Antonio Nunes de Souza*
Fogosa como sempre desde mocinha, Jaciara
não dispensava de brincar o carnaval todos os anos, participando ativamente de
tudo que era possível, curtindo desde as barracas com sambas de roda e pagodes,
até os trios e blocos, dentro ou fora, mas, acompanhando por todas avenidas!
Casada com Nonato há cinco anos, porém,
sendo ele evangélico e não brinca carnaval, não fuma e não bebe, ela exigiu
quando na ocasião do noivado, que casaria, mas, nos carnavais, ela teria sua
liberdade para brincar todos os dias, sem que houvesse nenhuma observação ou
reclamação!
Ele apaixonado, acatou a ideia e
concordou que, nos carnavais, ele iria para um sítio retirado da cidade,
pertencente a sua mãe. E assim sempre fez, voltando sem nem querer saber como
foi o festejo carnavalesco da sua amada!
Como já estava, praticamente, nos dias
de carnaval, Jaciara já esquematizou todas suas peripécias mundanas, que sempre
fez e continuou fazendo depois de casada, preparando-se para as maiores
sacanagens, que normalmente rolam nos dias momescos em todo Brasil,
principalmente na nossa Bahia de todos os Santos, e de todos os pecados!
No ano passado ela conheceu José
Antonio, morador de Santa Catarina, passaram todos os dias num hotel da orla,
perto do farol e, alegremente, dividia a noite e o dia em horas gostosas de prazeres
libidinosos. José Antonio era um jovem advogado, surfista, forte e bonito que,
sem se esforçar, fazia Jaciara ter orgasmos múltiplos e seguidos, que chegava a
entortar os olhos, parecendo que estava morrendo. Morrendo estava sim, mas, de
prazer. O prazer que seu marido, embora adorável, não sabia lhe dar, ou tinha
virado rotina!
Ela, através do Facebook e celular, já
tinha combinado tudo com José Antonio, o mesmo hotel já reservado e a chegada
dele um dia antes. Ou seja, na quarta feira, que era exatamente, quando Nonato
iria para o sítio. Como ele era arquiteto, disse que aproveitaria para rever,
cuidadosamente, uns projetos que estavam em andamento de criação!
Como normalmente fazem as amantes, Jaciara já
marcou e agendou cabeleireira, manicure, massagista e uns banhos de mar e
piscina para pegar uma cor mais sexy (coisas que muitas esposas vacilam e não
fazem depois que fisgam os maridos), logicamente para se apresentar despertando
a mesma tesão do ano que passou. José Antonio, logicamente, deve estar fazendo
o mesmo, pois, essa vaidade atinge ambos os gêneros!
O curioso de tudo é que Nonato, na
surdina, leva todo ano uma “irmã” da igreja para o sítio, e na maior
tranquilidade e sem medo de ser feliz, transam deliciosamente “em nome de
Jesus!”
E assim, seus segredos vão passando de
ano para ano, ambos felizes, alegres, sem nem pensarem que estão se enganando!
Como são meus amigos, as vezes, isoladamente, conversam que, por remorso, estão
com vontade de contar e pedir perdão. Mas, rapidamente eu digo: “Nada disso!”
Tudo pode se complicar, então como vocês estão felizes, “deixem tudo ficar como
está, para ver como é que fica!”
O que me deixa numa grande dúvida é se
o carnaval é uma coisa divina, ou uma invenção do Satanás. Tenho a impressão
que Deus criou a procissão e o Satanás criou o trio elétrico!
*Escritor, Historiador, Cronista e um
dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário