Antonio Nunes de Souza*
Anunciada
a liquidação do Lojão do povo com até 80% de desconto, claro que eu não iria perder
a oportunidade de comprar algumas coisas que as da minha casa estavam meio
capengas, inclusive minha geladeira, que degelava dia sim dia não sem que fosse
pedido, fazendo, sacanamente, eu perder algumas das minhas alimentações!
Como
não uso cartão e nem pix, na véspera saquei o dinheiro que tinha na poupança,
peguei mais uma quantia emprestado na mão do agiota do bairro, que o explorador
cobra juros de 10% e, tranquilamente, fui dormir cedo, pois, sabia que iria ter
uma grande enchente de gente ansiosa, esperando cedinho na porta da loja com os
mesmos pensamentos meus!
E
não deu outra. Acordei às quatro da manhã, tomei um café rápido e segui para
meu destino, levando no bolso a grana contadinha pra esbanjar nas compras. Mas,
já encontrei na porta uma fila com mais de 100 pessoas, obviamente, com as
mesmas intensões que eu, aproveitar a maravilha dos preços anunciados e reduzidos!
Porém,
para nossa infelicidade, pobre sempre dá um puto azar, apareceu um bando de
adolescentes e adultos, armados de revólveres e facas, praticando um brutal arrastão,
pois, sabiam que todos deviam estar com os dinheiros das compras ma merda da
tal “Black Friday”. Os canalhas com uma sacola foram arrecadando os celulares,
dinheiro, relógio, anéis e brincos, dando uma raspa total. Muitas que estavam
chegando, viram de longe a confusão, e correram escapando dos bandidos!
Não
precisa dizer que fomos saindo putos da vida, com lamentaçõese choros das
mulheres, ninguém com disposição ou coragem de ir a polícia, já que
dificilmente são apanhados esses canalhas, e quando acontece, nosso dinheiro já
desapareceu das suas mãos, gastos com mulheres, bebidas e drogas!
Voltei
para casa puto da vida, entrei na cozinha e olhei para a vagabunda geladeira, e
com raiva gritei: Sua desgraçada se você degelar hoje eu lhe jogo no lixo. Mas,
para minha raiva, quando eu a abri para pegar o leite, ela tinha degelado
durante a noite e a merda do leite estava azedo!
Mais
uma vez eu vi e senti, como pobre sofre nesse país. Perdi minha merreca da
poupança, fiquei endividado com o agiota, e com uma geladeira cheia de vontade,
que sem outra alternativa, vou ter que conserta-la e ainda me dar como feliz!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros Fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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