sábado, 16 de novembro de 2019

O COMEDOR INVETERADO!

Antonio Nunes de Souza*

Pode parecer um exagero da minha parte quando vocês lerem a história de uma rapaz que conheci no passado, com características incríveis e fora dos padrões da época, pois, não é sobre alimentação que vou falar, e sim de sexo que, era algo sigiloso e pecaminoso ao mesmo tempo!
Pois é meus amigos, Milton era um voraz praticante de sexo, não olhando ou dando valores diferenciados aos gêneros. Tanto podia ser homem como mulher ele não se inibia e, transava tranquilamente, saciando seus ímpetos e desejos, pois, no passado havia um certo diferencial e, somente era “viado” o passivo. O ativo era até elogiado e gratificado pelo seu desempenho. Não sei como ele conseguia tantas conquistas, mas, sem querer elogiá-lo, diziam que tinha um pênis enorme e ele sabia usar com destreza e capricho, deixando as “vítimas” cheias de alegrias!
Com o passar do tempo, não sei se por pressão dos gays (não existia essa denominação e o usual era “viado” mesmo), passou-se a considerar todos como homossexuais, sem que houvesse menor ou maior pecado entre quem dava ou quem comia. Ambos eram denominados, como hoje, como gays, ou uma série de titularidades ridículas e desagradáveis. Mas, para alegria de todos dessa vertente (masculinos e femininos), já existe leis, direitos, maiores respeitos e uma discriminação menos acentuada que no passado. Porém com essa conjunção de titularidade sexual, Milton ficou meio cabreiro, com um pouco de vergonha e, sem pestanejar, mudou de cidade, foi para bem longe no sentido de preservar sua fama de comedor, também masculino, e não ser taxado como gay. Se fosse hoje, com certeza seria apelidado de “virose”, pois, quem ele desejava, levava logo para cama!
Mas, na outra cidade que foi, não deixou de lado seu furor atirando em todas as direções, não desprezando a parte masculina que, na verdade, era uma grande maioria e rendia-lhe bons presentes.
Passados alguns anos, estando num shopping de Salvador, vi uma figura um tanto chamativa e, olhando com atenção vi que tratava-se de Milton, já envelhecido. Aproximei-me me identifiquei, ele lembrou-se logo de mim e disse: Querido, que alegria ver alguém do meu tempo de juventude! Estou super feliz aqui, morando com um rapaz maravilhoso, pela minha idade já não sou aquele comedor de outrora e dedico-me a, simplesmente, dar. Sigo a oração de são Francisco: “É dando que se recebe”. E recebo meu homem com amor e afeto! Falou isso sorrindo e naturalmente.
Conversamos um pouco, pois nada tínhamos de mais profundo para dizer, apenas que, de grande comedor no passado, passou a ser um recebedor convicto e feliz! Nos despedimos e na saída ele me disse com segurança e alegria: Era impossível para mim sair da putaria!
*Antonio Nunes de Souza – Membro da Academia Grapiúna de Letras – Itabuna-Ba. Antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

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