura ocorrida. Essa semana quando voltava no início da noite,
algo se apoderou de mim enchendo-me de desejos, então eu encostei o carro e
convidei-o para entrar. Ele nem pestanejou e foi entrando carregando seus
apetrechos embaixo dos braços, sentando-se ao meu lado. Mesmo suado e com o
aspecto de cansado, não deixou de me dar a maior tesão de agarrá-lo e beijá-lo
imediatamente.
-Chegando
em meu apartamento, sem muita conversa, peguei uma toalha limpa, e falei para
que ele tomasse um banho gostoso, que eu iria preparar algo para comermos. Ele
apenas disse: Gracias bela mujer!
-Fui
para minha suíte tomar também um banho, e preparar com carinho e perfume aquilo
que queria que ele comesse com bem gulodice e destreza!
-E
não deu outra minha filha. Quando saí do quarto com um vestido transparente e
ele, praticamente sem roupas, começamos a transar de uma maneira incrível, ele
fazendo mil malabarismos com suas duas bolas e com seu malares em riste,
provocando em mim sensações de gozos que parecia que eu estava naquele circo
francês de tantas piruetas. Eu me sentia presa no seu mastro vigoroso e cheio
de equilíbrios, quer seja por cima ou por baixo, na xota e em minha bundinha, ele
enfiava seu malabares com a cabeça rosa choque, parecendo que há muito tempo
não tinha estado com outra mulher, e isso me deixava louca de prazer. Acabamos,
saciados de vários orgasmos e poucas conversas, comemos algo que tinha na
geladeira, e ele foi embora se despedindo com um modesto beijo no rosto, mas,
um lindo sorriso de felicidade!
-Tem
uma semana que não vou trabalhar indo por esse velho caminho, evitando
encontrar-me com ele, já que meu noivo está voltando de viagem, e quero
registrar isso na mente, apenas como uma insanidade temporária, que jamais
repetirei!
-Fiquei
boquiaberta, mas, não posso jamais condená-la. Quando a tal tesão acende, não
existe quem segure. Eu mesmo já transei com um entregador de pizza, mas, como
não sou como Leninha, nunca contei nada para ninguém, e guardarei esse segredo
para meu túmulo!
-Depois
que ela acabou de falar, fiquei imaginando como fazemos coisas completamente
fora dos padrões de comportamento, levadas pelo maravilhoso e tentador sexo. Só
pude dar uma boa gargalhada e dizer: Leninha você é uma porra louca!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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